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Exit Tax no Brasil: Como reduzir impactos com planejamento patrimonial

Conheça o Exit Tax brasileiro, a tributação sobre ganho de capital na saída definitiva do país, e saiba como reduzir seus efeitos com planejamento patrimonial internacional.

terça-feira, 20 de maio de 2025

Atualizado em 28 de julho de 2025 08:53

Você já pensou em morar fora do Brasil e manter seu patrimônio em segurança? Para quem decide mudar de país de forma definitiva, além da Declaração de Saída Definitiva, há outro fator determinante que poucos conhecem: o Exit Tax brasileiro.

Esse imposto incide sobre o ganho de capital não realizado em determinados bens e direitos no momento da saída fiscal do país. Ignorar essa tributação pode gerar surpresas desagradáveis, custos altos e comprometer boa parte do patrimônio construído.

Neste artigo, explicamos de forma clara e acessível o que é o Exit Tax no Brasil, quem está sujeito, como funciona o cálculo e, principalmente, como um planejamento patrimonial internacional bem feito pode reduzir - ou até eliminar - esse impacto fiscal.

O que é o Exit Tax no Brasil?

O Exit Tax é uma tributação sobre o ganho de capital presumido apurado em ativos detidos pelo contribuinte no momento em que ele deixa de ser residente fiscal no Brasil.

Em outras palavras: antes de o contribuinte formalizar sua saída definitiva, presume-se a venda de certos bens e direitos, e cobra-se imposto sobre o ganho de capital teórico, mesmo que não tenha ocorrido uma alienação real.

Por que o Brasil aplica Exit Tax?

A lógica por trás dessa regra é simples: impedir que pessoas físicas transfiram seu domicílio fiscal para o exterior e posterguem indefinidamente o pagamento de imposto sobre valorização patrimonial. O Exit Tax garante que o Brasil tribute o acréscimo de valor ocorrido enquanto o contribuinte era residente no país.

Essa regra está prevista nos artigos da IN RFB 208/02 e nos arts. da lei 9.532/97.

Quem está sujeito ao Exit Tax?

Toda pessoa física residente no Brasil que formaliza sua saída definitiva e possua:

  • Participações societárias no Brasil ou exterior;
  • Aplicações financeiras no Brasil ou exterior;
  • Bens e direitos sujeitos à valorização (ex.: imóveis, ações, quotas, fundos).

A regra vale tanto para quem declara a saída em dia quanto para quem faz a regularização em atraso.

Quais ativos são tributáveis pelo Exit Tax?

Nem todo patrimônio é automaticamente tributável. Os bens e direitos mais comuns sujeitos ao Exit Tax são:

  • Ações e quotas de empresas, no Brasil e no exterior;
  • Fundos de investimento no Brasil e fora;
  • Criptoativos (bitcoin, ethereum e similares);
  • Participações societárias em empresas estrangeiras;
  • Obrigações de renda fixa, depósitos bancários e outros instrumentos financeiros.

Já imóveis no Brasil não sofrem Exit Tax, mas permanecem sujeitos à tributação quando vendidos, ainda que pelo não residente.

Como funciona o cálculo do Exit Tax?

No momento da saída definitiva:

Calcula-se a diferença entre o valor de mercado dos bens e o seu custo de aquisição.

Aplica-se a tabela progressiva do imposto de renda para ganho de capital:

O valor apurado deve ser informado na Declaração de Saída Definitiva, e o imposto, pago via DARF até o último dia útil de abril do ano seguinte ou em até 12 quotas mensais.

Como planejar e reduzir o impacto do Exit Tax?

Existem estratégias eficientes e totalmente legais para minimizar - ou até anular - os efeitos do Exit Tax. Algumas delas:

  • Doação em vida antes da saída, aproveitando isenções ou bases de cálculo menores;
  • Venda de ativos antes da saída fiscal, com tributação pela tabela brasileira, evitando o ganho de capital presumido;
  • Transferência para holdings patrimoniais, ajustando a base fiscal e o momento da tributação;
  • Utilização de jurisdições com tratados de bitributação, evitando dupla incidência;
  • Trusts e Fundações no exterior, que podem alterar a titularidade formal dos ativos antes da saída fiscal.

Cada caso exige estudo individualizado para definir a melhor estratégia, sempre considerando o país de destino, o perfil patrimonial e as metas familiares.

Existe bitributação sobre o Exit Tax?

Se o país de destino do contribuinte também tributar o ganho de capital na venda real desses bens futuramente, pode ocorrer bitributação.

A saída para isso é:

  • Verificar a existência de tratado de bitributação entre o Brasil e o país de destino;
  • Planejar a estruturação patrimonial antes da saída, considerando as regras locais de tributação de capital e sucessão.

Consequências de ignorar o Exit Tax

Ignorar ou subestimar o Exit Tax pode gerar:

  • Multas de até 150% sobre o imposto devido;
  • Juros de mora;
  • Bloqueio de bens no Brasil;
  • Dificuldades na sucessão patrimonial internacional;
  • Problemas para repatriar valores ou formalizar investimentos fora.

Conclusão

O Exit Tax brasileiro é uma realidade cada vez mais relevante, diante do aumento de brasileiros que mudam de país para viver, investir ou empreender.

A boa notícia é que, com planejamento patrimonial e fiscal bem estruturado, é possível reduzir drasticamente os impactos dessa tributação - muitas vezes eliminando-a por completo.

Esse planejamento deve ser feito com antecedência, considerando as regras brasileiras e as do país de destino, para garantir segurança jurídica, economia fiscal e proteção do patrimônio familiar.

Jardson Bruno Barros de Souza

VIP Jardson Bruno Barros de Souza

Advogado de destaque e sênior, Diretor responsável pela gestão de atendimento ao cliente e planejamento tributário no escritório Leonardo Lacerda Assessoria Jurídica Global.

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