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Juros abusivos em contratos bancários: Como identificar e contestá-los

Sua empresa paga juros abusivos sem saber? Aprenda a identificar, revisar contratos e recuperar valores pagos indevidamente de forma segura.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Atualizado às 10:49

Você sabia que sua empresa pode estar pagando juros abusivos em contratos bancários sem saber? Essa prática é mais comum do que parece e pode comprometer drasticamente a saúde financeira do seu negócio.

Neste artigo, você vai aprender:

  • O que são juros abusivos e como reconhecê-los;
  • Quais cláusulas bancárias merecem atenção;
  • Como contestar cobranças ilegais e recuperar valores pagos indevidamente;

O que são juros abusivos?

Juros abusivos são taxas de remuneração aplicadas acima dos limites permitidos pela legislação ou que contrariam os princípios do CDC e da boa-fé contratual.

No ambiente empresarial, esses abusos geralmente passam despercebidos por conta da complexidade dos contratos e da falta de acompanhamento jurídico especializado.

Onde estão os juros abusivos?

As práticas mais comuns nos contratos bancários empresariais incluem:

1. Anatocismo (juros sobre juros):

A cobrança de juros compostos, quando não prevista expressamente e de forma clara, é considerada abusiva.

2. Taxas escondidas:

Tarifas administrativas, seguros obrigatórios, e encargos "embutidos" que não foram contratados de forma clara e individualizada.

3. Juros acima da média de mercado:

É possível comparar os juros praticados com os índices divulgados pelo BACEN - Banco Central. Taxas muito acima da média podem caracterizar abuso.

4. Cláusulas de vencimento antecipado:

Muitas vezes, basta um pequeno atraso para que o banco exija o pagamento total da dívida, com juros e multas exorbitantes.

Como identificar juros abusivos?

Para saber se sua empresa está sendo lesada, é necessário:

  • Solicitar ao banco a planilha de evolução da dívida;
  • Verificar se há capitalização mensal de juros;
  • Conferir as taxas contratadas versus as aplicadas;
  • Analisar o CET - Custo Efetivo Total;
  • Comparar com as taxas médias do BACEN.

Esse trabalho é técnico e deve ser feito com apoio de um advogado ou perito contábil.

Como contestar juridicamente?

Se identificados abusos, existem dois caminhos:

1. Negociação extrajudicial com o banco

  • Apresentação de relatório técnico com irregularidades;
  • Pedido de revisão amigável dos termos contratuais;
  • Proposta de readequação da dívida.

2. Ação revisional de contrato bancário

  • Ingresso na Justiça com pedido de revisão das cláusulas abusivas;
  • Possibilidade de liminar para suspender cobranças ilegais;
  • Repetição do indébito (devolução dos valores pagos a mais).

A ação revisional não serve para "não pagar a dívida", mas sim para pagar o que é justo, legal e proporcional.

O papel do advogado na defesa contra juros abusivos

Um advogado empresarial especializado em contratos bancários pode:

  • Revisar juridicamente todos os contratos ativos;
  • Identificar vícios legais nos documentos;
  • Negociar com segurança com as instituições financeiras;
  • Representar sua empresa em ações revisionais;
  • Recuperar valores pagos indevidamente.

A atuação técnica e estratégica do advogado faz toda a diferença na recuperação financeira da empresa.

Documentos necessários para iniciar a revisão

  • Contrato bancário original;
  • Extratos e comprovantes de pagamento;
  • Planilha de evolução da dívida (emitida pelo banco);
  • Notificações de cobrança e renegociações anteriores.

Com essa documentação, já é possível iniciar uma análise jurídica detalhada.

Conclusão: O que é abusivo, deve ser corrigido

Pagar o que é justo é uma obrigação da empresa - mas pagar o que é ilegal por falta de conhecimento não pode ser regra. Identificar e combater juros abusivos é uma forma de preservar o caixa da empresa, garantir sustentabilidade e proteger o patrimônio.

Thiago Bragança

Thiago Bragança

Advogado há 17 anos, com atuação em Direito Bancário e Empresarial, com ampla experiência em demandas envolvendo instituições financeiras. Sócio-fundador da Bragança Advogados Associados.

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