Oportunidades de geração de valor - Reforma tributária brasileira
A reforma tributária traz oportunidades para modernizar a gestão tributária e aumentar a eficiência e competitividade das empresas.
sexta-feira, 11 de abril de 2025
Atualizado às 08:44
A reforma tributária em curso no Brasil, prevista para começar a ser implantada em 2024, representa uma das mais significativas transformações no sistema tributário nacional. A substituição de tributos como PIS, Cofins, ICMS, ISS e IPI por novos modelos - a CBS - Contribuição sobre Bens e Serviços, o IBS - Imposto sobre Bens e Serviços e o IS - Imposto Seletivo - introduz um ambiente de maior simplificação, transparência e uniformidade na tributação sobre o consumo. Mais do que um processo de adaptação normativa, a reforma se apresenta como uma oportunidade estratégica para as empresas repensarem suas estruturas e gerarem valor de forma sustentável.
O novo regime, baseado na não cumulatividade ampla, permitirá o aproveitamento integral de créditos ao longo da cadeia produtiva, criando espaço para uma revisão estratégica da cadeia de suprimentos, com potencial de redução de custos, aumento de eficiência e otimização das operações logísticas e contratuais.
Paralelamente, a necessidade de novos controles fiscais torna a automação um fator-chave na gestão tributária. Soluções tecnológicas integradas, capazes de processar, validar e transmitir informações em tempo real, serão fundamentais para garantir a conformidade, reduzir riscos fiscais e fortalecer a governança tributária. Nesse contexto, a adoção de ferramentas digitais se torna não apenas uma resposta às exigências da nova legislação, mas também uma oportunidade para modernizar os sistemas internos e integrar processos tributários às demais áreas da empresa, promovendo maior agilidade, rastreabilidade e tomada de decisão baseada em dados confiáveis.
Outro aspecto relevante está relacionado à precificação de produtos e serviços. As mudanças na incidência dos tributos impactam diretamente os preços finais, exigindo análises detalhadas por parte das empresas. A revisão das políticas de preços e dos contratos comerciais será essencial para preservar as margens de lucro e manter a competitividade. A nova dinâmica tributária exigirá, portanto, um esforço conjunto entre áreas estratégicas para reavaliar modelos de negócio, renegociar contratos e comunicar com clareza os ajustes aos parceiros e consumidores, minimizando impactos negativos e aproveitando oportunidades de reposicionamento no mercado.
A implantação bem-sucedida da reforma também dependerá da capacitação das equipes internas. A atualização técnica e o alinhamento multidisciplinar entre as áreas fiscal, contábil, jurídica, de tecnologia e compliance serão determinantes para interpretar corretamente a nova legislação e atuar de forma proativa na adaptação às novas exigências. Esse processo demanda não apenas treinamentos pontuais, mas uma mudança cultural que valorize o aprendizado contínuo e incentive a colaboração entre os departamentos, promovendo uma atuação integrada voltada à excelência tributária e à mitigação de riscos.
No cenário internacional, o novo modelo aproxima o Brasil das práticas já adotadas por países que utilizam sistemas de IVA - Imposto sobre Valor Agregado, facilitando a inserção das empresas brasileiras em cadeias globais de valor. Esse alinhamento melhora a competitividade do país e amplia sua atratividade para investidores estrangeiros, abrindo caminho para novas parcerias e oportunidades de negócios. Além disso, a previsibilidade e a transparência propostas pelo novo sistema viabilizam estratégias de planejamento tributário mais técnicas e alinhadas às boas práticas de governança corporativa, fortalecendo a imagem institucional das empresas e sua capacidade de operar em ambientes regulatórios cada vez mais exigentes.
Dessa forma, a reforma tributária deve ser compreendida como uma oportunidade concreta de geração de valor. Empresas que adotarem uma abordagem estratégica e proativa - investindo em tecnologia, capacitação e revisão de processos - estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios do novo modelo e aproveitar os benefícios que ele proporciona. Mais do que cumprir obrigações legais, trata-se de transformar a forma como os tributos são geridos e integrados à estratégia de negócios, promovendo um ambiente de maior eficiência, previsibilidade e competitividade no cenário nacional e internacional.


