O tarifaço de Trump chegou: O Brasil quer romper com os EUA?
O artigo levanta a hipótese de que, ao escalar o confronto com os EUA após a Carta de Trump, Lula e o STF podem estar sinalizando intenção de rompimento para reforçar apoio interno.
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Atualizado às 10:27
Introdução
Desde a carta do último 9 de julho, na qual o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifa de 50% sobre todas as importações brasileiras a partir de 1º de agosto, Brasília não buscou um canal direto de negociação política. É certo que a Carta de Trump não se resume a questão comercial, que é apenas tangenciada, mas principalmente aos temas de perseguição política de opositores do atual governo e de censura prática pelo STF no território americano, deixando pouca margem para negociação. No entanto, uma leitura mais atenta permite identificar uma brecha para, ao menos, iniciar uma barganha, que é justamente pelas tarifas praticadas pelo Brasil contra os produtos americanos. Todavia, até agora nada mobilizou a diplomacia brasileira. Ao contrário, multiplicaram-se bravatas e gestos que elevaram o custo doméstico e internacional de uma recomposição com o país que historicamente sempre foi aliado nosso, e que constitui - ao menos até o presente momento - o nosso segundo principal parceiro comercial. Outro ponto que chama a atenção e que denota o isolamento, em grande parte auto infligido em que o Brasil se encontra, é que diversos países que foram ameaçados de tarifação já estão em negociações com os EUA, obtendo acordos bilaterais, na melhor das hipóteses, ou suspensão temporária das tarifas, na pior delas, o que demonstra a abertura negocial. O contrário ocorre com o Brasil.
O resultado previsível é a escalada: tarifas, sanções e isolamento. Resta então indagar: será a real intenção do governo brasileiro romper de vez as relações com os Estados Unidos?
1. A carta, o silêncio e as bravatas
A diplomacia começa por um fato simples: chefes de Estado falam com chefes de Estado quando o conflito se instaura. No caso, não falaram. Em vez de abrir uma linha direta de descompressão, o Planalto ensaiou uma estratégia de comunicação agressiva: Trump seria preso se estivesse no Brasil; "não é um gringo que vai dar ordem"; "ele está trucando"; "ligue para mim"; e a insólita oferta de jabuticaba - o deboche como substituto de diplomacia. Essa coreografia cria custos de audiência (audience costs), como nos ensina James D. Fearon1: quanto mais o líder sobe o tom em público, mais caro politicamente é recuar, tanto para ele quanto para o adversário.
Ainda que parte da mídia tenha tratado como tal, o fato é que o governo Trump tratou a controvérsia como questão de política externa e de liberdade de expressão, não como birra pessoal. Isso se percebe inclusive pelas pautas da própria campanha presidencial, onde estas bandeiras estavam mãos do que explícitas, ou seja, não se trata de calor do momento.
Três marcos revelam a estratégia: (i) a carta com a tarifa de 50% e menção explícita ao tratamento dado a Jair Bolsonaro; (ii) a abertura, pelo USTR, de investigação formal sob a Seção 301, que serve de trilho jurídico para medidas comerciais abrangentes2; e (iii) a revogação de vistos de ministros do STF e seus familiares, com fundamento no INA 212(a)(3)(C), mediante nota oficial do Secretário de Estado3. Em paralelo, o Departamento de Justiça e tribunais federais dos EUA vêm reiterando que ordens de censura proferidas no Brasil não têm exequibilidade automática sobre plataformas e cidadãos norte-americanos.4
Em crise, gestos contam. Depois da carta de 9 de julho, decisões judiciais ampliaram o atrito: ordem para que a plataforma Rumble bloqueasse e desmonetizasse perfil de um comentarista conservador, cidadão americano; multa diária elevada e prazo exíguo5; determinação de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e proibições amplas a Jair Bolsonaro6; advertência pública de possível prisão por descumprimento de cautelares. Simultaneamente, cortes federais na Flórida intimaram o ministro Alexandre de Moraes em ação movida por Rumble e pela Trump Media.
