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Entendendo a lei do superendividamento: Uma visão aprofundada

Lei, sancionada em 2021, foi projetada para proteger o consumidor que está superendividado - pessoas com dívidas que excedem a sua renda mensal a ponto de comprometer seu mínimo existencial.

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Atualizado às 08:18

Introdução

A Lei do Superendividamento (Lei 14.181/21) foi introduzida para proteger brasileiros sobrecarregados com dívidas, numa economia abalada por crises financeiras. Esta lei visa alterar o Código de Defesa do Consumidor, restringindo instituições financeiras de práticas abusivas, incentivando uma oferta de crédito mais consciente e fornecendo mecanismos de tratamento para superendividados.

Lei do Superendividamento: Uma Visão Geral

Esta lei, sancionada em 2021, foi projetada para proteger o consumidor que está superendividado - pessoas com dívidas que excedem a sua renda mensal a ponto de comprometer seu mínimo existencial.

Contexto Histórico e Econômico

No pós-pandemia, o Brasil sofreu com o desemprego, redução de renda e aumento do endividamento das famílias. A Lei do Superendividamento surge como uma maneira de fornecer uma segunda oportunidade a esses indivíduos, assim como a Lei de Recuperação Judicial de Falências faz com as empresas. A lei também incorpora o princípio do Crédito Responsável, garantindo uma concessão de crédito mais consciente, especialmente para idosos, que muitas vezes não têm acesso a informações adequadas.

Lei de Recuperação Judicial de Falências

Esta lei permite que empresas com dificuldades financeiras reestruturem suas dívidas e continuem operando, por meio de um processo judicial supervisionado. O processo oferece às empresas uma chance de recuperação e evita a falência. No entanto, a lei se aplica somente a empresas, considerando a relevância delas na economia por fornecerem empregos e contribuírem para a atividade econômica.

Lei do Superendividamento

Por outro lado, a Lei do Superendividamento foi criada para ajudar pessoas com dívidas insustentáveis. Ela permite que indivíduos renegociem suas dívidas de maneira mais eficiente, fornecendo um processo estruturado de negociação com os credores. A lei também define limites para as instituições de crédito emprestarem dinheiro, evitando um endividamento excessivo dos consumidores.

Comparação entre as Duas Leis

A principal diferença entre as leis é que a Lei de Recuperação Judicial se aplica a empresas, enquanto a Lei do Superendividamento se aplica a pessoas. A primeira envolve um processo formal e complexo que requer a intervenção de um juiz e a apresentação de um plano de recuperação à corte e aos credores. Em contrapartida, a Lei do Superendividamento oferece um processo mais acessível que, embora envolva a renegociação de dívidas, não exige a apresentação de um plano formal à corte. Além disso, a Lei do Superendividamento exclui certos tipos de dívidas, como impostos, pensão alimentícia, crédito rural e habitacional, e dívidas relacionadas a produtos e serviços de luxo.

Quem é Afetado pela Lei do Superendividamento?

A Lei do Superendividamento, que beneficia pessoas físicas em situação de dívida substancial, aplica-se a indivíduos que não conseguem cobrir as despesas mensais e quitar suas dívidas, que contrataram dívidas de boa-fé, ou seja, com a intenção de pagá-las, e que contraíram dívidas de consumo, não relacionadas a luxo ou ostentação.

Grupos Demográficos Mais Afetados

Alguns grupos demográficos são mais afetados pelo superendividamento. Os idosos, por exemplo, são vulneráveis ??devido a uma renda fixa e possíveis despesas médicas altas. As famílias de baixa renda, especialmente aquelas com dependentes, podem se encontrar em um ciclo de dívida devido a despesas contínuas com saúde, educação e outros custos básicos. Os desempregados, que podem enfrentar a instabilidade do emprego durante crises econômicas, também são afetados.

Lei do Superendividamento como Ferramenta de Proteção

A Lei do Superendividamento é uma importante ferramenta de proteção ao consumidor. Para os idosos, destaca o princípio do Crédito Responsável, promovendo a concessão de crédito consciente. Para famílias de baixa renda e desempregados, a lei permite a renegociação de dívidas, propondo um plano de pagamento baseado na renda familiar, reduzindo o valor das parcelas.

Princípios da Lei do Superendividamento

A Lei do Superendividamento é orientada por princípios como transparência, responsabilidade e equidade, buscando proteger o consumidor e garantir uma relação justa e transparente entre devedor e credor. O princípio do Crédito Responsável destaca-se, advogando por uma concessão de crédito responsável ao endividado, especialmente aos mais vulneráveis, como os idosos.

A Importância dos Princípios

Os princípios são essenciais para a aplicação da lei, delineando os direitos e deveres das partes envolvidas na concessão de crédito. São particularmente importantes na Lei do Superendividamento.

