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Por que escritórios estão precisando de BPO jurídico cada vez mais cedo

Cada vez mais escritórios estruturados recorrem ao BPO jurídico para ganhar método, continuidade e previsibilidade na gestão de contratos, fortalecendo a relação com empresas clientes.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Atualizado em 12 de dezembro de 2025 10:18

Durante muito tempo, a ideia de "BPO jurídico" soava exagerada para escritórios pequenos e médios. Parecia algo distante, reservado a grandes departamentos jurídicos. Era uma expressão que não pertencia ao vocabulário da advocacia empresarial tradicional. Mas essa percepção mudou. E mudou porque a realidade mudou antes.

Hoje, o sócio-operador - aquele que atende, negocia, revisa, executa e ainda lidera o escritório - está no limite. Ele é, ao mesmo tempo, advogado, gestor, comercial, controller e responsável por apagar todos os incêndios que surgem no caminho. É um modelo que funcionou por anos, até que o mercado impôs uma nova exigência: continuidade. 

O cliente empresarial se acostumou a pedir acompanhamento constante, previsibilidade, monitoramento de prazos, regularidade nas revisões contratuais. E, quando olha para o escritório, espera encontrar ali um parceiro de operação, não apenas um resolvedor de demandas pontuais.

Só que essa expectativa vem acompanhada de uma contradição estrutural. A maior parte das empresas brasileiras não tem equipe, método ou tecnologia para gerir seus próprios contratos. Não sabem onde está a última versão, não controlam vigências, não monitoram reajustes, não acompanham obrigações. A vida pós-assinatura simplesmente não existe. E é justamente nesse vazio que o escritório percebe uma oportunidade e, ao mesmo tempo, uma limitação: existe demanda para gestão contratual, mas não existe braço interno para absorvê-la.

É nesse ponto que muitos sócios, mesmo os que não planejaram isso, começam a olhar para o BPO jurídico como infraestrutura. Não é luxo. Não é acessório. É condição para continuar crescendo sem colapsar o operacional. Eles percebem que precisam de método, padronização, governança e rotina, coisas que exigem tempo, foco e pessoas. E que, sem apoio externo, acabam ficando sempre em segundo plano, empurradas pelo ritmo caótico do atendimento diário.

O movimento é quase sempre o mesmo: o escritório começa a atrair empresas maiores, com volume relevante de contratos; a cobrança por previsibilidade aumenta; o sócio percebe que está perdendo dinheiro e relacionamento no pós-assinatura; surge um cliente com potencial para um contrato de partido; e, então, torna-se evidente que a estrutura atual não sustenta mais o próximo passo. 

O BPO jurídico entra como um alívio, uma forma de garantir que o crescimento não dependa apenas de mais horas do sócio, mas de uma operação organizada, capaz de entregar continuidade e profissionalizar o serviço.

Há quem ainda veja esse tipo de apoio como sinal de imaturidade. Na prática, é exatamente o oposto. Os escritórios que crescem hoje - de verdade, de forma saudável e previsível - são os que entenderam cedo que não precisam fazer tudo sozinhos. São os que tratam gestão contratual como parte essencial da entrega jurídica. Eles perceberam que, sem rotina e sem método, nenhum escritório escala. E que terceirizar parte dessa estrutura é, muitas vezes, a forma de liberar o sócio para o que realmente o faz crescer: relacionamento, estratégia e posicionamento.

O "cedo demais" virou "tarde demais" muito rápido. O mercado acelerou, o cliente ficou mais exigente e a advocacia empresarial, para sobreviver, precisou abandonar a ideia de que estrutura é detalhe. Hoje, ela é o próprio produto. E os escritórios que reconhecem isso têm entendido, cada vez mais cedo, que BPO jurídico não é futuro, é presente.

Henrique Flôres

Henrique Flôres

Cofundador da Contraktor. Formado em Direito e Sistemas para Internet, especialista em Administração e com MBA em Gestão Estratégica, IA e Marketing.

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