2. O inimigo externo e o rally 'round the flag: passos para um rompimento?
A sequência de sinais sugere uma aposta política: tensionar até o limite para consolidar a narrativa do "inimigo externo" e colher um "rally 'round the flag" doméstico7, ou seja, salto súbito e de curto prazo na aprovação do chefe do Executivo após eventos internacionais dramáticos (guerras, ataques, crises de segurança), quando o público "fecha fileiras" em torno do líder e reduz a crítica. A narrativa do "inimigo externo", por sua vez, consiste em responsabilizar algum agente de fora do governo, ou até mesmo, fora do país, por todas as nossas mazelas, ainda que sejam anteriores ao ocorrido.
Quatro indicadores reforçam a leitura:
- de canal presidencial e diplomático - Lula admite não ter falado com Trump e repete que não pretende ligar "para contar piada". Por sua vez, Mauro Vieira, o chanceler brasileiro, encontra-se em Nova Iorque, para evento na ONU8, onde discursa contra Trump, ao passo que sequer se dá ao trabalho de pegar um trem ou avião e ir a Washington, a poucas centenas de quilômetros de distância, tentar algum contato com a Casa Branca. Em crises dessa magnitude, a omissão fala alto.
- retórica - a retórica de confronto produz amarras: quanto mais o governo repete que "gringo não manda aqui", menor é o espaço para um acordo que inevitavelmente exigirá acomodação.
- simbólicos - a saída do Brasil da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto) no mesmo período da crise, com crítica pública da OEA, agrava fricções com capitais ocidentais e com o Congresso dos EUA9;
- e Rússia - a expansão das compras brasileiras de diesel russo10, com queda correlata da participação dos EUA nesse mercado, tornou-se peça central do contencioso. O tema migrou do comércio para a segurança: a OTAN já advertiu por sanções secundárias e a União Europeia apertou o cerco a derivados refinados em terceiros países.
3. Direito internacional: quem está intervindo em quem?
A carta de 9 de julho é diplomática? É elegante? Não. Mas é importante separar mau gosto de ilicitude internacional. A Carta da OEA (art. 19) veda a intervenção coercitiva em assuntos internos de outro Estado - inclusive por meios econômicos (art. 16 da versão original). Em contrapartida, também proíbe que Estados usem o comércio como cobertura para interferência em direitos de cidadãos de outros países. O governo Trump enquadrou suas medidas na moldura de proteção à liberdade de expressão de cidadãos e empresas norte-americanas, com base em legislação doméstica (INA 212) e na Seção 301. No plano jurídico, trata-se de contramedidas comerciais - discutíveis, passíveis de contestação na OMC, mas que dificilmente caracterizam "intervenção" no sentido clássico. Pelo contrário, no que tange ao lado brasileiro: decisões judiciais com efeitos extraterritoriais sobre plataformas e usuários norte-americanos esbarram em limites jurisdicionais e provocam reações lícitas do outro Estado.
4. O custo econômico da escalada
O tarifaço atinge o Brasil onde mais dói: cadeias industriais integradas ao mercado americano (aeroespacial, aço, químicos, madeira, sucos, café)11. Estimativas independentes projetam perda de mais de 100 mil empregos e contração do PIB em torno de 0,2 %12. apenas no primeiro ano, com efeitos multiplicadores negativos em logística e agronegócio. O dano reputacional já produz cancelamentos de contratos - há setores, como químicos, que relatam ruptura generalizada de pedidos e encarecimento de financiamento. A petro-cadeia também é vulnerável: em 2024, os EUA foram destino relevante do petróleo brasileiro; choques tarifários tendem a redirecionar fluxos com descontos e custos de frete maiores13.
5. OTAN, UE e o risco de contágio
O contencioso bilateral já transbordou. O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, já advertiu publicamente que sanções secundárias de até 100% podem alcançar países que seguirem financiando a máquina de guerra russa, e mencionou especificamente Brasil, Índia e China14. Nos EUA, avança um pacote legislativo que combina sanções financeiras duras com tarifas punitivas a quem comprar petróleo e derivados de Moscou. A União Europeia aprovou o 18º pacote de sanções, apertando o torniquete sobre derivados e serviços de transporte, inclusive quando "reprocessados" por terceiros. Para o Brasil, que se tornou um dos maiores compradores de diesel russo, o recado é direto.
