Reestruturar antes da crise: Governança como estratégia
A reestruturação preventiva deixa de ser tabu e se firma como prática essencial para empresas que desejam longevidade e credibilidade.
sexta-feira, 18 de julho de 2025
Atualizado às 15:38
Entre os muitos equívocos que cercam a gestão empresarial no Brasil, talvez o mais prejudicial seja a ideia de que reestruturação é uma medida de último recurso. Como se só devesse ser acionada quando a situação já se tornou insustentável, quando o crédito secou, os passivos explodiram e a reputação está irremediavelmente abalada. A verdade, porém, é exatamente o oposto: reestruturar bem é reestruturar antes.
Charles Darwin, ao tratar da evolução, afirmou que "não é o mais forte que sobrevive, mas o que melhor se adapta às mudanças". No mundo dos negócios, essa máxima é brutalmente verdadeira. Empresas que adotam modelos de governança resilientes, com capacidade de antecipar riscos, ajustar rotas e corrigir ineficiências de forma preventiva, não apenas sobrevivem a crises, elas crescem com elas.
A chamada reestruturação preventiva, embora ainda pouco difundida no Brasil, vem ganhando força entre empresas que entenderam que não há mais espaço para gestão amadora. Trata-se de um processo estruturado, com etapas bem definidas, que visa reposicionar a organização antes que a crise se instaure. Envolve uma análise crítica da estrutura de capital, da rentabilidade operacional, do modelo de negócios, das práticas contábeis, do compliance regulatório e, sobretudo, da cultura organizacional.
Mas nenhum desses movimentos é possível sem um fator central: liderança. Reestruturar preventivamente exige coragem dos gestores em reconhecer vulnerabilidades, expor dados, envolver as equipes e abrir espaço para especialistas. Exige, ainda, uma governança que vá além da formalidade: com conselhos atuantes, controles internos efetivos e processos decisórios baseados em dados.
Um dos principais ganhos da reestruturação preventiva é o fortalecimento da cultura organizacional. Empresas que se reorganizam com transparência, método e foco na sustentabilidade criam ambientes mais confiáveis, engajam seus colaboradores e se tornam mais atraentes para investidores e parceiros. A reestruturação, nesse sentido, é também um instrumento de desenvolvimento humano e reputacional.
A crise pode ser um catalisador, mas ela não precisa ser o ponto de partida. Esperar pela deterioração é abrir mão de margens, credibilidade e, muitas vezes, da própria empresa. A gestão preventiva, ao contrário, oferece protagonismo ao empresário, ao invés de deixá-lo refém das circunstâncias.
O papel da consultoria nesse processo é ser parceira técnica e estratégica. Apoiar empresas desde o diagnóstico até a implementação de mudanças profundas, com uma abordagem integrada que combina direito empresarial, contabilidade gerencial, finanças corporativas e engenharia organizacional. Reestruturar é, acima de tudo, uma decisão de continuidade da operação e evolução dos lucros.


