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A conciliação e a mediação como medidas adequadas de solução de conflitos

A promoção de medidas alternativas de resolução de conflitos, como a mediação e a conciliação, representa um avanço fundamental na nossa sociedade, alinhando-se com a crescente valorização do diálogo, da empatia e da construção de soluções conjuntas.

terça-feira, 17 de outubro de 2023

Atualizado às 14:53

Conflitos interpessoais são inerentes à complexidade das relações humanas e permeiam a existência de todas as pessoas em sua jornada. Quando uma das partes envolvidas sente-se afrontada, ou percebe insubordinação por parte de outra, as bases para um conflito são lançadas. Tradicionalmente, a resolução dessas disputas é direcionada à apreciação de um magistrado, que, após um processo adversarial, profere uma sentença que encerra a controvérsia. Nessa abordagem, muitas vezes, predomina a mentalidade de "vencedor versus perdedor", onde a figura do juiz, personificando o superego social, impõe sanções à parte que não prevaleceu na disputa.

No entanto, alternativamente, emerge uma abordagem mais contemporânea, sensível e eficaz para abordar conflitos - a mediação e a conciliação. Essas práticas se diferenciam radicalmente do modelo tradicional, pois visam à convergência de ideias e interesses em detrimento da perpetuação de divergências. A mediação e a conciliação oferecem uma plataforma na qual as partes podem resolver suas diferenças por meio do diálogo e da busca por soluções construtivas.

O papel do mediador ou conciliador, nesse contexto, é de extrema relevância para a pacificação de litígios. Esses profissionais agem como facilitadores e árbitros neutros, mapeando e compreendendo a essência dos conflitos, muitas vezes além do que é evidente. Eles são hábeis ouvintes, capazes de identificar as fontes subjacentes de discórdia e de oferecer uma visão imparcial e orientada para a resolução. Mantendo uma postura imparcial e uma atmosfera de confiança, sem emitir julgamentos preconcebidos, os mediadores e conciliadores capacitam as partes envolvidas a buscar acordos mutuamente benéficos.

O diferencial dessas abordagens reside na sua capacidade de transformar um confronto em uma oportunidade construtiva, incentivando as partes a colaborar e a buscar uma solução que atenda às suas necessidades e interesses. Ao invés de se concentrar na polarização, a mediação e a conciliação promovem o consenso e a restauração das relações. Isso não apenas acelera o processo de resolução de conflitos, mas também minimiza o desgaste emocional e a hostilidade que muitas vezes acompanham os litígios prolongados.

Ademais, as práticas de mediação e conciliação são altamente adaptáveis e aplicáveis a uma ampla gama de contextos, desde disputas familiares até disputas comerciais complexas. Além disso, elas são particularmente valiosas quando a privacidade e a confidencialidade são fundamentais, uma vez que os processos judiciais tradicionais muitas vezes envolvem a exposição pública de informações.

Essas abordagens não apenas representam um avanço no campo da resolução de conflitos, mas também têm o potencial de transformar a cultura social. Ao abraçar e promover a mediação e a conciliação, nossa sociedade está se movendo em direção a uma cultura mais colaborativa, onde a paz, a compreensão mútua e a restauração de relacionamentos são valores centrais. Isso não apenas melhora a qualidade de nossas interações interpessoais, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais justa, harmoniosa e resiliente.

Promover essas alternativas à abordagem adversarial não beneficia apenas as partes diretamente envolvidas em conflitos. Advogados e profissionais jurídicos também encontram vantagens nesse novo paradigma, à medida que podem se envolver em processos mais eficazes, menos onerosos e, em muitos casos, mais satisfatórios para seus clientes. Além disso, a redução da carga nos tribunais permite que o sistema judicial se concentre em casos que verdadeiramente requerem intervenção litigiosa.

Em suma, a promoção de medidas alternativas de resolução de conflitos, como a mediação e a conciliação, representa um avanço fundamental na nossa sociedade, alinhando-se com a crescente valorização do diálogo, da empatia e da construção de soluções conjuntas. Ao abraçar essas práticas, estamos contribuindo para um mundo onde a justiça, a paz e a compreensão se tornam pilares centrais da nossa convivência social.

Rosangela Mafort Vieira

Rosangela Mafort Vieira

Advogada especialista em Direito de Família. Psicóloga Clínica e Jurídica. Mediadora de Conflitos. Palestrante sobre Comunicação Não Violenta. Fundadora da 1a. Comissão de Mediação de SJC/SP.

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