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Justiça garante acesso ao medicamento Skyclarys para tratamento de Ataxia

A Justiça Federal concedeu liminar, em menos de 24 horas, para garantir a um paciente com Ataxia de Friedreich o acesso ao medicamento de alto custo Skyclarys, único tratamento para essa doença rara.

terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Atualizado às 13:53

A Justiça Federal da 5ª região determinou, em menos de 24 horas após o ajuizamento da ação, o fornecimento do medicamento Skyclarys (Omaveloxolone) a um paciente diagnosticado com AF - Ataxia de Friedreich. Trata-se de doença genética, rara, progressiva e incapacitante, que compromete o sistema nervoso e afeta funções motoras, cardíacas e respiratórias.

O autor da ação possui diagnóstico da doença desde os 12 anos de idade e atualmente apresenta importantes limitações neurológicas, como dificuldade para deambulação, disartria e disfagia. Sem o tratamento, a evolução natural da enfermidade resulta em deterioração neurológica severa, complicações cardíacas e respiratórias, e morte precoce, geralmente antes dos 40 anos.

O medicamento Skyclarys, único com evidências clínicas de eficácia para o tratamento da AF, ainda não foi submetido à avaliação pela CONITEC - Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Em razão disso, o acesso ao fármaco se dá exclusivamente pela via judicial. O custo anual do tratamento supera R$ 1,4 milhão e o fármaco não integra a lista de medicamentos fornecidos regularmente pelo SUS.

Reconhecendo a urgência da situação e a inexistência de alternativa terapêutica, o juízo determinou que a União providencie, de forma imediata, o fornecimento do medicamento conforme prescrição médica.

A dra. Ohana Galvão afirmou: "Este caso representa a afirmação do direito à vida digna. O Poder Judiciário compreendeu a urgência inerente à condição dos portadores de AF que é sintetizada por muitas famílias em uma frase: 'quem tem ataxia tem pressa'".

A decisão observa os parâmetros fixados pelo STF quanto à concessão de medicamentos de alto custo não incorporados ao SUS, os quais exigem prova da eficácia e segurança do tratamento, com base em evidências científicas. Atualmente é indispensável o entendimento profundo sobre os estudos das tecnologias para o preenchimento dos requisitos taxativos impostos pela Suprema Corte, sob pena de ter o direito negado no judiciário.

Embora passível de recurso, a decisão pode influenciar casos semelhantes, sobretudo em demandas envolvendo doenças raras, nas quais a judicialização representa, muitas vezes, o único meio de acesso ao tratamento e à preservação da dignidade do paciente.

Emmanuel Lucas Garcia Lima

VIP Emmanuel Lucas Garcia Lima

Sócio do Emmanuel Lima Advogados. Especialista em Direito Empresarial. Bolsista em formação complementar em negociação na Universidade de Harvard, pela CMI Interser.

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