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Setembro Amarelo: Depressão e os direitos no INSS

Todos os anos, no mês de setembro, o Brasil se une ao movimento Setembro Amarelo, campanha de conscientização sobre a importância da prevenção ao suicídio e do cuidado com a saúde mental.

sábado, 27 de setembro de 2025

Atualizado em 26 de setembro de 2025 13:29

Todos os anos, no mês de setembro, o Brasil se une ao movimento Setembro Amarelo, campanha de conscientização sobre a importância da prevenção ao suicídio e do cuidado com a saúde mental.

Entre os principais fatores de risco está a depressão, uma doença silenciosa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Mas além da dimensão médica e psicológica, a depressão também gera reflexos no Direito Previdenciário.

Muitas pessoas que enfrentam essa condição se veem incapazes de trabalhar e precisam recorrer ao INSS para obter benefícios como o auxílio-doença (auxílio por incapacidade temporária) ou até a aposentadoria por incapacidade permanente.

Este artigo tem o objetivo de explicar, de forma clara e completa:

  • O que é o Setembro Amarelo e por que ele é tão importante;
  • Como a depressão é reconhecida como doença incapacitante;
  • Quais benefícios do INSS podem ser solicitados;
  • Quais documentos e provas são necessários;
  • Quais os erros mais comuns que levam à negativa;
  • O que fazer em caso de indeferimento;
  • A importância do advogado especialista em previdência.

Confira agora mesmo!

1. O Setembro Amarelo e a luta contra o estigma

O Setembro Amarelo surgiu como um movimento global de valorização da vida e prevenção ao suicídio. No Brasil, é promovido pelo CFM - Conselho Federal de Medicina, pela ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria e pelo Ministério da Saúde.

Dados da OMS - Organização Mundial da Saúde:

  • O suicídio é a 2ª maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos;
  • Mais de 700 mil pessoas morrem todos os anos por suicídio;
  • Para cada morte, estima-se que até 20 pessoas tentam tirar a própria vida.

Grande parte desses casos está relacionada à depressão não tratada, à falta de apoio social e às dificuldades em manter uma vida digna.

2. Depressão como doença incapacitante

A depressão não é apenas "tristeza" ou "falta de vontade".

É um transtorno mental grave que pode gerar:

  • Perda de energia;
  • Dificuldade de concentração;
  • Alterações no sono e apetite;
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa;
  • Ideação suicida.

Quando os sintomas atingem intensidade suficiente para impedir o exercício da atividade profissional, a depressão passa a ser reconhecida como doença incapacitante. Nesse cenário, o trabalhador pode solicitar benefícios ao INSS.

3. Benefícios do INSS para quem sofre com depressão

A depressão pode dar direito a diferentes benefícios previdenciários, dependendo da gravidade e da duração da incapacidade:

3.1 Auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença)

Concedido quando o segurado está temporariamente incapaz de trabalhar, mas com possibilidade de recuperação.

3.2 Aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez)

Quando a incapacidade é considerada definitiva e não há expectativa de retorno ao trabalho.

3.3 Auxílio-acidente

Pode ser concedido se a depressão tiver origem em acidente de trabalho ou estiver associada a sequelas que reduzam a capacidade laboral.

3.4 BPC/LOAS - Benefício de Prestação Continuada

Se a pessoa não tiver contribuições suficientes, mas estiver em situação de vulnerabilidade social, pode solicitar o BPC.

4. Requisitos para ter direito

Para obter benefícios do INSS relacionados à depressão, é necessário comprovar:

  • Qualidade de segurado: Estar contribuindo para o INSS ou dentro do período de graça;
  • Carência mínima de 12 meses de contribuições (não exigida em casos graves);
  • Incapacidade laboral comprovada por perícia médica;
  • Laudos médicos e exames que atestem o diagnóstico e o impacto funcional.

5. A perícia médica no INSS

A perícia médica é o ponto mais sensível.

O perito vai avaliar:

  • Histórico clínico;
  • Relatórios de psiquiatras e psicólogos;
  • Evolução do tratamento;
  • Impacto da doença na capacidade laboral.

Problema comum: o perito pode minimizar a gravidade da depressão, negando o benefício. Por isso, relatórios detalhados de profissionais de saúde são fundamentais.

6. Documentos importantes

  • Atestados médicos recentes;
  • Laudos psiquiátricos;
  • Relatórios de psicoterapia;
  • Prescrição de medicamentos;
  • Exames complementares (quando houver);
  • Histórico de internações.

Quanto mais robusta a documentação, maiores as chances de êxito.

7. Situações comuns de negativa

O INSS pode negar o pedido alegando:

  • "Ausência de incapacidade";
  • "Inexistência de qualidade de segurado";
  • "Carência não cumprida";
  • "Doença não incapacitante".

Em muitos desses casos, o indeferimento é injusto e pode ser revertido.

8. O que fazer se o pedido for negado

Existem dois caminhos:

  • Recurso administrativo dentro do próprio INSS;
  • Ação judicial, onde a perícia é realizada por perito independente indicado pelo juiz.

Na Justiça, as chances de êxito aumentam, especialmente quando o segurado está acompanhado por um advogado.

9. Relação entre trabalho e saúde mental

Além dos fatores biológicos, o trabalho pode contribuir para o adoecimento mental:

  • Excesso de metas;
  • Assédio moral;
  • Jornadas extenuantes.

Nesses casos, é possível pleitear auxílio-doença acidentário (B91), com estabilidade de 12 meses após a alta.

10. O papel do advogado especialista

Um advogado previdenciário ajuda a:

  • Organizar documentação médica;
  • Preparar o segurado para a perícia;
  • Evitar erros no requerimento;
  • Recorrer de negativas;
  • Garantir valores retroativos.

A campanha do Setembro Amarelo não é apenas um alerta para a prevenção do suicídio, mas também uma oportunidade para:

  • Combater o estigma da depressão;
  • Orientar sobre direitos sociais e previdenciários;
  • Mostrar que buscar ajuda médica e jurídica é fundamental.

A depressão é uma doença grave, que pode incapacitar o trabalhador e comprometer sua dignidade. O Setembro Amarelo reforça a necessidade de cuidado, prevenção e informação.

No campo previdenciário, o INSS reconhece a depressão como causa de incapacidade, desde que comprovada com documentação médica robusta.

Por isso, conhecer seus direitos e contar com apoio especializado faz toda a diferença.

Se você sofre com depressão e precisa de apoio para garantir seus direitos no INSS, não enfrente essa luta sozinho.

Hermann Richard Beinroth

VIP Hermann Richard Beinroth

Mestrando em Direito Público pela Fumec, Pós Graduado em Pratica Previdenciária, Professor de Cursos e Pós Graduações, Ex Vice-Presidente Comissão de Direito Previdenciario da OAB/MG, Membro IBDP.

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