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A relevância da harmonização das normas internacionais com a legislação brasileira no mercado de seguros

A implementação de normas internacionais traz vantagens significativas que transcendem fronteiras, sendo crucial para garantir a eficácia do mercado.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Atualizado em 5 de março de 2025 11:01

A globalização e a interconectividade econômica têm promovido uma maior integração dos mercados financeiros e de seguros. Nesse contexto, a harmonização das normas internacionais com a legislação local tornou-se um aspecto crucial para garantir a eficácia do mercado e proteger os interesses dos consumidores e investidores.

A implementação de normas internacionais traz vantagens significativas que transcendem fronteiras. Um dos principais benefícios é a estabilidade financeira, que resulta da exigência de que as seguradoras mantenham níveis adequados de reservas. Isso aumenta a capacidade do setor de seguros de resistir a choques econômicos inesperados. Além disso, o alinhamento normativo facilita o comércio internacional e atrai investimentos estrangeiros, uma vez que oferece mais garantias de segurança aos investidores de outros países.

A competitividade e a inovação também são impulsionadas pela adoção de normas internacionais. Isso incentiva melhorias contínuas e o uso de tecnologias inovadoras. Contudo, existem desafios inseparáveis da harmonização. A complexidade normativa é um deles, já que a mistura de normas internacionais com a legislação brasileira pode criar um cenário complexo e de difícil implementação para as seguradoras. As normas internacionais frequentemente não consideram a diversidade cultural e econômica do Brasil, possibilitando desalinhamentos em termos de adequação às necessidades locais.

No Brasil, a SUSEP - Superintendência de Seguros Privados tem sido fundamental na incorporação desses padrões, alinhando as normas nacionais com as diretrizes da IAIS - International Association of Insurance Supervisors, que se trata de uma organização que estabelece normas e padrões de supervisão para o setor de seguros em nível global, visando garantir estabilidade financeira e promover práticas eficientes de supervisão. Esse esforço é de extrema relevância para o desenvolvimento do mercado segurador brasileiro, oferecendo inúmeros benefícios, especialmente nas áreas de governança e gestão de riscos.

Isso inclui os princípios de supervisão de seguros, que a SUSEP segue conforme estabelecido pela IAIS, fornecendo um marco abrangente para a supervisão de seguros e cobrindo aspectos como governança corporativa, gestão de riscos e proteção ao consumidor.

A introdução de um regime de solvência baseado em risco na supervisão de seguros no Brasil reflete as diretrizes da IAIS sobre a adequação de capital, que visam garantir que as seguradoras possuam capital suficiente para cobrir os riscos assumidos. Além disso, a SUSEP implementa requisitos de divulgação que estão em linha com as orientações da IAIS, buscando melhorar a transparência das operações das seguradoras para o mercado e consumidores. As diretrizes para a proteção dos segurados e beneficiários também estão alinhadas com os princípios da IAIS, focando em tratar os clientes de forma justa e em práticas de venda responsáveis.

Ao adotar essas diretrizes, a SUSEP busca não apenas fortalecer a resiliência e a transparência do mercado de seguros brasileiro, mas também assegurar uma proteção melhor aos consumidores, promovendo a confiança no setor, facilitando ainda mais a integração do Brasil no mercado global de seguros.

Em termos de governança, a harmonização das normas também promove práticas superiores ao enfatizar a ética e a responsabilidade. As seguradoras são incentivadas a aprimorar suas estruturas de governança com conselhos administrativos eficazes e transparentes, aumentando assim a confiança dos stakeholders. A prestação de contas torna-se uma prática central, reforçando a cultura de responsabilidade entre as organizações.

Quando fala-se em gestão de riscos, os esforços para alinhar-se aos padrões da IAIS colocam o Brasil no centro das melhores práticas globais. Isso permite uma abordagem proativa à mitigação de riscos, onde as seguradoras são mais bem preparadas para identificar e reagir a ameaças antes de serem severamente impactantes. Com planos robustos de continuidade de negócios, as empresas estarão melhor posicionadas para operar eficientemente, mesmo em situações adversas. Essa segurança operacional é fortalecida por promoções contínuas de programas de capacitação, garantindo profissionais aptos a enfrentarem cenários desafiadores.

Em conclusão, a harmonização entre normas internacionais e a legislação brasileira no setor de seguros representa uma relevância significativa, trazendo potencial para facilitar o comércio, atrair investimentos e promover melhores práticas. No entanto, é vital considerar os desafios para garantir que esse processo beneficie as especificidades locais. O equilíbrio entre normas internacionais e necessidades locais é crucial para um mercado de seguros forte e competitivo no Brasil.

Lama Ibrahim

Lama Ibrahim

Advogada do escritório Rücker Curi Advocacia e Consultoria Jurídica. Especialista em Direito de Seguros - Previdência Complementar e Processo Civil.

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