6. Política doméstica: o cálculo de risco
Sob a ótica de ciência política, o governo parece perseguir um efeito de coesão interna (rally 'round the flag). O truque é antigo e exemplos não faltam, citamos dois: O embargo americano a Cuba vem sendo usado como desculpa e causa para as mazelas socioeconômica da Ilha há décadas. Em 1982, a popularidade do mandatário da ditadura militar argentina, General Leopoldo Galtieri, estava em queda livre. Como forma de tentar recuperar apoio, resolveu invadir as ilhas Malvinas, resultando em guerra com a Inglaterra, custando a vida de muitos compatriotas. O núcleo central da estratégia é a velha retórica do "inimigo externo", supostamente responsável pelas mazelas do país, que na realidade, são inteiramente culpa dos seus governantes. A estratégia pode funcionar por algum tempo, e é derivada de situações em que realmente existe um inimigo externo, como nos casos de guerras autênticas, onde a população se une e aceita passar por privações.15
O problema é o pós-rally: quanto mais polarizada a sociedade, mais curto e menor é o ganho de aprovação - e mais alto o preço da normalização. Além disso, como mostrou a literatura de brinkmanship, ameaças que "deixam algo ao acaso" podem sair do controle16. Quando atores multiplicam passos irreversíveis (tarifas, vistos, ordens judiciais de alcance extraterritorial), crescem as probabilidades de erro de cálculo.
7. Teoria dos Jogos: o tudo ou nada - e o plano B
Imagine dois carros correndo rumo a um penhasco: quem virar primeiro "perde". É o clássico chicken game. Vamos aplicar o jogo ao presente conflito:
Passo 1 - Brasil decide
Virar o volante (Ceder) - suspende novas ordens a big-techs, promete rever casos antigos, abre negociação.
Pisar fundo (Dobrar) - mantém ordens extraterritoriais, eleva a retórica, busca apoio geopolítico fora do Ocidente.
Passo 2 - EUA reagem
Segurar o freio (Manter) - tarifa de 50?% continua, mas sem punições extras.
Acelerar (Escalar) - tarifa sobe para 75?% ou 100?%, Lei Magnitsky, sanções secundárias.
Dois finais prováveis
Ceder + Manter ? "Capitulação controlada" - Brasil perde face, evita recessão; Trump anuncia vitória.
Dobrar + Escalar ? "Colisão" - ruptura comercial, queda de PIB para ambos, isolamento diplomático.
Plano B - Apertar a embreagem (Compasso)
Brasília pede trégua de 90?dias, com observadores. Tarifas não sobem, ordens não avançam. Cada lado compra tempo. Se a ameaça de recessão pesar mais que o orgulho, o stand-still vira saída de emergência, e o governo brasileiro pode tentar acenar com novas ofertas de redução de tarifas brasileiras e de concessões políticas.
8. Três cenários possíveis
Cenário 1 - Descompressão negociada (o melhor). Antes de 1º de agosto, call presidencial, suspensão de 90 dias, congelamento de medidas de ambos os lados, task force técnica (USTR-MDIC) para tratar de energia (diesel), e moderação e autocontenção nas comunicações públicas, de ambos os lados. Exige gesto público de de-escalada dos dois lados. Já teria que ter sido provocada o pedida pelo Brasil, por óbvio, jamais esperar que os EUA tomem a iniciativa, pois isso jamais ocorrerá. São os americanos que nos encurralaram, e não o contrário.
Cenário 2 - Tarifaço + sanções setoriais (o provável). Entra a tarifa de 50%, a Seção 301 fecha relatório preliminar com recomendações punitivas, multiplicam-se suspensões de vistos e bloqueios financeiros dirigidos, via sanções da Lei Magnitsky. A UE e aliados alinham medidas complementares. O Brasil recorre à OMC, ameaça retaliações e tenta redirecionar exportações - com perda de valor e tempo e provável ineficácia.
