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Contabilidade para advogados: Desconstruindo mitos

Descubra os principais mitos sobre contabilidade para advogados e entenda como uma gestão contábil estratégica pode impulsionar o crescimento e a segurança dos escritórios jurídicos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Atualizado às 13:32

O ponto cego da advocacia moderna

A advocacia sempre foi associada à técnica, à eloquência e ao domínio das leis. No entanto, há um ponto cego que muitos profissionais insistem em ignorar: a gestão contábil e financeira.

Entre petições, prazos e audiências, é comum que advogados deixem a administração do escritório em segundo plano. A contabilidade, nesse contexto, costuma ser vista como uma obrigação fiscal, algo que "precisa ser feito" apenas para evitar problemas com a Receita Federal.

Mas essa visão é ultrapassada. A contabilidade não é um custo, é uma ferramenta de crescimento e blindagem patrimonial. Quando bem aplicada, ela transforma o escritório em uma estrutura sólida, previsível e lucrativa.

E é justamente sobre isso que este artigo trata.

Ao longo das próximas seções, vamos desconstruir os principais mitos sobre contabilidade para advogados,ideias enraizadas que, muitas vezes, impedem o crescimento dos escritórios jurídicos e colocam em risco a saúde financeira de profissionais brilhantes.

Mito 1 - "Contabilidade é só para quem tem CNPJ."

Esse é, talvez, o mito mais comum entre advogados iniciantes.

Mesmo sem CNPJ, o advogado que atua como autônomo pessoa física e recebe honorários por transferência bancária ou Pix já está no radar da Receita Federal. O cruzamento de dados é automático e cada movimentação é monitorada.

Sem o devido controle e a declaração correta desses rendimentos, o profissional corre o risco de cair na malha fina, sofrer multas e até ter a conta bancária bloqueada.

Portanto, a contabilidade não começa com a abertura de um CNPJ - ela começa com a organização e conformidade da sua rotina financeira, ainda como pessoa física.

Mito 2 - "É só emitir o DAS todo mês que está tudo certo."

Nem sempre.

No caso dos advogados enquadrados no Simples Nacional - Anexo IV, o DAS - Documento de Arrecadação do Simples cobre parte dos tributos, mas não todos.

Ainda há a CPP - Contribuição Previdenciária Patronal sobre o pró-labore, o INSS do sócio, e as obrigações acessórias como DCTFWeb, EFDReinf, eSocial, DEFIS, etc.

Quando esses itens não são acompanhados corretamente, surgem multas, pendências fiscais e até inconsistências no CNPJ, comprometendo a regularidade perante a OAB e a Receita Federal.

Uma contabilidade especializada garante que todas as obrigações estejam em dia, sem surpresas desagradáveis.

Mito 3 - "Meu escritório é pequeno, não preciso de contadora."

Essa é uma armadilha clássica.

O erro não está em começar pequeno, o erro está em crescer sem estrutura.

Um escritório que inicia desorganizado, sem controle de receitas, pró-labore e tributos, pode até prosperar por um tempo. Mas, inevitavelmente, chega o momento em que as falhas acumuladas cobram o preço: retrabalho, débitos fiscais e bloqueios de crescimento.

A contabilidade é a base do crescimento sustentável. É ela que organiza os números, define margens de lucro, ajuda a planejar contratações e mostra o caminho para escalar com segurança.

Mito 4 - "Contabilidade é tudo igual."

Definitivamente, não é.

A advocacia possui um regime tributário próprio, regido pelo Anexo IV do Simples Nacional, com regras específicas para Contribuição Previdenciária, ISS municipal e distribuição de lucros.

Tratar um escritório de advocacia como uma loja ou uma clínica é um erro que pode custar caro.

Uma contabilidade genérica muitas vezes não compreende as peculiaridades do CNAE 6911-7/01, nem as exigências da OAB. Isso pode resultar em códigos fiscais aplicados de forma incorreta, tributação acima do necessário e falhas na entrega de obrigações acessórias.

Por outro lado, uma contabilidade especializada para advogados entende as nuances do setor, garante segurança jurídica e otimiza a carga tributária de forma legal e eficiente.

Da desconstrução à Estratégia: A nova contabilidade para advogado

Desconstruir esses mitos é o primeiro passo para construir uma advocacia sólida e financeiramente saudável.

O cenário jurídico atual exige que o advogado pense como empreendedor: com planejamento, dados e gestão. E, nesse contexto, a contabilidade deixa de ser um item burocrático para se tornar um instrumento estratégico de decisão.

Ela permite saber exatamente:

  • Quanto o escritório realmente lucra;
  • Quanto pode ser retirado como pró-labore e como distribuição de lucros isenta;
  • Qual o melhor momento para contratar, investir ou migrar de regime tributário;
  • E como se manter 100% regular perante a Receita e a OAB.

Contabilidade bem feita é, portanto, sinônimo de liberdade, previsibilidade e crescimento.

Blindagem, não burocracia

A advocacia moderna exige visão empresarial. A contabilidade não é um obstáculo, mas um escudo estratégico.

Ignorar sua importância é como advogar sem conhecer o processo: cedo ou tarde, os efeitos aparecem.

Entender de contabilidade não é apenas sobre pagar menos imposto, é sobre crescer com segurança, ética e inteligência fiscal.

A advocacia é o seu ofício. Garantir que ela seja financeiramente sustentável é o papel da contabilidade.

Alexandra Rocha

VIP Alexandra Rocha

Contadora Especializada em Advogados. CRC/CE 28664. Atua à frente da A R Contabilidade, oferecendo gestão contábil estratégica para Advogados. @alexandrarocha.cont

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