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Sem comunicação, não há conexão

A comunicação e a inteligência emocional são essenciais para relações e sucesso. A escuta ativa e o autoconhecimento criam conexões autênticas e ambientes transformadores.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Atualizado às 09:59

A ideia deste texto surgiu num momento de reflexão, após experiência profissional vivenciada por mim e realização de leituras sobre o assunto.

Vivemos num mundo extremamente agitado, no qual nos comunicamos através de diversas plataformas (e-mails, reuniões virtuais, whatsapp etc.), mas nunca tivemos tão desconectados. Ouvir, ou melhor, escutar, se tornou um ato raro.

Há uma grande diferença entre ouvir e escutar. Ouvir é um ato biológico de perceber os sons, ou seja, quando alguém fala, você ouve as palavras, os ruídos e o tom de voz. Por outro lado, escutar é um ato de atenção e intenção, ou seja, você entende, interpreta e se conecta.

A partir do momento que a escuta entra em ação, gerando conexão, pode-se dizer que se deu início a uma boa comunicação.

A palavra "comunicação" vem do latim "communicare", que significa "compartilhar" ou "tornar comum". A própria origem do termo já revela sua essência: comunicar é criar pontes, dividir significados e gerar compreensão mútua.

A comunicação não é tão somente a troca de palavras, mas sim o elo invisível que une as pessoas, constrói confiança e faz as relações profissionais e pessoais prosperarem.

No ambiente corporativo, é imprescindível o investimento em tecnologias, processos, performances, dentre outras, para se ter condições de enfrentar esse mercado tão competitivo. Entretanto, sem comunicação, nenhuma estratégia se sustenta.

Onde não há comunicação, há mal entendidos, conflitos, distanciamento, perda da confiança, perda da referência e rupturas. É o caminho certo para a catástrofe. Sim, é fato!!! Digo isso, por experiência própria. Afinal, quem nunca viveu as consequências do que ficou sem ser dito e/ou não ter escutado?

A comunicação é essencial para manter a estabilidade do conjunto de habilidades interpessoais conhecidas como soft skills. Portanto, é pela comunicação que ideias saem do papel, relações se consolidam e resultados acontecem de verdade.

Afinal, como fazer para melhorar a comunicação? Entendo, deve-se: (i) praticar a escuta ativa (permitir que a outra pessoa tenha tempo suficiente para expor a sua mensagem, sendo que não devemos "atropelar" durante tal exposição); (ii) ter assertividade (transmitir a mensagem de forma objetiva, sem causar enganos ou erros); (iii) possuir uma boa negociação (convencer a outra parte que seu ponto de vista e solução é o melhor para ambas as partes); e (iv) dar e receber feedbacks (saber transmitir um retorno ou resposta, seja positivo ou negativo, sem levar para o lado pessoal).

Comunicar-se bem não é simples, pois exige prática, autoconhecimento e dedicação. Por isso, decidi encarar o desafio e me matricular em um curso intenso de oratória, com o propósito de aprimorar minha forma de comunicar em todos os sentidos. A experiência tem sido extremamente enriquecedora e os resultados já são perceptíveis no meu dia a dia.

Procuro manter minha comunicação sempre estratégica, mas autêntica. Antes de me expressar, observo o ambiente e as pessoas, buscando a melhor forma de criar uma conexão genuína.

Confesso que não é fácil. Precisei compreender o verdadeiro significado de "inteligência emocional" para alcançar o início de uma comunicação realmente eficaz.

O que seria inteligência emocional? Trata-se da capacidade de identificar e lidar com as emoções e os sentimentos pessoais e de outros indivíduos. É uma habilidade para gerenciarmos melhor os nossos sentimentos em todas as situações de nossa vida, especialmente entender os nossos "gatilhos".

De acordo com Daniel Goleman, psicólogo e escritor que popularizou o conceito de inteligência emocional, o verdadeiro diferencial das pessoas está na forma como lidam com suas emoções e se relacionam com os outros. Ele dividiu a inteligência emocional em cinco pilares principais:

  • Autoconhecimento emocional - perceber e entender as próprias emoções;
  • Autocontrole - saber lidar com impulsos e emoções negativas;
  • Motivação - manter o foco e a persistência diante de desafios;
  • Empatia - compreender as emoções e perspectivas dos outros; e
  • Habilidades sociais - construir e manter relacionamentos saudáveis.

Durante a minha trajetória profissional, notei que o termo "liderança inspiradora" é muito usado no mundo corporativo e com razão. Um bom líder precisa unir técnica, visão, agilidade, honestidade, integridade, dentre outras características. Mas, acima de tudo, precisa inspirar. Afinal, é a inspiração que conecta, emociona e transforma pessoas.

Desenvolver a inteligência emocional é um exercício diário. Afinal, lidamos com diferentes emoções a cada momento e aprender a administrá-las é o que nos torna mais equilibrados e humanos.

O mais curioso ou desafiador é que nossas emoções não afetam apenas a nós mesmos. Elas se propagam, criando um efeito em cadeia ao nosso redor. Imagine o impacto de alguém que chega ao trabalho carregado de raiva, desrespeitando colegas e espalhando tensão. Em pouco tempo, o ambiente inteiro pode ser contaminado e todos começam a agir de forma ríspida, sem entender de onde veio o mal-estar.

Desenvolver a inteligência emocional é um processo que começa com a consciência sobre quem somos e como reagimos. Envolve dominar as próprias emoções, comunicar-se melhor, treinar a mente para responder com calma ao invés de agir no impulso, reconhecer forças e fraquezas, respeitar limites, praticar empatia, manter a resiliência e aprender a agir com equilíbrio mesmo sob pressão.

Diante de tudo o que foi exposto, fica claro que a boa comunicação e a inteligência emocional caminham lado a lado e são determinantes para o sucesso pessoal e profissional. Desenvolver essas habilidades é um processo contínuo, que exige autoconhecimento, empatia e prática diária. Mais do que ferramentas de trabalho, elas são pontes que conectam pessoas, fortalecem relações e transformam ambientes.

Por fim, comunicar-se com equilíbrio emocional é não apenas uma competência, mas uma verdadeira arte de convivência.

Marcel Mattos de Oliveira

VIP Marcel Mattos de Oliveira

Advogado com mais de 15 anos de experiência em Direito Contratual, Societário e Consultivo. Atuação em emissora de televisão, escritórios de advocacia e contabilidade, e empresa multinacional.

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