Não pegue um empréstimo para pagar outro: Armadilha perigosa
O ciclo silencioso que transforma uma dívida simples em um desastre financeiro.
quinta-feira, 27 de novembro de 2025
Atualizado às 09:17
Todos os dias, no atendimento jurídico, recebo pessoas que acreditam estar tomando uma "decisão inteligente" ao pegar um novo empréstimo para quitar o antigo. Na prática, porém, essa estratégia raramente funciona. O que vejo é exatamente o contrário: um efeito cascata que transforma dívidas administráveis em verdadeiras bolas de neve. Ao tentar apagar um incêndio com gasolina, o consumidor acaba entrando em um ciclo de endividamento que se retroalimenta, aumentando juros, prazos, parcelas e ansiedade - sem resolver o problema inicial.
O grande erro está em acreditar que trocar uma dívida por outra significa alívio. Não significa. Todo novo contrato vem acompanhado de mais juros, mais custos e, muitas vezes, condições muito piores do que o empréstimo original. Bancos e financeiras usam argumentos sedutores: "redução da parcela mensal", "organização financeira", "crédito com facilidade". No entanto, isso quase nunca representa economia real. O cliente até paga menos por mês, mas paga por muito mais tempo - e muito mais caro. É a ilusão da parcela "que cabe no bolso", mas destrói o orçamento.
Outro ponto grave é que, ao aceitar sucessivos empréstimos, o consumidor perde totalmente o controle do próprio planejamento financeiro. Em poucos meses, já não sabe mais o que está pagando, quanto deve, para quem deve ou qual contrato originou o problema. É assim que pessoas endividadas começam a recorrer ao cheque especial, crédito rotativo, refinanciamentos e até empréstimos fraudulentos, oferecendo senhas, cartões e acesso à conta - justamente o terreno fértil para golpes bancários. A vulnerabilidade aumenta e a pessoa vira alvo fácil, ampliando o risco jurídico e financeiro.
Por isso, antes de pensar em contrair novo empréstimo, busque orientação profissional, revise seus contratos, verifique se há juros abusivos, renegociações possíveis ou medidas judiciais cabíveis. A solução não é criar mais crédito: é recuperar o controle. Endividamento não se resolve com pressa - resolve-se com estratégia.


