Os 3 pontos trabalhistas de um hospital que podem gerar passivos e como evitá-los
Escalas, atestados e advertências podem gerar passivos invisíveis. Veja como corrigir os 3 pontos críticos do RH hospitalar e proteger sua instituição de riscos.
quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Atualizado às 12:23
A rotina hospitalar é dinâmica, intensa e imprevisível.
No meio de escalas, plantões, atestados e urgências, o que muitas vezes passa despercebido são as fragilidades jurídicas que se instalam silenciosamente nas práticas de gestão de pessoas.
E o mais importante: esses riscos não surgem por má-fé, mas por falta de revisão técnica.
Em três pontos específicos - contratos de trabalho, atestados e advertências disciplinares - os hospitais vêm acumulando vulnerabilidades que poderiam ser facilmente prevenidas.
1º ponto - Contratos sem cláusula de jornada diferenciada e sem previsão de alteração
Em instituições de saúde, as jornadas diferenciadas (12x36, 24x72, turnos mistos) são essenciais para manter a continuidade do atendimento.
Contudo, muitos contratos de trabalho ainda não trazem cláusula expressa que:
- Formalize o regime de jornada praticado, e
- Autorize eventuais alterações por necessidade do serviço.
Essa omissão expõe o hospital a riscos como:
- Nulidade da jornada praticada, com condenação em horas extras;
- Alegações de alteração contratual lesiva, se houver mudança de escala;
- Dificuldade de defesa, por ausência de previsão contratual específica.
Como corrigir:
Revisar todos os contratos vigentes e inserir cláusula expressa que descreva a jornada diferenciada com base na norma coletiva aplicável e na natureza assistencial da atividade.
Também deve constar a possibilidade de ajuste ou alteração, mediante aviso prévio e respeito aos limites legais.
2º ponto - Atestados e afastamentos sem protocolo de validação
Entre os maiores desafios dos hospitais estão os atestados médicos e afastamentos recorrentes, que afetam diretamente a escala e a folha de pagamento.
O problema é que, na maioria das instituições, não há um protocolo formal de validação.
Sem esse controle, surgem situações como:
- Aceitação de atestados de fontes duvidosas;
- Tratamento desigual entre setores;
- Ausência de registro adequado no prontuário funcional.
Tudo isso gera insegurança jurídica e perda de credibilidade do RH.
Como corrigir:
Implementar um protocolo de validação de atestados, documentando:
- Critérios objetivos para aceitação e recusa;
- Responsabilidade de cada setor (RH, medicina ocupacional e liderança);
- Fluxo padronizado de registro e arquivamento.
Essa prática garante uniformidade, transparência e proteção tanto ao hospital quanto ao empregado.
3º ponto - Advertências disciplinares sem padrão de aplicação
Em ambientes complexos como os hospitais, o poder disciplinar é essencial para manter a ordem, mas quando cada gestor aplica advertências de forma diferente, o resultado é desastroso:
- Perda de autoridade do RH;
- Alegações de tratamento desigual;
- Risco de anulação de punições em ações trabalhistas.
Como corrigir:
Criar e divulgar um protocolo disciplinar padronizado, que defina:
- Critérios objetivos para aplicação de advertências;
- Prazos, registros e assinaturas obrigatórias;
- Linguagem padronizada e não punitiva.
Além disso, é fundamental treinar os líderes - porque o problema disciplinar geralmente nasce na fala errada de um gestor, não na ausência de norma.
Conclusão - O preventivo começa na revisão da rotina
Os riscos trabalhistas hospitalares não surgem de um único erro, mas da repetição de práticas sem revisão.
Corrigir esses três pontos - contratos, atestados e advertências - não é apenas adequação legal, é gestão responsável.
No ambiente hospitalar, onde o erro custa caro e o tempo é escasso, atuar preventivamente é um ato de cuidado com quem cuida.
Procure um advogado especialista em Direito Trabalhista preventivo hospitalar para te orientar acerca dessas revisões essenciais para a segurança jurídica do hospital.