Cenário 3 - Ruptura diplomática (o pior). Rompimento formal de relações, expulsões recíprocas, congelamento de cooperação policial e de defesa, isolamento em fóruns ocidentais. Caminho de muito custo, baixa reversibilidade e o Brasil caminharia para se tornar uma nova Venezuela, com economia destroçada e regime ditatorial.
9. O que ainda dá para fazer
Telefonar. Em situações de alta intensidade - quando tarifas, revogações de visto e ordens extraterritoriais já estão na mesa - a regra de ouro da diplomacia de crise é que o chefe fala com o chefe (the boss talks to the boss). Um telefonema de poucos minutos cumpre quatro funções: (i) cria um canal seguro sem exposição pública, reduzindo ruídos de interpretação; (ii) autoriza, de cima para baixo, uma pausa tática (standstill) na escalada; (iii) confere legitimidade política para concessões que níveis técnicos não podem negociar; e (iv) sinaliza a mercados e opositores internos que existe uma rota de descompressão. Se esse contato não ocorre, prevalece o que Thomas Schelling chamou de "ameaça que deixa algo ao acaso": as partes continuam empilhando passos irreversíveis (tarifas, sanções, decisões judiciais), elevando a probabilidade de erro de cálculo ou de um gatilho acidental que empurre todos além do ponto de retorno. Exemplos históricos - Berlim?1948-49, Suez?1956, momentos prévios à linha direta EUA-URSS em 1962 - mostram como crises podem escapar do controle na ausência de um canal presidencial. Falar diretamente não encerra o contencioso, mas compra tempo e reduz a chance de uma escalada incontrolável. Assim ocorreu com todas os países que obtiveram tréguas ou estão celebrando acordos comerciais com os EUA: China, Índia, UK, Austrália, Japão, Argentina etc.
Separar arenas. Comércio, energia e plataformas digitais exigem mesas específicas, com firewalls claros entre contencioso penal e regulação de conteúdo. A questão política (perseguição política a Bolsonaro e apoiadores) teria que ser tratada com muita cautela, e à parte.
Rever sinais. Reverter a saída da IHRA ou, no mínimo, anunciar adesão a instrumento equivalente que sinalize compromisso inequívoco com o combate ao antissemitismo.
Freios jurisdicionais. Reduzir o alcance extraterritorial de decisões sobre plataformas e cidadãos estrangeiros; privilegiar cooperação jurídica internacional formal; mostrar sinais claros de respeito ao devido processo legal e à liberdade de expressão.
Plano de contingência setorial. Crédito de giro, seguro de crédito à exportação, diversificação de mercados e triangulação lícita de cadeias produtivas, com avaliação anti-sanções.
10. A quem foi dirigida a Carta de Trump?
Considerando que as exigências de Trump não são apenas comerciais, mas principalmente políticas, o governo fica encurralado, e as jogadas teriam que ser muito bem calculadas, como ilustramos acima, com a Teoria dos Jogos. Mas, e se a mensagem de Trump não tiver sido dirigida ao governo e ao STF, mas à sociedade civil?
Nesta hipótese, bem plausível, as exigências são políticas, porém a sanção é econômica. Portanto, a sociedade civil, principalmente por meio dos setores econômicos e respectivos grupos de interesse, faria pressão no Congresso Nacional, especialmente o Senado Federal, que tem a prerrogativa constitucional de ser contrapeso ao Supremo, inclusive com o instrumento de impeachment a ministros. À sociedade civil como um todo caberia a pressão popular, nas ruas, como ocorreu com o impeachment da ex-Presidente Dilma, em 2016. A mera pressão política e social teria o condão de fazer o governo e o Supremo recuarem, sem necessidade de ruptura institucional no país.
11. Negacionismo ou Propósito: o Brasil quer negociar ou quer romper?
A pergunta que dá título a este artigo é dura porque a resposta, hoje, é inconveniente: o conjunto dos fatos sinaliza que o governo e a Suprema Corte brasileiros decidiram testar os limites, mesmo ao preço de uma ruptura com Washington e, por extensão, com boa parte do Ocidente democrático. Isso pode render dividendos imediatos na narrativa doméstica. Mas a conta - econômica, diplomática e institucional - tende a ser longa e impagável.
