Impactos econômicos antecipados da política tarifária dos EUA contra o Brasil
Quebra de contratos em setores estratégicos, incluindo o aeronáutico (Embraer) e o agroindustrial (aço, suco de laranja, café e carne bovina).
segunda-feira, 28 de julho de 2025
Atualizado às 10:45
1. Introdução
A decisão unilateral dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com vigência a partir de 25/7/25, desencadeou reações imediatas no mercado brasileiro antes mesmo de sua efetiva entrada em vigor. Os impactos antecipados incluem cancelamento de contratos, interrupção de embarques e afretamentos, desvalorização do real e retração do mercado acionário, revelando a sensibilidade da economia brasileira a choques tarifários de grande magnitude.
2. Impactos antes da vigência (até 25/7/25)
- Quebra de contratos em setores estratégicos, incluindo o aeronáutico (Embraer) e o agroindustrial (aço, suco de laranja, café e carne bovina).
- Cancelamento de embarques e afretamentos, especialmente no segmento de commodities, resultando em custos logísticos adicionais.
- Redução de investimentos e oscilações financeiras, com o real desvalorizado em 2,9% e o índice Ibovespa com queda de 1,3% na semana subsequente às ameaças.
Perdas estimadas:
- Agronegócio: US$ 5,8 bilhões
- Setor aeronáutico (Embraer): US$ 220 milhões em EBIT
- Impacto no PIB 2025: -0,3 a -0,4 p.p.
3. Cenários projetados caso não haja negociação
Curto prazo (0-6 meses)
Crescimento dos cancelamentos contratuais e redirecionamento de fluxos logísticos.
Pressão sobre câmbio e inflação, exigindo medidas emergenciais de crédito e subsídios.
Médio prazo (6-18 meses)
Migração parcial das exportações para outros mercados, elevando custos de adequação.
Perda de competitividade internacional e aumento da rigidez fiscal.
Longo prazo (>18 meses)
Redução permanente da participação brasileira no mercado norte-americano.
Fragilização da confiança do investidor estrangeiro e possível aumento da dependência de blocos como China e BRICS.
4. Considerações jurídicas
O Brasil possui base legal para medidas de reciprocidade, conforme decreto 12.551/25 e lei 15.122/25, permitindo a imposição de tarifas compensatórias. Contudo, a recusa de negociação bilateral pode comprometer a previsibilidade normativa e ampliar o contencioso comercial na OMC, afetando setores regulados como o agronegócio e a aviação.
5. Conclusão
Os efeitos antecipados do aumento tarifário demonstram vulnerabilidades da economia brasileira, com perdas estimadas superiores a US$ 5 bilhões no agronegócio e US$ 220 milhões no setor aeronáutico antes mesmo da vigência da tarifa. A insistência do governo brasileiro em não negociar tende a aprofundar a queda do PIB, elevar o desemprego e comprometer cadeias produtivas estratégicas. A adoção de mecanismos de compensação fiscal e logística, bem como a busca de novos mercados, é fundamental para mitigar impactos de curto, médio e longo prazo.


