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Ciberataques: Uma ameaça iminente à segurança global

Apagão na Europa expõe riscos de ciberataques e alerta para prevenção.

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Atualizado às 10:21

Na última semana, a Europa viveu um apagão de proporções dramáticas que paralisou cidades inteiras na Espanha, Portugal e no sul da França. A queda repentina no fornecimento de energia impactou serviços essenciais como transporte público, telecomunicações e hospitais, deixando milhões de pessoas sem acesso a recursos básicos. Em meio à busca por respostas, uma hipótese preocupante surgiu: a possibilidade de um ataque cibernético.

Embora autoridades portuguesas tenham declarado horas após o incidente que não havia, até aquele momento, indícios claros de ação hostil ou de natureza digital, a hipótese de um ataque coordenado ainda não foi completamente descartada. A verdade é que, em um cenário global marcado por conflitos geopolíticos e guerras híbridas, as ameaças cibernéticas deixaram de ser ficção científica para se tornar uma realidade cada vez mais palpável - e perigosa.

Por volta do meio-dia da segunda-feira, 28/4, o fornecimento de energia foi interrompido simultaneamente em diversos pontos da Península Ibérica. Metrôs pararam nos túneis, voos foram cancelados, hospitais tiveram cirurgias suspensas e os aeroportos de Madri e Lisboa ficaram completamente fora de operação. As comunicações móveis também foram interrompidas, gerando um verdadeiro colapso nas principais capitais da região.

Relatos de cortes de energia se estenderam a cidadãos de Andorra e áreas francesas próximas à fronteira com a Espanha. Diante da gravidade, o governo espanhol convocou uma reunião de emergência em Madri, enquanto equipes de segurança e especialistas investigavam a origem do apagão.

Apesar do restabelecimento da energia ainda no mesmo dia e da atribuição inicial do incidente a um possível fenômeno atmosférico raro, outras fontes não descartaram a possibilidade de envolvimento estrangeiro - mais especificamente, russo. Considerando o histórico de tensões internacionais e o posicionamento da Espanha em relação à guerra na Ucrânia e ao conflito em Gaza, essa possibilidade se mostra plausível.

Incidentes como esse não são inéditos. A Ucrânia já foi alvo de ciberataques devastadores em 2015 e 2016, afetando diretamente sua rede elétrica. Estima-se que 230 mil ucranianos ficaram sem energia em pleno inverno devido a ações atribuídas ao grupo de hackers russos Sandworm. Esses ataques foram sofisticados, utilizando malwares como o Industroyer para comprometer infraestruturas críticas.

Esses eventos mostram que o mundo está vulnerável. E se países inteiros podem ser impactados por ataques dessa magnitude, imagine o que pode acontecer com empresas que ainda negligenciam sua segurança digital?

Vivemos uma era de transformação digital acelerada. Se, por um lado, a digitalização amplia produtividade e conectividade, por outro, ela expõe governos, corporações e indivíduos a riscos cibernéticos cada vez mais complexos. A cibersegurança deixou de ser apenas uma necessidade técnica e passou a ser uma questão estratégica - e existencial.

Os ataques não se limitam mais a ações isoladas de hackers amadores. Hoje, estamos lidando com grupos bem organizados, alguns com apoio estatal, capazes de usar phishing, ransomware, malware avançado e até IA para automatizar e sofisticar suas ofensivas.

Deepfakes, campanhas automatizadas de desinformação, IA generativa usada para criação de conteúdo enganoso e ataques que burlam defesas tradicionais são parte dessa nova realidade. A manipulação da opinião pública, a espionagem industrial e a sabotagem digital são armas da guerra moderna.

Quais são as principais ameaças cibernéticas hoje?

  • Phishing e malware: Seguem como as ferramentas mais utilizadas por criminosos para roubo de dados e invasão de sistemas;
  • Deepfakes e IA: Utilizados para fraudes, manipulação de identidade e desinformação;
  • Ataques a infraestruturas críticas: Como energia, saúde e transporte, com potencial de causar caos social;
  • Ransomware: Sequestro de dados com pedido de resgate, cada vez mais comum em empresas e órgãos públicos;
  • Desinformação digital: Usada para manipular mercados, desestabilizar democracias ou desacreditar instituições.

Ao contrário do que muitos pensam, um hacker não precisa necessariamente da sua interação para invadir um sistema. Vulnerabilidades de software, brechas em protocolos de rede ou dispositivos desatualizados são portas abertas para invasores experientes.

A pergunta que fica é: sua empresa está preparada para enfrentar esse cenário? Em tempos de guerra digital, ignorar a cibersegurança pode custar caro. Proteger seus dados, sua reputação e sua continuidade operacional deve ser uma prioridade - não uma opção.

Sthefano Cruvinel

Sthefano Cruvinel

Referência em Tecnologia, considerado Amicus Curiae nos Tribunais Superiores. Exp. Inteligência Probatória. Esp. em Contratos pela FGV e BI, BA e IA com 52 certificados internacionais (Duke, Univ-EUA)

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