O fato é que tanto Lula17 e seu governo, quanto o STF18 amargam a pior crise de popularidade que já enfrentaram. A crise não é apenas doméstica, mas global. Veículos de mídia respeitados, de diversos países ecoam críticas duras a Lula e ao Supremo, especialmente na figura do Ministro Moraes. Assim, 1) da perspectiva de Lula, poderia ser mais vantajoso romper com os EUA, de modo a capitalizar popularidade para tentar a reeleição, em 2026, dado que, graças a presente crise, a sua popularidade melhorou marginalmente em relação a antes da Carta; ou 2) romper com os EUA, e arriscar romper também com União Europeia, restando o bloco autoritário da China e Rússia. Nessa hipótese, o país se fecharia totalmente, possivelmente se tornando regime ditatorial, caso haja os meios operacionais (incluindo uso da força bruta) para tanto; 3) da perspectiva do STF, especialmente o Ministro Moraes, mas também o núcleo mais próximo de ministros que o apoiam, recuar parece ser inviável19, neste momento. Optar por um regime político fechado poderia ser visto como a única forma de manter o poder, e evitaria uma provável troca de cadeiras no Senado nas eleições de 2026, com viés à direita, com risco de impeachment alto. Claro que uma guinada radical como esta implicaria custos reputacionais altos, além de mais sanções, mas há o risco de ser encarada como a estratégia dominante da teoria dos jogos, uma vez que a reputação já é negativa, e as sanções deverão vir, de qualquer jeito.
Isso pode soar exagerado, mas as evidências estão claras. Com todos os sinais enviados pelo governo e pelo tribunal, especialmente após 9 de julho, sempre "dobrando a aposta", o rompimento com os EUA e possivelmente com a União Europeia, não só parece intencional, como provável. Se isso ocorrerá ou não, depende de diversas variáveis, que não cabem neste artigo.
Por fim: viraremos uma Venezuela?
Esta é uma indagação frequente nos últimos tempos, mas o fato é que atualmente parecemos estar mais próximos da Venezuela do que do EUA, em termos de regime político. Talvez seja cedo para dizer que existe uma juristocracia por aqui, mas é fato que o país vive um regime de exceção já há alguns anos, onde os direitos e garantias individuais são frequentemente violados, sempre de forma política seletiva, além de constante invasão da função legislativa pelo STF. O mesmo ocorreu, e numa progressão semelhante, na Venezuela. Todavia, o Brasil é um país mais complexo, com maior diversidade política, social e econômica, o que torna, em tese, mais improvável de ocorrer uma ruptura institucional por aqui, lembrando que a Venezuela contou e conta com o apoio irrestrito das Forças Armadas ao regime de Maduro. Ser improvável não significa, contudo, ser impossível de acontecer. Certamente um rompimento com os Estados Unidos não ajudará o Brasil a seguir no caminho das sociedades livres e abertas.
