De operário a empresário: Madson Henrique e o Brasil que dá certo
No país da informalidade e dos entraves legais, um alagoano mostra que é possível empreender com ética, fé e propósito.
quarta-feira, 7 de maio de 2025
Atualizado às 09:34
No debate público, é comum que os temas jurídicos orbitando o empreendedorismo envolvam barreiras burocráticas, excesso de tributos ou a insegurança jurídica que afasta investimentos. Mas há histórias que desafiam essa narrativa predominantemente crítica: casos de indivíduos que, mesmo diante de um cenário hostil, constroem uma trajetória inspiradora com base na força de vontade, na ética do trabalho e na fé.
Temos de mostrar essas histórias a fim de motivar as pessoas, principalmente o cidadão comum que, muitas vezes, vê a esperança escapar-lhe pelas mãos.
É o caso de Madson Henrique, alagoano de São Luís do Quitunde, que chegou sozinho à cidade paulista de Jundiaí aos 21 anos, munido apenas de uma mochila, coragem e o desejo inabalável de mudar de vida. Hoje, aos 37, é empresário no setor da construção civil, figura pública regional e símbolo de superação.
Sua jornada começou longe do protagonismo. Operário em multinacionais como FoxCom e Compal, aprendeu ali as bases da liderança, da disciplina e da visão estratégica que mais tarde aplicaria em seu próprio negócio. Sem capital inicial, fundou uma construtora ao lado da cunhada e encarou os obstáculos que o sistema impõe a quem começa do zero.
Em tempos em que tanto se fala sobre meritocracia, a trajetória de Madson suscita reflexões mais profundas: até que ponto o mérito é suficiente em um país de desigualdades estruturais? E o que acontece quando, apesar de tudo, ele se impõe pela força dos fatos?
"O alicerce da minha vida foi construído com valores sólidos, concreto de persistência e reboco de fé", resume ele, com um olhar de quem aprendeu com a vida mais do que com os livros. Autodidata, Madson tornou-se exemplo vivo de resiliência para migrantes nordestinos que buscam melhores condições em outras regiões do Brasil e um modelo de liderança ética no ambiente empresarial.
Em um país onde a informalidade ainda representa quase 40% da força de trabalho, histórias como essa desafiam o sistema ao mesmo tempo em que revelam seu potencial transformador. Não se trata apenas de uma narrativa de sucesso pessoal, mas da afirmação de um princípio essencial: o Direito deve ser instrumento de inclusão e não um labirinto que inibe o empreendedorismo legítimo.
A experiência de Madson também ilumina um aspecto essencial para o operador do Direito: o papel social da atividade empresarial. Ao gerar empregos, formar mão de obra e circular recursos na economia local, o pequeno e médio empresário, frequentemente invisibilizado, sustenta boa parte da dinâmica socioeconômica brasileira. Reconhecê-lo é valorizar a cidadania.
Num momento em que o Brasil se vê às voltas com o desafio de promover inclusão produtiva com Justiça e legalidade, a história de Madson é mais do que um exemplo inspirador. É um lembrete de que a lei deve andar ao lado dos que constroem, não em oposição a eles.


