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Pix x golpes: Como as novas regras do Banco Central vão proteger você

Banco Central moderniza Mecanismo Especial de Devolução com rastreamento ampliado e contestação 100% digital para enfrentar epidemia de fraudes que já vitimou 24 milhões de brasileiros.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Atualizado às 11:20

O sistema de pagamentos instantâneos, que se tornou um pilar das transações financeiras no Brasil, também virou o alvo preferido dos criminosos digitais. Entre julho de 2024 e junho de 2025, os golpes do pix e boletos bancários causaram um prejuízo de quase R$ 29 bilhões, vitimando cerca de 24 milhões de brasileiros.

Para combater essa "epidemia de fraudes", o Banco Central publicou, no dia 28/8/25, a resolução BCB 493, que moderniza o MED - Mecanismo Especial de Devolução. As mudanças são significativas, pois prometem transformar a forma como as vítimas podem recuperar o dinheiro perdido. Atualmente, a taxa de sucesso é insatisfatória, com apenas 8% dos valores contestados retornando às vítimas. Isso acontece porque o MED, em sua arquitetura original, só consegue rastrear a primeira transferência.

O que muda para as vítimas?

A partir de agora, o processo de recuperação se torna mais rápido e eficiente:

Contestação 100% digital: A partir de 1/10/25, as vítimas poderão acionar o MED diretamente pelo aplicativo do banco, no próprio ambiente do pix. Isso elimina a necessidade de ligar para centrais de atendimento ou ir a agências, economizando tempo precioso enquanto o dinheiro ainda pode ser rastreado. A vítima deverá anexar as provas do golpe, como boletim de ocorrência e prints de conversas, diretamente no app.

Rastreamento ampliado: A inovação mais impactante é a capacidade de rastrear o dinheiro em até cinco transferências. O sistema vai acompanhar o trajeto do valor, identificando as contas intermediárias por onde o dinheiro circulou. Essa funcionalidade será facultativa a partir de 23/11/25 e se tornará obrigatória em 2/2/26.

Prazos claros: A nova norma estabelece um cronograma definido para todo o processo, garantindo mais previsibilidade para as vítimas:

  • 80 dias: Prazo para a vítima registrar o pedido de devolução.
  • 7 dias: Prazo para o banco analisar o caso.
  • 96 horas: Prazo para efetuar a devolução após a confirmação do golpe.

Proteção x punição

As novas regras não visam apenas a proteção das vítimas, mas também a punição dos golpistas. A capacidade de rastrear o dinheiro em múltiplas contas torna o cenário muito mais hostil para os criminosos, que não poderão mais movimentar os valores para contas "não rastreáveis" com tanta facilidade.

O setor financeiro também defende medidas adicionais, como o banimento de clientes que emprestam suas contas para escoar dinheiro de crimes, além de punições individuais a dirigentes de instituições com alto índice de fraudes.

As mudanças entram em vigor de forma escalonada, dando tempo para que bancos e usuários se adaptem. O sucesso dependerá da tecnologia, mas também da educação dos usuários e da cooperação entre as instituições financeiras.

Kênia Rodrigues Quintal

VIP Kênia Rodrigues Quintal

Advogada há mais de 20 anos, desde 2021 exerce o cargo de Procuradora-Geral do Município de Carapebus.

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