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1 Disponível em: https://web.stanford.edu/group/fearon-research/cgi-bin/wordpress/wp-content/uploads/2013/10/Domestic-Political-Audiences-and-the-Escalation-of-International-Disputes.pdf?utm_source=chatgpt.com
2 Ver em: https://unblock.federalregister.gov/
3 https://www.state.gov/releases/office-of-the-spokesperson/2025/07/announcement-of-visa-restrictions-on-brazilian-judicial-officials-and-their-immediate-family-members?utm_source=chatgpt.com
4 https://www.ft.com/content/3edc46ad-d23e-460b-ab40-b2401dc9d7c3?utm_source=chatgpt.com
5 https://www.migalhas.com.br/quentes/434628/moraes-ordena-bloqueio-de-conta-rumble-nega-e-aciona-justica-dos-eua?utm_source=chatgpt.com
6 https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2025-07/bolsonaro-nega-ter-descumprido-proibicao-de-uso-de-redes-sociais?utm_source=chatgpt.com
7 O conceito é de John Mueller, disponível em: https://www.cambridge.org/core/journals/american-political-science-review/article/abs/presidential-popularity-from-truman-to-johnson1/FBA184821B05C29F50256634B50440A8
8 https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/participacao-do-ministro-mauro-vieira-na-conferencia-para-a-solucao-pacifica-da-questao-da-palestina-e-a-implementacao-da-solucao-de-dois-estados-1
9 https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2025/07/26/governo-lula-retira-brasil-de-alianca-internacional-em-memoria-do-holocausto.htm?utm_source=chatgpt.com
10 https://www.reuters.com/business/energy/turkey-brazil-top-buyers-russian-diesel-lseg-data-shows-2025-01-13/?utm_source=chatgpt.com
11 https://www.reuters.com/business/aerospace-defense/how-50-us-tariff-rate-could-affect-brazilian-exports-2025-07-10/
12 https://www.reuters.com/business/brazil-scrambles-us-tariff-deadline-looms-talks-stall-2025-07-25/?utm_source=chatgpt.com
13 https://www.reuters.com/business/aerospace-defense/how-50-us-tariff-rate-could-affect-brazilian-exports-2025-07-10/
14 https://www.reuters.com/world/china/nato-says-brazil-china-india-could-be-hit-hard-by-sanctions-2025-07-15/?utm_source=chatgpt.com
15 A literatura é extensa sobre o rally round the flag: Mueller, John E. "Presidential Popularity from Truman to Johnson." APSR 64(1), 1970 - formula a noção de rally como salto súbito e tipicamente transitório de aprovação.
Baum, Matthew A. "The Constituent Foundations of the Rally-Round-the-Flag Phenomenon." ISQ 46(2), 2002 - mostra que o rally depende de consenso das elites e da mídia; quando há dissenso/polarização, o efeito é menor e mais curto.
Hetherington, Marc J.; Nelson, Michael. "Anatomy of a Rally Effect: George W. Bush and the War on Terrorism." PS 36(1), 2003 - analisa 11/9 e documenta rápida dissipação do ganho com o recrudescimento do conflito partidário.
Brody, Richard A. Assessing the President: The Media, Elite Opinion, and Public Support. Stanford UP, 1991 - argumenta que divisão entre elites e cobertura crítica minam e encurtam o rally.
Berinsky, Adam J. In Time of War: Understanding American Public Opinion from World War II to Iraq. University of Chicago Press, 2009 - demonstra que o apoio em política externa segue interesses partidários e "elite cues"; em ambiente polarizado, ganhos de aprovação tendem a ser limitados e frágeis.
16Schelling, Thomas C. "The Threat That Leaves Something to Chance." RAND, 1959 - texto seminal que define brinkmanship como manipulação do risco compartilhado; introduz o mecanismo de deixar probabilidade não controlada de escalada.
Schelling, Thomas C. The Strategy of Conflict. Harvard UP, 1960 - desenvolve compromissos credíveis, queimar pontes e irreversibilidade como formas de amarrar as mãos, elevando riscos de erro de cálculo.
Schelling, Thomas C. Arms and Influence. Yale UP, 1966 - consolida a ideia de ameaça que "deixa algo ao acaso" e a "diplomacia da violência", enfatizando que aumentar irreversibilidades e incerteza coage, mas aumenta a chance de acidentes.
17 https://www.reuters.com/world/americas/brazils-lula-approval-rating-falls-24-35-pollster-datafolha-says-2025-02-14/
18 https://www.reuters.com/world/americas/brazils-lula-approval-rating-falls-24-35-pollster-datafolha-says-2025-02-14/
19 Em artigo recente, sustentamos que a lei de anistia geral e irrestrita, tanto para os envolvidos no 8 de janeiro, como para eventuais responsabilizações futuras aos próprios ministros do STF, seria uma forma pouco custosa de distensionar o país, inclusive para o próprio tribunal, que bastaria lavar as mãos e respeitar a separação dos poderes. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/depeso/428876/o-stf-a-anistia-e-a-teoria-dos-jogos-uma-solucao-institucional


