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Microsoft democratiza agentes de IA autônomos

Como o mercado jurídico pode se beneficiar desta tecnologia?

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Atualizado às 14:15

Nos últimos anos, a IA - inteligência artificial deixou de ser apenas um conceito futurista para se tornar um pilar essencial da transformação digital em diversos setores.

Agora, com a Microsoft apostando em agentes de IA autônomos através do Copilot Studio, abre-se uma nova fronteira de automação que promete revolucionar desde o atendimento ao cliente até a gestão empresarial. Mas como essa inovação pode impactar o mercado jurídico?

Se os escritórios de advocacia já se beneficiam de ferramentas de automação para gestão de processos, prazos e documentos, a chegada de agentes de IA ainda mais sofisticados pode levar essa otimização a um nível inédito. No entanto, desafios como a adoção dessas tecnologias e as barreiras culturais ainda precisam ser superados.

A Microsoft e o movimento global pela IA acessível

A Microsoft não está sozinha na corrida por agentes autônomos de IA. Gigantes como Salesforce e Open AI também vêm investindo fortemente nesse campo, criando soluções que prometem reduzir custos e aumentar a produtividade. O Copilot Studio representa um grande passo nesse sentido ao permitir que empresas desenvolvam seus próprios agentes de IA personalizados.

Com modelos próprios e da OpenAI integrados, a ferramenta da Microsoft traz dez agentes pré-configurados para funções como controle de despesas, comunicação empresarial e gestão de cadeia de suprimentos. Esses agentes são capazes de atuar de maneira autônoma, sem a necessidade de supervisão humana contínua, tornando os processos corporativos mais ágeis.

No entanto, apesar do entusiasmo em torno dessas soluções, a adoção ainda enfrenta desafios. Segundo estudo da Cisco - companhia que oferece soluções de redes de software, nuvem e segurança digital - os CEOs acreditam no potencial da IA, mas só 2% estão preparados para usá-la. 

A pesquisa entrevistou 2.503 CEOs de empresas com mais de 250 funcionários ao redor do mundo. Destes, 501 ocupam cargos de liderança na América do Sul.

Por outro lado, o exemplo da consultoria McKinsey mostra como a IA autônoma pode ser aplicada de forma prática. Em uma demonstração, a empresa criou um agente que gerencia consultas de clientes, analisa históricos de interações, identifica o consultor mais adequado e agenda reuniões automaticamente. Esse nível de automação pode ser especialmente relevante para o setor jurídico, onde a eficiência no atendimento ao cliente e a gestão de processos são cruciais.  

O impacto da IA no mercado jurídico

Durante muito tempo, os escritórios de advocacia foram dependentes de processos burocráticos e de um volume significativo de informações. Desde a pesquisa jurídica até a gestão de clientes, há inúmeras oportunidades para a IA transformar o setor.

Atualmente, ferramentas de IA já oferecem automação para contratos, gestão de prazos e atendimento ao cliente. No entanto, a chegada dos agentes autônomos da Microsoft pode impulsionar essa revolução ao permitir que advogados deleguem ainda mais tarefas operacionais para a tecnologia.

Entre as principais vantagens dessa transformação, destacam-se:

  • Escalabilidade: Escritórios podem atender um volume maior de clientes sem a necessidade de aumentar proporcionalmente a equipe;  
  • Redução de custos operacionais: Menos tempo gasto em tarefas repetitivas significa menor custo com mão de obra e mais eficiência nos serviços prestados;  
  • Precisão e mitigação de riscos: A IA pode minimizar erros em prazos, contratos e na triagem de informações críticas para os processos.  

Por exemplo, imagine um escritório de advocacia que lida com alto volume de processos previdenciários. Um agente autônomo poderia analisar automaticamente os documentos enviados pelos clientes, verificar sua conformidade com os requisitos do INSS e encaminhar o caso ao advogado responsável, otimizando significativamente o tempo de análise.  

Desafios na adoção da IA autônoma

Apesar do imenso potencial, a adoção da IA autônoma no setor jurídico enfrenta obstáculos. Um dos principais deles é a cultura organizacional. Muitos advogados ainda veem a tecnologia como uma ameaça, em vez de uma aliada. Além disso, há questões éticas e regulatórias a serem consideradas, especialmente em um setor que lida com dados sensíveis e sigilosos.

Outro ponto crítico é a necessidade de personalização. Ferramentas como Copilot Studio são generalistas e podem não atender às especificidades do setor jurídico sem customizações adequadas. Plataformas de IA, por outro lado, já são desenhadas especificamente para o ambiente jurídico, o que pode representar uma vantagem para os escritórios que buscam automação sem grandes adaptações.

A democratização da IA autônoma representa um passo natural na evolução do mercado jurídico. Escritórios que souberem integrar essas tecnologias de forma estratégica ganharão competitividade e eficiência.

No entanto, a transição precisa ser planejada. Além de investimentos em tecnologia, será necessário capacitar profissionais para trabalhar em conjunto com a IA, garantindo que a automação seja uma ferramenta de aprimoramento, e não um obstáculo.

Eduardo Koetz

VIP Eduardo Koetz

Eduardo Koetz é advogado, sócio-fundador da Koetz Advocacia e CEO do software jurídico ADVBOX . Especialista em tecnologia e gestão, ele também se destaca como palestrante em eventos jurídicos.

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