O impacto da IA na tomada de decisões empresariais
A Inteligência Artificial avança além da automação, transformando decisões estratégicas, operações empresariais e funções humanas com precisão e inovação.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Atualizado às 10:27
A IA - inteligência artificial tem avançado rapidamente, mas, apesar de seu conceito vasto e em constante evolução, ainda não há uma definição única e consensual. Contudo, uma definição amplamente reconhecida por especialistas como Russell e Norvig descreve a IA como um agente - seja um software ou robô - que recebe percepções do ambiente por meio de sensores e faz escolhas sobre como agir a partir dessas informações.
Enquanto a automação convencional se limita a executar tarefas repetitivas e predeterminadas, a computação cognitiva vai além ao avaliar dados complexos e identificar padrões ou correlações. Com isso, ela constrói alternativas e faz escolhas fundamentadas em um método que simula a análise humana. Esses processos decisórios variam de aspectos estratégicos, como determinar investimentos em novas unidades produtivas, até decisões mais executivas e específicas, como diagnósticos médicos.
Dessa forma, a tecnologia tem o potencial de transformar diversos aspectos, indo além das operações empresariais, mas também afetando a maneira como as indústrias e setores inteiros se organizam e evoluem, oferecendo soluções mais rápidas, eficientes e otimizadas.
Impactos sociais e profissionais da inteligência artificial
De fato, a interação entre Inteligência Artificial e seres humanos nas decisões organizacionais está transformando aceleradamente alguns aspectos do mercado laboral. Embora ainda existam muitas incertezas sobre como isso afetará a sociedade, uma coisa é clara: A atribuição de funções e o papel humano em variadas atividades serão, sem dúvida, alterados nas próximas décadas.
Dentro desse cenário, espera-se que a transição seja realizada de forma gradual, por meio de etapas de integração em que a tecnologia complementa o trabalho humano. Esse modelo híbrido oferece uma adaptação mais suave, permitindo que as pessoas aprendam a atuar ao lado da IA, utilizando sua capacidade para aprimorar os resultados.
No entanto, essa transformação não será rápida nem simples. A introdução em larga escala dos sistemas inteligentes nas instituições e na sociedade terá efeitos sociais significativos e variados. Esses impactos não serão homogêneos; em diferentes regiões geográficas, setores econômicos e profissões, os efeitos serão sentidos de maneiras distintas.
Por exemplo, enquanto algumas indústrias podem adotar rapidamente a IA para automatizar processos, outras, como as áreas de saúde ou educação, enfrentarão desafios maiores de adaptação, exigindo novos tipos de treinamento e reconfiguração de práticas estabelecidas.
De acordo com um estudo da IBM com a Morning Consult (2021), três fatores principais impulsionam a sua adoção pelas organizações: O maior acesso à tecnologia, as necessidades de negócios em constante evolução e a implicação da pandemia de Covid-19. Esses elementos têm pressionado os decisores a integrar a computação cognitiva nas operações empresariais, buscando otimizar procedimentos e também se posicionar à frente em uma era digital crescente.
No entanto, à medida que mais corporações abraçam essas ferramentas, a transformação social e as repercussões no mercado de trabalho serão questões centrais a serem gerenciadas ao longo dessa transição, que pode se estender por várias décadas.
Como funciona a aplicação da IA na tomada de decisões
Implementar a Inteligência Artificial nas empresas tem se mostrado um desafio, já que exige investimentos tanto em recursos tecnológicos e infraestrutura, quanto em capital humano. Isso porque não basta apenas integrar as ferramentas, mas também é sobre garantir que os executivos compreendam as implicações competitivas dessa transição para o ambiente digital.
A pesquisa "Tomada de decisão nas organizações: o que muda com a Inteligência Artificial?", de Abraham Sin Oih Yu e colaboradores, oferece uma análise de como essa inovação está sendo integrada aos processos resolutivos nas corporações.
O estudo explora como esse recurso inovador pode influenciar as escolhas comerciais, transformando a maneira como os gestores fazem suas escolhas estratégicas e técnicas. A integração de uma tecnologia tão avançada requer uma mudança cultural e organizacional, com a capacitação dos líderes empresariais para entender o seu potencial nas operações do negócio.
Além disso, a metodologia adotada no estudo proporciona uma percepção clara de como a computação cognitiva está sendo empregada em variadas áreas funcionais. Alguns pontos importantes abordados na pesquisa incluem:
Mapeamento detalhado das aplicações de IA
Uma das principais descobertas do estudo é o mapeamento detalhado das diversas aplicações de IA em diferentes departamentos das empresas. O marketing, as operações e as finanças se destacam como os setores mais receptivos ao uso da ferramenta, com diferentes recursos sendo implementados para otimizar procedimentos, prever tendências e fazer suas considerações.
No marketing, sistemas inteligentes estão sendo cada vez mais utilizados para personalizar a experiência do cliente, ajustando as ofertas de produtos e serviços com base em seus comportamentos, preferências e interações anteriores. Essas tecnologias permitem que as empresas criem campanhas publicitárias mais direcionadas e eficazes, aprimorando os canais de comunicação e aumentando o engajamento.
Nas operações, tem sido empregada para automatizar etapas logísticas, aprimorar a cadeia de suprimentos e o fluxo de trabalho interno. A tecnologia permite interpretar dados em tempo real, identificar ineficiências e sugerir melhorias, impactando diretamente a produtividade e a redução de custos.
