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Triunfo severino

Cordel de "Miguezim de Princesa"

Da Redação

sexta-feira, 18 de março de 2005

Atualizado às 10:02


Cordel

 

Veja abaixo o cordel do poeta popular, "Miguezim de Princesa" (pseudônimo de um delegado da Polícia Civil do DF).

 

 

Triunfo severino

 Miguezim de Princesa

 

Para fazer estes versos

Agrestes como o sertão

Peço licença aos leitores

E rimo com o coração

Pela luz que me alumia

À musa da poesia

Vou pedir inspiração.

 

Mais forte do que Sansão

Nosso povo nordestino

Mostrou por que dribla a morte

Passa pitu no destino

Cangapé no preconceito

Faz presidente, prefeito

E coroa um Severino.

 

Severino era menino

Daqueles bem cabeçudos

As orelhas de abano

Lombriguento e barrigudo

Pras bandas de João Alfredo

Era chamado sem medo

Severinim, o buchudo.

 

Na hora que ele nasceu

No Céu teve trovoada

A água correu de bica

Animando a bicharada

E o povo cantava em festa

Fazendo um sinal na testa

Chegou o "pai-da-coalhada"!

 

Severino se criou

Correndo atrás de preá

Tomando banho de açude

Viu besouro mangangá

É cabra que ninguém dobra

Comia pirão de cobra

Com farofa de embuá.

 

Lavava jegue em riacho

Para ganhar uns trocados

Era pobre como Jó

Porém bastante animado

Cresceu, venceu, não deu trégua

Hoje quer lavar a égua

De 500 deputados.

 

Já pagou conta de bêbado

Que quebrou o butiquim

Soltou motorista preso

Dos que dirigem bem ruim

Digo sem pestanejar

Só falta ele pagar

Umas continhas pra mim.

 

Severino Cavalcante

Nunca quis ser cavalgado

Botou a cara no mundo

Vejam só o resultado

Com voto de cachaceiro

De motorista barbeiro

Findou sendo deputado.

 

Com jeito de come quieto

Pelejando com aumento

Agradando o baixo clero

Se lembrando do jumento

Que lavou em João Alfredo

Disse: agora vou sem medo

Conseguir o meu intento.

 

Ninguém via Severino.

Os homens do alto clero

Cabelos de brilhantina

Imponência, lero-lero

Cegaram de arrogância

Irmã da ignorância

Perderam de dez a zero.

 

O coitado do Greenhalg

Um homem bom e direito

Se engalfinhou com Virgílio

Um dissidente sem jeito

Acabou tomando uma pisa

Dum matuto sem camisa

Severino foi eleito.

 

O presidente da Câmara

Teve vida severina

Comeu feijão chocha-bunda

Mas deu um drible na sina

Por onde passa é chamado

De chefe dos deputados

E raio da silibrina.

 

____________

 

Fonte: Coluna Cláudio Humberto