Crédito Responsável e Seu Impacto

O princípio do Crédito Responsável é fundamental e afeta tanto credores quanto devedores. Ele visa proteger o devedor contra a concessão irresponsável de crédito, além de oferecer a chance de reestruturação financeira através de mecanismos legais. Para os credores, implica a obrigação de avaliar adequadamente a capacidade de pagamento do potencial devedor, realizando uma análise de crédito rigorosa e oferecendo aconselhamento ao consumidor sobre as implicações de assumir um empréstimo.

Direitos e Proteções do Consumidor Superendividado

Segundo a Lei do Superendividamento, os consumidores possuem uma série de direitos que visam ajudá-los a lidar com a situação de endividamento excessivo. Dentre esses direitos, destacam-se:

1. Direito à Repactuação de Dívidas

O superendividado tem o direito de renegociar suas dívidas, através de um plano de pagamento que leva em consideração sua renda mensal e a possibilidade real de pagamento.

2. Direito à Informação e Esclarecimento:

De acordo com o princípio do Crédito Responsável, as instituições financeiras devem fornecer informações claras e completas ao consumidor sobre as condições do crédito, incluindo juros, taxas e encargos.

3. Direito à Proteção Contra Práticas Abusivas:

A Lei protege o consumidor contra práticas comerciais desonestas, como a concessão irresponsável de crédito e a cobrança abusiva de dívidas.

4. Direito à Assistência Jurídica:

O consumidor superendividado tem direito à assistência jurídica para a elaboração e negociação do plano de pagamento.

Descrição do processo de repactuação de dívidas

Uma vez que o consumidor se enquadra na definição de superendividado, um plano de pagamento será elaborado para ajudar a reestruturar suas dívidas. Este plano leva em consideração a renda do consumidor e assegura que o pagamento das dívidas não comprometa seu mínimo existencial.

O plano é apresentado aos credores em uma audiência conciliatória, onde o devedor e os credores tentam chegar a um acordo sobre como as dívidas serão pagas. A Lei prevê um prazo máximo de 5 anos para o pagamento das dívidas, com um comprometimento de até 35% da renda do devedor.

No entanto, vale ressaltar que nem todas as dívidas podem ser incluídas neste plano. A Lei do Superendividamento se aplica principalmente a dívidas de consumo e débitos com instituições financeiras. Dívidas relacionadas a impostos, pensão alimentícia, crédito rural e habitacional, e luxos estão excluídas.

O papel das instituições financeiras e dos tribunais no processo

As instituições financeiras têm um papel crucial na Lei do Superendividamento. Elas são incentivadas a adotar práticas de concessão de crédito responsável, evitando a oferta de crédito a consumidores que possam estar em risco de superendividamento. Além disso, essas instituições são obrigadas a participar do processo de repactuação de dívidas, apresentando-se nas audiências e colaborando na elaboração do plano de pagamento.

Os tribunais, por outro lado, supervisionam todo o processo. O juiz é responsável por mediar a audiência de conciliação, revisar os contratos e garantir que o plano de pagamento seja justo e viável. Se um acordo não for alcançado durante a audiência, o juiz poderá determinar um plano de pagamento compulsório.

Resumo dos Principais Pontos Abordados

A Lei do Superendividamento oferece proteção à pessoa física que está excessivamente endividada, proporcionando a oportunidade de repactuação das dívidas. Os critérios para ser considerado superendividado incluem ter uma renda insuficiente, acumular dívidas decorrentes de necessidades básicas e agir de boa-fé. A lei também fomenta a educação financeira, incentivando a responsabilidade no uso do crédito.

Reflexão sobre o Impacto da Lei do Superendividamento na Sociedade Brasileira

A Lei do Superendividamento tem um impacto significativo na sociedade brasileira. Ela contribui para o amadurecimento do mercado de crédito, incentivando as instituições financeiras a agirem com maior responsabilidade. Também promove uma maior conscientização sobre a importância da educação financeira, ajudando a evitar situações de endividamento excessivo no futuro.

Em última análise, a Lei do Superendividamento é uma ferramenta fundamental para a proteção do consumidor e para a promoção de uma sociedade mais justa e equilibrada. Porém, sua efetividade depende de sua correta aplicação e de uma abordagem contínua para a educação financeira em todos os níveis da sociedade.

Conclusão

A Lei do Superendividamento é um marco importante na proteção dos direitos do consumidor brasileiro. Ela proporciona uma opção justa e equilibrada para os consumidores que se encontram em situação de superendividamento, permitindo-lhes um novo começo e evitando a exclusão social.

Valdecir Rabelo Filho

VIP Valdecir Rabelo Filho

Valdecir Rabelo - VR, é conhecido como o Pai da Negociação de dívidas bancárias com 11 anos de experiência e referência nacional no segmento! Palestrante e mentor de advogados.

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