Um olhar sobre o estudo da criticidade
A crítica pode ser usada para raciocinar, manipular, julgar e inclusive pode também ser usada como arma de libertação.
sexta-feira, 18 de março de 2022
Atualizado às 08:38
A criticidade é identificada pela derivação do grego cujo significado é interpretar, julgar, discernir e distinguir entre a verdade e o erro. A crítica é classificada em óptica, hermenêutica, kairológica e praxiológica.
Percebe-se que a crítica também é uma habilidade de raciocinar, podendo ser uma crítica positiva quando busca elencar melhorias para um comportamento, trabalho científico ou produção artística e também pode ser negativa quando busca depreciar estes elementos com intenções negativas.
A crítica óptica, o olhar crítico registra o que vê e interpreta comportamentos não verbais assim como aspectos de apresentação, por exemplo uma pessoa que se apresenta para uma entrevista de emprego vestindo bermuda e chinelo vai receber um olhar crítico dos participantes e entrevistadores, mesmo que ele seja um ótimo profissional o olhar crítico irá ser exercido como a primeira impressão.
Já a criticidade hermenêutica busca avaliar o que está para além do olhar, ela busca interpretar o significado real das coisas, descobrindo o que está por trás dos acontecimentos. Quanto ao sentido da decisão destaca-se a criticidade kairológica que fundamenta a decisão humana em sua criticidade. No quesito de autonomia do ser humano há a criticidade praxiológica.
A criticidade também é usada para determinar a verdade que pode por vezes ser até manipulada, porém ela deve ser reconhecida lealmente. Em períodos de disputa política a verdade é manipulada de forma etnocêntrica para favorece grupos políticos, o instrumento que antes era o mais utilizado era a televisão, rádio e jornais, hoje a internet e as redes sociais ocupam este protagonismo em que muitas vezes a verdade é moldada a interesse de poucos.
A verdade é questionável, e questionar é colocar dúvidas na certeza, é refletir, raciocinar e desconfiar. O questionar não é apenas o duvidar, mas um exercício para compreender, visto que durante o processo de aprendizado do ser humano o questionar está mais presente do que o responder.
Uma frase interessante no livro é a de que, "Os subordinados respondem aos senhores, mas não o questionam", logo o questionar torna-se arma de libertação, para defender direitos inalienáveis. No livro como nascem os monstros de Nogueira Batista o autor tece uma crítica: "O militarismo só serve para privilegiar os comandantes a medida que negligencia os comandados" evidenciando que em organizações totalitárias o poder é arma de submissão.
Observando-se que quando não questionado ou discordado, o poder é exercido por vezes sem razão, visto que o poder obriga e a razão convence. O equilíbrio entre a razão e o poder é o caminho a ser seguido afim de evitar inequidades sociais, visto que o excesso de poder acaba em autoritarismo.
O poder e a verdade por vezes entram em confronto, visto que quem detém o poder busca moldar a verdade, como por exemplo nesse período de pandemia do vírus da covid, prefeituras e estados buscam manipular os dados dos números de caso de infectados, seja subnotificando os casos ou deixando de divulgar em momentos estratégicos. O poder deve estar a serviço da verdade e não ao contrário como visto no caso acima.
A crítica busca identificar os enganos da sociedade que podem se libertar ao descobrir os enganos forjados por armadilhas, que em 2022 são vistas por meio de notícias falsas, as fake news que podem inclusive decidir as eleições de um país. Logo desenganar-se é liberta-se é encontrar a verdade novamente, é visualizar a realidade que estava maquiada.
Verdade esta que deve ser coerente, pois ela confere sentido lógico, livre e consciente as ações humanas, conferindo confiança as decisões. A coerência é o fator que deve ser verificado na ascensão e na decadência do ser humano, seja ela no campo político, econômico ou social. Essa análise foi realizada com referência do livro Antropologia: ousar para reinventar a sociedade de Juvenal Arduini, São Paulo, editora Paulus, 2002.
Joaquim Feitosa Pereira
Estudante do segundo período de Direito pela Universidade Regional do Cariri-URCA. Formado em Enfermagem pela URCA e em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Cariri-UFCA.

