MIGALHAS DE PESO

  1. Home >
  2. De Peso >
  3. Caso Ingrid Guimarães: Leis brasileiras se aplicam contra a American?

Caso Ingrid Guimarães: Leis brasileiras se aplicam contra a American?

Ingrid Guimarães foi rebaixada de classe em um voo sem consentimento e sofreu constrangimento. As leis brasileiras se aplicam nesse caso?

quarta-feira, 12 de março de 2025

Atualizado às 11:18

Nos últimos dias, a atriz Ingrid Guimarães usou suas redes sociais para expor uma situação humilhante que viveu durante um voo internacional da American Airlines.

Segundo o relato da atriz, ela havia comprado uma passagem na premium economy, mas, já sentada no seu assento, foi informada de que deveria ceder o lugar porque uma cadeira da classe executiva havia quebrado.

Mesmo recusando a mudança, Ingrid foi coagida, exposta publicamente e, por fim, obrigada a aceitar a transferência para a classe econômica. O caso gerou grande repercussão e levantou um questionamento importante: ela pode processar a companhia aérea no Brasil? As leis brasileiras se aplicam a esse caso?

Vamos lá.

As leis brasileiras protegem Ingrid Guimarães?

Sim! Mesmo que o voo tenha ocorrido no exterior, Ingrid Guimarães pode processar a American Airlines no Brasil. Isso porque o CDC protege qualquer passageiro que tenha comprado sua passagem no Brasil ou que tenha um voo com origem, conexão ou destino no país.

O STJ já decidiu que companhias aéreas estrangeiras que operam no Brasil podem ser processadas aqui, sempre que houver impacto sobre um consumidor brasileiro.

Além disso, o CDC, no art. 101, I, garante que o passageiro pode ajuizar a ação no seu domicílio, facilitando o acesso à Justiça. Essa regra assegura que o consumidor não precise entrar com um processo em outro Estado ou país, tornando o acesso ao Judiciário mais justo e eficiente.

Ou seja, se Ingrid quiser buscar reparação, ela pode ingressar com uma ação no Brasil, independentemente de onde o voo tenha ocorrido.

A American Airlines violou os direitos da passageira?

Sim. Ao rebaixar Ingrid Guimarães de classe sem sua concordância, a companhia aérea violou normas de direito do consumidor e aviação civil. Veja os principais erros cometidos:

  • Prática abusiva - O CDC proíbe que empresas alterem unilateralmente um contrato em prejuízo do consumidor (art. 51, IV). Ingrid comprou um serviço e recebeu outro inferior, sem qualquer consentimento.

Vale lembrar que a passagem aérea é um contrato, pois representa um acordo firmado entre o passageiro e a companhia aérea, onde a empresa se compromete a fornecer um serviço específico (transporte na classe comprada). Mesmo sendo um contrato de adesão, no qual o consumidor não pode negociar as cláusulas, ele deve ser cumprido exatamente como foi ofertado.

  • Dano moral - O constrangimento e a exposição pública da passageira podem configurar dano moral, com base na violação à dignidade do consumidor (art. 6º, VI do CDC).
  • Violação de normas de aviação - A ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil e tratados internacionais, como a Convenção de Montreal, determinam que o passageiro não pode ser rebaixado de classe sem compensação adequada.

Em resumo: a companhia aérea não só descumpriu as regras, como também constrangeu publicamente a passageira, o que pode gerar indenização.

Ingrid Guimarães pode pedir indenização?

Sim. A atriz tem direito a reembolso e indenização pelos danos sofridos. Segundo decisões anteriores da Justiça brasileira, passageiros que foram rebaixados de classe sem consentimento já ganharam indenizações por danos morais e materiais.

Os direitos que ela pode exigir são:

  • Reembolso da diferença de valor entre as classes;
  • Indenização por danos morais pelo constrangimento sofrido;
  • Compensação financeira pelo descumprimento do contrato.

O que fazer se isso acontecer com você?

Se um passageiro for rebaixado de classe ou sofrer qualquer abuso semelhante, ele deve:

  • Exigir explicações formais da companhia aérea;
  • Registrar tudo (fotos, vídeos, testemunhas);
  • Guardar o bilhete da passagem e recibos;
  • Procurar um especialista para ingressar com uma ação, se necessário.

O caso de Ingrid Guimarães serve de alerta para todos os passageiros. Muitas pessoas passam por situações semelhantes e não sabem que podem buscar seus direitos.

Lucas Oliveira Araujo

Lucas Oliveira Araujo

AUTORES MIGALHAS

Busque pelo nome ou parte do nome do autor para encontrar publicações no Portal Migalhas.

Busca