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Encerramento do Perse: Entenda os impactos e caminhos judiciais

O fim antecipado do Perse elevou a carga tributária de empresas de eventos. Entenda os impactos e como a via judicial pode garantir a manutenção do benefício até 2027.

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Atualizado às 14:11

Perse encerrado antes do prazo: sua empresa pode manter o benefício fiscal?

A reestruturação do setor de eventos após a pandemia tem sido um verdadeiro desafio. Justamente quando muitas empresas começavam a recuperar o fôlego, um novo obstáculo surgiu: o encerramento antecipado do Perse - Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos.

Anunciado pela Receita Federal no início de abril de 2025, o fim do Perse pegou de surpresa negócios que contavam com a desoneração de tributos federais até 2027. A medida impacta diretamente na carga tributária e nas decisões estratégicas de empresas ligadas ao entretenimento, turismo, cultura e eventos corporativos.

O que era o Perse e por que ele chegou ao fim?

Instituído para dar suporte à recuperação econômica de setores duramente atingidos pela pandemia, o Perse previa, entre outros incentivos, a isenção de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins por um período de cinco anos.

Contudo, uma alteração legislativa posterior estabeleceu um limite para a renúncia fiscal, e, segundo a Receita Federal, esse teto já teria sido alcançado. Com isso, o benefício foi encerrado dois anos antes do previsto, surpreendendo o setor e gerando um cenário de incerteza.

Quais são os impactos imediatos para as empresas?

O retorno à tributação integral representa um aumento considerável nos custos operacionais. Além disso, a decisão abrupta desestabiliza planejamentos financeiros já em andamento, afetando:

  • precificação de serviços e contratos vigentes;
  • fluxo de caixa e reservas estratégicas;
  • projeções de crescimento e expansão.

Empresas que dependem da previsibilidade tributária para manter suas atividades sentem de forma mais intensa os reflexos dessa mudança.

Existe algum caminho jurídico para manter o benefício?

Sim. Diversas empresas já buscaram o Poder Judiciário como alternativa para contestar o encerramento antecipado do Perse. E algumas decisões têm reconhecido a possibilidade de continuidade do benefício fiscal, ao menos até que haja uma definição final sobre o tema.

Entre os argumentos acolhidos pelos tribunais estão:

  • o fato de o benefício ter sido concedido por um período determinado e sob condições claras, gerando confiança legítima por parte dos contribuintes;
  • a ausência de transição adequada entre a norma anterior e o novo cenário tributário;
  • a exigência de que mudanças que impactam diretamente a arrecadação devem respeitar princípios de previsibilidade e legalidade.

É importante destacar que essas decisões têm efeitos restritos às empresas que acionaram a Justiça, e que o tema ainda será analisado pelos tribunais superiores.

O que sua empresa pode fazer agora?

Diante da instabilidade jurídica, empresas do setor de eventos precisam agir com estratégia. O primeiro passo é avaliar se preenchem os requisitos legais originalmente previstos no Perse e, em seguida, analisar a viabilidade de uma ação judicial com base nas particularidades de cada caso.

Também é essencial revisar o planejamento tributário, contratos com clientes e fornecedores e possíveis impactos financeiros no curto e médio prazo.

Decisões estratégicas exigem apoio especializado.

Empresas que atuam em um setor historicamente vulnerável a oscilações econômicas e normativas devem contar com assessoria jurídica especializada para proteger seus direitos e manter sua competitividade.

João Ramos

João Ramos

Advogado atuante em Direito Tributário e Empresarial, com foco em consultoria e contencioso estratégico. Sócio-fundador do Ramos Silva Advogados.

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