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Impacto da IA na governança das empresas

Empresa de Hong Kong nomeou IA para seu conselho de diretores. IA expande fronteiras em diversos setores, incluindo governança corporativa.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Atualizado em 29 de abril de 2024 12:20

Já imaginou ter um robô ou uma inteligência artificial substituindo um Conselheiro no conselho de administração de uma grande empresa?

Foi oque a empresa de Hong Kong Deep Knowledge Ventures (DKV) fez há alguns anos. 

A DKV é um fundo de capital de risco que investe em ciências da vida, pesquisa do câncer, doenças relacionadas à idade e medicina regenerativa. Em 2014, a empresa nomeou o Vital para seu conselho de diretores, concedendo-lhe o mesmo poder de voto e tomada de decisão que os membros humanos do conselho.

De lá para cá, o desenvolvimento da IA está cada vez mais expandindo os limites em diversos setores, incluindo a governança corporativa. As organizações estão investigando como a IA pode ajudar a melhorar e agilizar os processos de tomada de decisão, buscando não substituir os conselhos de administração, mas sim complementar suas atividades para incrementar a eficiência e a eficácia das operações corporativas.

A adoção da IA na governança pode ser categorizada em três abordagens principais:

  1. Aplicação fragmentada: As empresas estão integrando ferramentas de IA adaptadas para atender às necessidades específicas de diferentes departamentos. Essas ferramentas incluem sistemas de aprendizado de máquina modulares e a aplicação de tecnologia Blockchain para gerir contratos inteligentes de forma mais segura e transparente.
  2. Aplicação concentrada: Em alguns casos, a IA é usada para desempenhar funções centrais, como realizar análises complexas de riscos e retornos para investimentos, como demonstrado pelo uso do "Vital - Validating Investment Tool for Advancing Life Sciences". Adicionalmente, organizações autônomas descentralizadas (DAOs) empregam IA para administrar contratos e operações sem necessidade de intervenção humana constante.
  3. Aplicação autônoma: No nível mais sofisticado, estão surgindo sistemas baseados em modelos profundos de aprendizado de máquina e computação quântica, oferecendo novas capacidades para automação e tomada de decisão autônoma, sempre sob supervisão e controle humano para assegurar conformidade com os objetivos empresariais e éticos.

No entanto, a incorporação da IA traz diversos desafios significativos, como nos exemplos abaixo:

  • Assimetrias cognitivas: Transformar grandes volumes de dados brutos em informações claras e úteis é um desafio substancial. A separação entre propriedade e controle e a necessidade de uma ética corporativa sólida são preocupações em crescimento.
  • Discriminação algorítmica: Existe o risco de os algoritmos replicarem ou amplificarem preconceitos existentes, exigindo revisões e ajustes contínuos.
  • Vieses dos programadores: Os sistemas de IA são criados por pessoas e podem incluir seus preconceitos, afetando a imparcialidade das decisões tomadas pelos sistemas.

Para abordar esses desafios, é fundamental uma regulamentação eficaz. Normas claras e restrições sobre o uso da IA podem assegurar que as tecnologias sejam utilizadas de forma ética e responsável. 

Contudo, há desafios consideráveis devido às diferenças de interesses geopolíticos e ao nível de adoção tecnológica entre países, o que pode complicar a criação de um framework regulatório uniforme.

Em conclusão, a IA está se tornando uma ferramenta imprescindível na governança corporativa, proporcionando formas inovadoras de aprimorar a tomada de decisão e a eficiência operacional. Embora seu objetivo não seja substituir os conselhos de administração, ela atua como um complemento eficaz, capaz de analisar complexidades fora do alcance do processamento humano. 

Conforme exploramos essas novas tecnologias, manter uma governança ética e eficiente será crucial, garantindo que inovação e responsabilidade corporativa avancem juntas.

Rafael Gonçalves de Albuquerque

Rafael Gonçalves de Albuquerque

Conselheiro de administração e advogado de family offices no Brasil e EUA.

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