A nova CNH e a democratização do acesso: Um avanço necessário para o Brasil
O projeto para modernizar a CNH promete tornar o processo mais acessível e digital, reduzindo custos e ampliando inclusão sem perder qualidade e segurança.
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Atualizado às 10:42
O Brasil está às vésperas de uma mudança significativa no processo de obtenção da CNH - Carteira Nacional de Habilitação. O projeto conduzido pelo Ministério dos Transportes propõe tornar o processo mais acessível, digital e menos oneroso, principalmente para a população de baixa renda e, na minha visão, trata-se de um passo importante rumo à inclusão econômica e social.
Atualmente, o processo de habilitação pode custar entre R$ 2.000 e R$ 4.000, dependendo da região, tornando-se inviável para milhões de brasileiros. Em muitos casos, a CNH não é apenas um documento de mobilidade, mas uma ferramenta essencial de trabalho. É por isso que a proposta do governo merece atenção. Ela busca reduzir custos sem abrir mão da segurança no trânsito. E isso é possível.
Entre as principais mudanças está o fim da obrigatoriedade de frequentar autoescolas, o que permitirá que o cidadão escolha como vai se preparar: com instrutores autônomos credenciados pelos Detrans ou por meio de uma plataforma digital homologada, que oferecerá aulas teóricas gratuitas e padronizadas. As provas teórica e prática continuarão obrigatórias, aplicadas com o mesmo rigor, o que garante a manutenção da qualidade na formação de novos condutores.
É importante reforçar que não se trata de precarização do processo, como algumas críticas apontam, mas sim de modernização. Estamos falando de um sistema mais flexível, que respeita a autonomia do cidadão e amplia as possibilidades de acesso sem comprometer a fiscalização e o controle de qualidade. A regulamentação será feita por meio de uma resolução do Contran - Conselho Nacional de Trânsito, que estabelecerá critérios técnicos para o funcionamento dessa nova estrutura.
Do ponto de vista econômico, os impactos podem ser extremamente positivos. A redução do custo da CNH pode impulsionar a formalização de trabalhadores que hoje atuam na informalidade, como motoristas de aplicativo, mototaxistas e entregadores. Isso significa mais renda para as famílias, mais arrecadação para os cofres públicos e maior movimentação econômica, especialmente nas periferias urbanas e regiões mais afastadas dos grandes centros.
Além disso, facilitar o acesso à CNH é também uma forma de justiça social. A burocracia e os altos custos do modelo atual acabam excluindo milhões de brasileiros de um direito básico à mobilidade e ao trabalho. A nova proposta corrige essa distorção e sinaliza que o Estado está atento às reais necessidades da população.
É evidente que toda mudança requer responsabilidade e acompanhamento. O sucesso desse novo modelo dependerá de uma regulamentação eficiente, fiscalização ativa e de um esforço coordenado entre União, Detrans e a sociedade civil. Mas não podemos mais adiar o debate sobre um sistema que, até aqui, funcionava de forma engessada e excludente.
Em tempos de transformação digital e de busca por inclusão, modernizar o processo de habilitação é não apenas desejável, é necessário.
A CNH mais acessível é uma ponte entre a informalidade e a cidadania. E essa ponte precisa começar a ser construída agora.
Bruno Medeiros Durão
Advogado tributarista no escritório Bruno Durão Advocacia.

