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Empresas em crise: Estratégias legais para evitar a perda do patrimônio

A inadimplência empresarial cresce no Brasil e exige estratégias legais eficazes para preservar o patrimônio da empresa e de seus sócios.

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Atualizado às 09:04

Caminhos legais para empresas em crise protegerem seu patrimônio

Nos últimos anos, o ambiente econômico desafiador tem pressionado empresas de todos os setores, especialmente micro e pequenas empresas, a enfrentarem um crescente ciclo de endividamento. A inadimplência empresarial tornou-se uma realidade cotidiana e, diante disso, é essencial que empresários conheçam os instrumentos legais disponíveis para reorganizar suas finanças e proteger seus bens.

O risco patrimonial dos sócios

Ao contrário do que muitos pensam, a separação entre o patrimônio da empresa e o pessoal dos sócios nem sempre é absoluta. Em diversas situações, como em execuções fiscais, ações trabalhistas ou fraudes comprovadas, a Justiça pode autorizar o redirecionamento da dívida para os bens dos sócios - a chamada desconsideração da personalidade jurídica.

Além disso, quase a totalidade dos contratos bancários preveem a responsabilidade solidária dos sócios, na condição de avalistas, no pagamento da dívida. Ou seja, em caso de execução, o banco não precisa instaurar o incidente de desconsideração da personalidade jurídica para acessar o patrimônio dos sócios.

Assim, mesmo em empresas formalmente limitadas, o risco pessoal existe e cresce à medida que a inadimplência avança sem reação jurídica adequada.

Instrumentos legais de proteção

Existem caminhos legais eficazes para reorganizar o passivo empresarial e proteger o patrimônio. Entre os principais instrumentos, destacam-se:

1. Renegociação extrajudicial de dívidas

Antes de buscar a via judicial, é possível negociar diretamente com os credores. Com o suporte de assessoria jurídica especializada, é possível obter:

  • Redução de encargos e juros abusivos;
  • Prazos mais longos para pagamento;
  • Suspensão de cobranças enquanto se negocia.

Essas medidas podem evitar protestos, ações de execução e bloqueios de bens.

2. Ação revisional de contrato bancário

Muitas dívidas empresariais são oriundas de contratos bancários com cláusulas abusivas ou juros excessivos. Nesses casos, cabe ajuizar ações revisionais, visando:

  • Redução de encargos financeiros;
  • Retirada de tarifas ilegais;
  • Suspensão de cobranças indevidas.

É possível ainda obter liminares para impedir bloqueios e protestos.

3. Reestruturação patrimonial lícita

Embora não se deva confundir com fraudes ou ocultação de bens, a estruturação societária e patrimonial pode ser revista para proteger legalmente os bens dos sócios. Exemplos incluem:

  • Constituição de holding patrimonial;
  • Doação com reserva de usufruto;
  • Planejamento sucessório e empresarial.

Tais medidas, quando feitas com antecedência e legalidade, aumentam a resiliência da empresa.

A importância da prevenção e da orientação jurídica

A inadimplência empresarial não deve ser enfrentada de forma passiva. A simples espera pode transformar uma dívida negociável em uma execução irreversível. Por isso, buscar assessoria jurídica preventiva é essencial para preservar o negócio e o patrimônio familiar.

Empresas com orientação adequada conseguem não apenas renegociar suas dívidas, mas também evitar bloqueios, manter sua operação ativa e, muitas vezes, recuperar a saúde financeira.

Emerson Saldanha Coutinho

VIP Emerson Saldanha Coutinho

Advogado especialista em redução de dívidas bancárias empresariais. Sócio fundador do escritório ESC Advocacia. OAB/CE 52416 | OAB/SP 536.612

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