MIGALHAS DE PESO

Caos

O caos está a se instalar na cidade aos olhos de quem deveria zelar por ela.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Atualizado às 08:46

 (Imagem: Arte Migalhas)

(Imagem: Arte Migalhas)

Nós advogados, como cidadãos, temos obrigação de zelar por nossas cidades ou exigir que zelem por elas. Devem zelar os que tem obrigação de fazê-lo e não fazem.  Quero falar sobre São Paulo, quero falar do bairro onde moro e onde tenho escritório, Itaim-Bibi.  É um lugar, supostamente, privilegiado. Supostamente.

Mas é quase o caos. O trânsito carregado, obviamente porque onde tinha uma casa de uma família, surge todo dia um condomínio de 20/30 andares. Simples assim, porque representa uma concentração multiplicada por mil, sem qualquer cuidado ou ordem com a circulação. As ruas, estreitas, como estreita é a mentalidade de quem aprova indiscriminadamente os condomínios  residenciais ou comerciais, pois não atentam as consequências. Sequer exige a autoridade municipal que os empreendedores apresentem compensações pelo mal que causam a circulação.

Nas ruas é permitido o estacionamento dos carros de ambos os lados, tirante as inúmeras caçambas e os restaurantes que com seus "valets" recebem os clientes que fazem fila tripla ou quadrupla.

Há os novos "lixeiros" de papelão, em carros sem luz, breque, chapa, ou documentos, que trafegam livremente.

Há os entregadores de bicicleta ou moto que no afã de entregar andam na contra-mão e nas calçadas. 

Estes estão trabalhando nesta fase de covid 19, isto é bom,  mas o fazem sem qualquer ordem ou disciplina.

Tudo isto em razão da passividade e da inoperância monumental de nossas autoridades. O que relatei acima que ocorre no meu bairro, multiplique, porque ocorre em todos os bairros na mesma medida e intensidade. O caos está a se instalar na cidade aos olhos de quem deveria zelar por ela.

Todos nós, por óbvio, sofremos com esta baderna e a permissividade. A qualidade de nossas vidas decai a cada dia e supostamente somos privilegiados. Supostamente, porque não desfrutamos. Nós moramos na nossa rua, no nosso bairro, na nossa cidade e não no país. Pergunto: Quem vai dar o grito de  socorro, antes que tudo se torne insuportável. A imprensa não trata destes assuntos locais, cuida primordialmente de Brasília, dos políticos, temas econômicos e internacionais. Da nossa rua, de nosso bairro, da nossa cidade, ninguém cuida.

Pergunte a si mesmo, quem está, neste exato momento, tratando ou se interessando pelos temas a que me referi acima, dos problemas de trânsito, de polícia, de planejamento urbano, de limpeza pública. Você ouve falar ou vê alguma providência corretora por parte de autoridades responsáveis?  Provavelmente dirão que há assuntos mais importantes e relevantes (?) Cuidado antes que o caos se instale. Aí vai sobrar para todos nós.

Me lembro do que li em um livro de Swan Archor, professor da universidade de Havard, onde ele diz que uma onda gigante começa pequena. Uma borboleta ao bater asas pode criar um furacão de outro lado do mundo. É uma teoria científica.  Cada um de nós é como essa borboleta, podemos fazer fazer um movimento e propagar ondas de positividade e atitude a favor de toda nossa comunidade. Cada um faça isto em sua Rua, seu bairro ou sua cidade. É necessário, premente e inadiável.

Ricardo Portugal Gouvêa

Ricardo Portugal Gouvêa

Sócio da Advocacia Portugal Gouvêa.

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