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Turistas detidos nos aeroportos e fronteira: Os riscos de viajar aos EUA em tempos de repressão migratória, riscos estes que não precisam ser riscos

Crescem os casos de turistas deportados nos EUA por violarem regras migratórias, evidenciando a importância de informação e preparo antes da viagem.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Atualizado em 4 de agosto de 2025 09:50

Introdução

Nos últimos meses, relatos de turistas estrangeiros sendo detidos ao desembarcar nos Estados Unidos têm se tornado cada vez mais frequentes. Casos de pessoas retidas por horas ou até dias , interrogadas, revistadas e eventualmente deportadas sem sequer saírem do aeroporto, se acumulam. Diante disso, surgem questões urgentes: o turismo nos EUA corre risco de colapso? E mais: até que ponto governos estrangeiros passarão a alertar seus cidadãos contra viagens aos Estados Unidos?

Este artigo busca esclarecer os reais motivos por trás dessas detenções e mostrar como evitar riscos que, com a devida orientação, são plenamente evitáveis.

Entendendo o cenário: Repressão ou regras mais rígidas?

Ao contrário do que muitos imaginam, as detenções não decorrem de fatores ideológicos ou políticos. Na verdade, segundo especialistas em imigração e relatos diretos de viajantes, o problema está, em sua essência, no desconhecimento das regras migratórias americanas. Essas regras passaram a ser aplicadas com maior rigor, principalmente após a administração Trump - cujos reflexos ainda são sentidos na atual gestão.

O erro mais comum: Trabalhar com visto de turista

Uma das principais causas de deportação ou impedimento de entrada é o envolvimento, mesmo que mínimo, em atividades econômicas com vistos inadequados - como o B2 (turismo) ou a autorização de viagem via ESTA.

Engana-se quem pensa que isso se refere apenas a empregos formais. Até mesmo work exchanges - como os oferecidos por plataformas populares como Workaway ou WWOOF - são considerados trabalho não autorizado. Nessas trocas, o visitante oferece serviços simples, como limpeza de uma casa ou auxílio em fazendas, em troca de hospedagem e alimentação.

De acordo com a legislação americana, qualquer troca de serviço por benefício (mesmo que não envolva pagamento em dinheiro) pode ser classificada como trabalho. Nesse cenário, um turista que decide ajudar a cuidar de animais em Wyoming, por exemplo, pode ser legalmente tratado como um imigrante ilegal.

Não é exclusividade dos EUA

Embora a política migratória americana seja, de fato, uma das mais rígidas, outros países desenvolvidos seguem linhas semelhantes. Na Noruega, por exemplo, cidadãos de fora da União Europeia também não podem realizar trabalho voluntário em fazendas sem a devida permissão.

A diferença está na abordagem: enquanto em alguns países a consequência pode se limitar a um alerta verbal, nos EUA o risco de deportação imediata é real e frequente.

O preço da desinformação

Muitos dos problemas enfrentados por turistas decorrem da falta de informação. A crença de que "todo mundo faz isso" ou de que "ninguém vai se importar com uma ajudinha aqui ou ali" é extremamente perigosa.

As autoridades americanas, especialmente em aeroportos movimentados como os de Nova York, Miami e Los Angeles, estão cada vez mais preparadas para identificar essas situações e agir conforme a lei - sem margem para erros ou interpretações alternativas.

Como evitar problemas: Informação é defesa

Para quem deseja evitar surpresas desagradáveis ao chegar nos Estados Unidos, o conselho é claro:

  • Informe-se profundamente sobre as restrições e obrigações do seu tipo de visto;
  • Evite qualquer tipo de atividade que possa ser interpretada como trabalho, mesmo informal ou voluntário;
  • Esteja pronto para explicar o propósito da sua visita com clareza e consistência;
  • Consulte um advogado de imigração qualificado - e não apenas agências ou assessorias que têm como objetivo final a venda de passagens.

Os Estados Unidos continuam sendo promovidos ao mundo como a "terra da liberdade", mas, para quem desembarca com uma mochila nas costas e sonhos no coração, a realidade pode ser diferente. A repressão migratória em curso mostra que, hoje, liberdade tem fronteiras - e que ultrapassá-las exige, mais do que nunca, conhecimento, estratégia e responsabilidade.

Witer Desiqueira

Witer Desiqueira

Especializado em Direito Corporativo e Imigratório Americano.

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