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STF rejeita ADIn ajuizada em 1997 pelo PT, PC do B e PDT por suposta omissão do governo FHC na área da educação

Embora fosse unânime em considerar que muito ainda terá de ser feito para melhorar a qualidade da educação e para erradicar o analfabetismo no país, o plenário do STF, por maioria, julgou improcedente, ontem, 25/2, a ADIn 1698, ajuizada em 1997, na qual PT, o PC do B e o PDT pediam a declaração de inconstitucionalidade, por omissão e inércia, da atuação do governo de então na área da educação.

Da Redação

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Atualizado às 12:01

Analfabetismo


STF rejeita ADIn ajuizada em 1997 pelo PT, PC do B e PDT por suposta omissão do governo FHC na área da educação

Embora fosse unânime em considerar que muito ainda terá de ser feito para melhorar a qualidade da educação e para erradicar o analfabetismo no país, o plenário do STF, por maioria, julgou improcedente, ontem, 25/2, a ADIn 1698 (clique aqui), ajuizada em 1997, na qual PT, o PC do B e o PDT pediam a declaração de inconstitucionalidade, por omissão e inércia, da atuação do governo de então na área da educação.

Na ADIn, os três partidos sustentavam que o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e seu ministro de Estado da Educação, Paulo Renato Souza, estariam sendo omissos em garantir educação de qualidade no Brasil e erradicar o analfabetismo, conforme previsão expressa da CF/88 (clique aqui). No entender deles, o governo de então não se estaria empenhando suficientemente nesse sentido. Por isso, eles pediam que fosse dado prazo de 30 dias para a adoção de medidas para sanar essa lacuna.

Ações

A relatora da ADIn, ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha, bem como todos os demais ministros que, à exceção do ministro Marco Aurélio, acompanharam seu voto, ressaltaram que ainda falta muito para o Brasil atingir um nível educacional adequado e para erradicar o analfabetismo de seu território. A relatora reconheceu, entretanto, que, já desde antes de 1997, quando a ação foi proposta, muita coisa vem sendo feita, tanto na área do Poder Legislativo quanto na do Executivo, no sentido da criação de programas educacionais e da erradicação do analfabetismo, abertura de vagas e construção de instalações escolares.

Particularmente, ela citou a lei 9.394/96 - Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional - (clique aqui); o decreto 6093/2007 (clique aqui), que dispõe sobre a reorganização do Programa Brasil Alfabetizado, visando à universalização da alfabetização de jovens e adultos de quinze anos ou mais; e a EC 53/06 (clique aqui), que criou o FUNDEB, com objetivo de proporcionar a elevação e uma nova distribuição dos investimentos em educação.

O FUNDEB foi criado para atender não só o ensino fundamental (6/7 a 14 anos), como também a educação infantil (0 a 5/6 anos) o ensino médio (15 a 17 anos) e a educação de jovens e adultos. O FUNDEF, que vigorou até o fim de 2006, permitia investimentos apenas no Ensino Fundamental nas modalidades regular e especial, ao passo que o FUNDEB passou a proporcionar a garantia da Educação Básica a todos os brasileiros, da creche ao final do Ensino Médio, inclusive àqueles que não tiveram acesso à educação em sua infância.

Percentuais mínimos cumpridos

Ademais - e este aspecto foi fundamental para o entendimento majoritário pela improcedência da ação -, a relatora mostrou que os porcentuais mínimos previstos na CF/88 para a área da educação vêm sendo cumpridos. Segundo ela, não há que negar que está havendo esforço nesse sentido, tanto que existem estados que elevaram, do mínimo constitucional de 25% para 38% de sua receita, a destinação de recursos para a área educacional.

O presidente do STF, ao acompanhar o voto da relatora, observou que "o Tribunal não está a dizer que atingimos índices satisfatórios". Mas, segundo ele, o voto da relatora mostrou a existência do que os alemães denominam "Annäherungslehre" (doutrina da aproximação), ou seja, que as políticas brasileiras de educação objetivariam aproximar o país do ideal.

Entretanto, ponderou o ministro, "se no futuro a política não se encaminhar neste sentido, o Supremo poderá formar outro juízo", sobretudo se forem descumpridos os porcentuais mínimos constitucionalmente previstos para a educação.

Voto discordante

Voto discordante da maioria, o ministro Marco Aurélio observou que "os passos na educação são curtos. Ante a elevada carga tributária e o aumento da receita, há grande inércia do Poder Público neste campo. É fato que estamos ainda a engatinhar no campo da educação".

"Se o STF disser que não há inconstitucionalidade por omissão, estaremos sinalizando que tudo se está fazendo para aumentar a qualidade da educação", advertiu o ministro. Segundo ele, "é notório que há esforços muito aquém do desejável para erradicar o analfabetismo no país".

No entender do ministro Marco Aurélio, "o piso constitucionalmente previsto não basta. É preciso fazer mais". O ministro concluiu o seu voto, afirmando: "O piso mínimo minimorum não me conduz a assentar que não há omissão do Poder Público. Por isso, julgo procedente a ação, de iniciativa de partidos voltados para o lado social".

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