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A importância da declaração de saída definitiva para benefícios previdenciários

Quer se aposentar morando fora do Brasil? Veja por que a declaração de saída definitiva é essencial para manter sua aposentadoria e evitar problemas fiscais.

terça-feira, 29 de julho de 2025

Atualizado às 13:51

Você já pensou em se aposentar no exterior? Ou talvez já esteja fora do Brasil, contribuindo para o INSS, e se pergunte:

  • "Posso continuar pagando o INSS mesmo morando fora?"
  • "Minha aposentadoria será afetada se não fiz a Declaração de Saída Definitiva?"
  • "Como ficam meus direitos como não residente?"

A resposta está na interseção entre residência fiscalprevidência social e tributação internacional.

E neste contexto, a DSDP - Declaração de Saída Definitiva do País pode ser a diferença entre manter seus direitos garantidos ou enfrentar bloqueios, bitributação e até exclusão do sistema.

Aposentadoria x Residência fiscal: Uma confusão comum

Muita gente acredita que aposentadoria e residência fiscal são coisas completamente separadas. Mas, na prática, elas se cruzam em pontos críticos:

  • INSS precisa saber onde você mora e reside fiscalmente.
  • A Receita Federal cruza dados com o INSS para verificar quem tem direito a isenções e benefícios tributários.
  • Bancos, corretoras e órgãos de câmbio verificam seu status fiscal para permitir transferências e pagamentos de aposentadorias no exterior.

Se você não fez a DSDP, o governo presume que você ainda é residente fiscal no Brasil, mesmo vivendo há anos fora. E isso pode gerar problemas sérios.

Posso me aposentar no exterior?

Sim! Mas você precisa observar alguns pontos:

1. Você pode continuar contribuindo ao INSS mesmo fora do Brasil

Basta se inscrever como contribuinte facultativo ou manter vínculo com alguma empresa no Brasil.

2. Você pode receber sua aposentadoria no exterior

O INSS permite o pagamento de aposentadorias em conta bancária no exterior, por meio de:

  • Acordos bilaterais de previdência (ex: Portugal, Alemanha, Japão, EUA);
  • Convênios com bancos (ex: Banco do Brasil, Caixa).

Mas há uma condição fundamental: seu CPF e status fiscal devem estar regulares.

O papel da DSDP no recebimento de aposentadorias

Declaração de Saída Definitiva informa à Receita que:

  • Você não mora mais no Brasil;
  • Seus rendimentos futuros serão de não residente;
  • E que sua tributação passará a seguir regras especiais.

Ao fazer a DSDP:

  • Seu CPF é mantido ativo como "não residente" e não suspenso;
  • Seus rendimentos de aposentadoria respeitam regras de remessa para o exterior, entre outros detalhamentos;
  • Você pode optar por acordos internacionais que facilitam ou aceleram a concessão da sua aposentadoria.

E se eu não declarar a saída?

Se você continuar como residente fiscal, mesmo vivendo fora:

  • Seus benefícios do INSS podem sofrer retenções indevidas;
  • O IR pode ser cobrado sobre toda sua renda global (inclusive aposentadoria do exterior);
  • Há risco de incompatibilidade entre dados bancários e fiscais, dificultando o recebimento do benefício.

Casos reais mostram brasileiros com aposentadoria bloqueada por CPF irregular ou retenções de até 27,5% de IR, mesmo vivendo no exterior, considerando o rendimento também desse local.

Funcionamento da aposentadoria no exterior

Países com acordos previdenciários:

  • Alemanha;
  • Bélgica;
  • Cabo Verde;
  • Canadá;
  • Chile;
  • Coreia do Sul;
  • Espanha;
  • EUA;
  • França;
  • Grécia;
  • Itália;
  • Japão;
  • Luxemburgo;
  • Portugal.

Com esses países, a DSDP é fundamental para ativar o acordo e garantir que você só será tributado onde realmente reside pelo que ganha lá, bem como não será tributado no Brasil por esses recebimentos.

CPF inativo = Aposentadoria suspensa

Outro ponto crítico: quem não faz a DSDP e não declara IR por anos, tem o CPF colocado como "pendente de regularização".

E o que isso causa?

Suspensão automática de:

  • Pagamentos do INSS;
  • Movimentação de conta bancária no Brasil;
  • Renovação de procurações;
  • Declarações para a Receita.

A regularização com a DSDP corrige imediatamente essa pendência, mesmo que a saída seja retroativa.

Planejamento previdenciário internacional

Um bom planejamento de saída deve analisar:

  • Qual o valor e origem da sua aposentadoria?
  • Em qual país você reside ou residirá?
  • Há acordo previdenciário ou fiscal com o Brasil?
  • Como reduzir o IR na fonte com estratégias legais?
  • Como receber os valores no exterior sem entraves?

Essa organização evita:

  • Perda de benefícios;
  • Pagamentos indevidos;
  • Malha fina e bloqueios.

Conclusão

Se você saiu do Brasil e pretende se aposentar, ou já se aposentou, a Declaração de Saída Definitiva do País é o primeiro passo para manter sua renda segura.

Ela garante que:

  • Seu CPF esteja regular;
  • Você possa receber benefícios no exterior;
  • Sua aposentadoria seja tributada de forma correta (ou até isenta);
  • E que você esteja protegido contra problemas bancários, fiscais e legais.

Mais do que um documento, a DSDP é a chave da tranquilidade financeira na aposentadoria internacional.

Jardson Bruno Barros de Souza

VIP Jardson Bruno Barros de Souza

Advogado de destaque e sênior, Diretor responsável pela gestão de atendimento ao cliente e planejamento tributário no escritório Leonardo Lacerda Assessoria Jurídica Global.

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