Já nas finanças, a ferramenta sé utilizada para realizar análises preditivas, prever tendências econômicas e identificar riscos econômicos. Além disso, a sistematização funciona para a revisão de transações, a detecção de fraudes e o gerenciamento de portfólios de investimento.
Classificação das aplicações
Outro ponto relevante da pesquisa é a classificação das aplicações de IA em duas categorias distintas: Tomada de decisão (DM) e sistema de suporte à decisão (DSS).
No caso da DM, a Inteligência Artificial assume a responsabilidade de determinar o final com base em um conjunto de informações e critérios predefinidos. Por exemplo, em áreas como a financeira, ela pode ser utilizada para definir algum passo sobre investimentos, determinando automaticamente onde alocar recursos com base em padrões históricos de desempenho e análises preditivas.
Da mesma forma, na indústria de seguros, é possível executar informações de clientes e determinar a aceitação ou não de uma apólice, sem intervenção pessoal direta. A principal vantagem aqui é a eliminação de erros humanos e a capacidade de processar dados em escala em um curto tempo.
Já nos DSS, a computação cognitiva não dá a resposta final, mas oferece recomendações e interpretações que ajudam indivíduos nessa função. Nesse caso, ela funciona como complemento à habilidade pessoal, fornecendo parâmetros para uma determinação mais assertiva. No setor jurídico, por exemplo, sistemas podem auxiliar os advogados a analisar a jurisprudência e identificar precedentes relevantes, mas a conclusão sobre como proceder no caso depende da experiência e interpretação do profissional.
Níveis de decisão
O estudo também destaca a aplicação da IA em diferentes níveis de decisão dentro das organizações: Estratégico, tático e operacional. No nível estratégico, ela tem sido usada para influenciar resoluções de longo prazo, como a definição de novos mercados para expansão ou a alocação de grandes investimentos. Isso porque a possibilidade de diagnosticar dados, identificar padrões e prever tendências futuras torna essa tecnologia um meio para conclusões de alto impacto e maior risco.
No nível tático, ela auxilia em escolhas de médio prazo, como a otimização de procedimentos internos e a melhoria na alocação de recursos. Nesse contexto, a ferramenta fornece percepções que ajudam a aprimorar a eficiência, como identificar gargalos nos fluxos de trabalho ou sugerir ajustes em etapas existentes.
Já no nível operacional, a computação cognitiva atua, por exemplo, na avaliação de estatísticas econômicas, o monitoramento de desempenho e a revisão de documentos. Essa automação de tarefas permite que as equipes foquem em atividades que exigem maior capacidade de análise crítica e julgamento, ao mesmo tempo que a IA cuida de processos mais rotineiros e repetitivos.
Áreas decisórias
A pesquisa também proporciona uma visão detalhada das áreas decisórias, mostrando como a Inteligência Artificial está sendo empregada em funções determinadas dentro de cada instituição.
Por exemplo, no departamento de recursos humanos, ela pode atuar desde a triagem de currículos até a avaliação de desempenho e a previsão de rotatividade de colaboradores.
Isso porque é possível filtrar candidatos com base em parâmetros específicos, ajudando os departamentos de RH a fazer escolhas mais adequadas para a contratação e o desenvolvimento de talentos. Além disso, sistemas inteligentes podem oferecer orientações sobre o engajamento dos funcionários e sugerir ações para aprimorar a cultura organizacional e a produtividade.
Dados e informações
Um dos aspectos relevantes abordados no estudo é a importância dos dados para o funcionamento da IA. Isso porque, a qualidade e a quantidade das informações disponíveis são fatores determinantes para o sucesso das aplicações da tecnologia.
Empresas que possuem acesso à grande quantidade de dados estruturados e bem organizados conseguem tirar melhor proveito dos sistemas inteligentes, implementando soluções mais precisas e eficientes. Por isso, o estudo destaca que, para que as corporações se beneficiem totalmente da inovação, é necessário que elas invistam também na coleta, ordenação e análise de registros, que são a base para a sua eficácia.
IA como ferramenta estratégica no Direito
A implementação da Inteligência Artificial no ambiente empresarial está criando novas abordagens e gerando uma série de desafios, mas também oferecendo oportunidades significativas. A adoção dessa tecnologia exige uma reconfiguração estrutural, cultural e estratégica nos negócios.
Na advocacia, o software jurídico se destaca como exemplo de como a inovação pode transformar a prática do Direito. A plataforma atua de forma eficaz na gestão de processos, revisão de documentos e controle financeiro, entre outras funções, sendo uma grande aliada no trabalho do advogado. Além disso, a assistente virtual, movida por IA, é capaz de realizar tarefas que tradicionalmente tomariam horas de serviço, como interpretar intimações, realizar cálculos de prazos e outras atividades operacionais.
O uso dessaferramenta, além de reduzir a carga de tarefas repetitivas e aumentar a produtividade, proporciona uma análise mais detalhada dos dados legais, como jurisprudência e doutrina. Isso permite que os profissionais do Direito façam escolhas mais fundamentadas e assertivas.
Nesse sentido, vemos que não apenas empresas, mas também escritórios jurídicos, podem se beneficiar notavelmente da Inteligência Artificial. Fica claro ainda que o investimento e adaptação precisa ser incorporado ao cotidiano das organizações, pois, em um futuro próximo, os sistemas inteligentes provavelmente serão uma parte indispensável do processo decisório de qualquer negócio.