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Governança associativa: Segurança institucional para entidades

Sem governança, entidades correm riscos de nulidade, conflitos internos e responsabilização pessoal de dirigentes. Estruturar regras claras é requisito de sobrevivência institucional.

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Atualizado às 11:04

Nos últimos anos, sindicatos e associações têm enfrentado não apenas a redução de receitas decorrente da reforma trabalhista (no caso dos sindicatos), mas também riscos jurídicos crescentes. Assembleias impugnadas, atas recusadas em cartório, estatutos desatualizados e dirigentes responsabilizados pessoalmente são apenas alguns exemplos de como a ausência de governança fragiliza entidades que deveriam ser pilares de representação.

A lógica própria das entidades de classe

Uma entidade associativa ou sindical não funciona como uma empresa. Sua dinâmica é colegiada, permeada por interesses divergentes entre membros da diretoria e submetida ao escrutínio constante de órgãos públicos, Ministério Público e até do próprio Poder Judiciário.

É por isso que aplicar ao pé da letra modelos de governança corporativa não basta: é necessário adaptar instrumentos jurídicos e administrativos à realidade específica dessas instituições.

Riscos jurídicos da ausência de governança

A prática mostra que a falta de um modelo estruturado gera consequências graves:

  1. Assembleias frágeis - Convocações feitas fora do prazo ou atas mal redigidas comprometem a validade das deliberações (art. 54 do CC)
  2. Diretores expostos - Sem compliance, dirigentes podem responder pessoalmente por atos de gestão (arts. 47 e 1.012 do CC)
  3. Estatutos engessados - Documentos não atualizados perdem aderência à legislação e travam decisões importantes
  4. Perda de legitimidade institucional - Entidade que não comprova regularidade documental perde força em negociações coletivas.

O que muda com uma governança bem estruturada

A adoção de mecanismos adequados permite que:

  • Diretores atuem com clareza sobre seus limites de responsabilidade;
  • Assembleias sejam conduzidas com previsibilidade e respaldo jurídico;
  • Estatutos, regimentos e códigos de conduta estejam alinhados à legislação vigente;
  • A entidade se fortaleça institucionalmente, inclusive diante de sindicatos de trabalhadores.

Da teoria à prática: O modelo estratégico de segurança associativa

Com base em anos de atuação direta junto a sindicatos e associações, desenvolvi o Método M.E.S.A.® - Modelo Estratégico de Segurança Associativa. Ele organiza em etapas práticas as principais entregas jurídicas e administrativas que uma entidade precisa para operar com estabilidade: desde a revisão estatutária até a condução de assembleias, registro de atas e implementação de compliance diretivo.

Mais do que burocracia, governança associativa é proteção institucional. É o que garante que dirigentes exerçam seu papel de representação sem riscos desnecessários e que a entidade cumpra sua missão com legitimidade.

Conclusão

Em um cenário cada vez mais complexo, a governança deixou de ser um diferencial para se tornar um requisito de sobrevivência para sindicatos e associações. O desafio não é apenas jurídico, mas também institucional: criar bases sólidas para que essas entidades continuem sendo voz legítima de seus representados.

Thiago Giovanni Rodrigues

VIP Thiago Giovanni Rodrigues

Sócio no escritório Rosenthal e Sarfatis Metta. Pós-Graduado em Direitos Fundamentais pela Universidade de Coimbra. LL.M em Direito de Negócios pela FMU. Pós-Graduando em Direito Empresarial pela FGV.

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