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Migalhas em cordel

Saindo de Portugal, a literatura de cordel chegou ao coração dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia.

Da Redação

domingo, 18 de novembro de 2012

Atualizado em 26 de julho de 2024 09:46

"No dicionário está dito
que 'migalhas' são apenas
uns pedacinhos de nada,
umas porções bem pequenas,
de biscoito, bolo ou pão
que às vezes caem no chão
e até no prato da gente.
Mas é bom não esquecer
que a palavra pode ter
sentido bem diferente."

De fato. E para nos mostrar o mais importante significado da palavra "migalhas", o escritor, compositor e juiz Federal de Quixadá/CE Marcos Mairton nos presenteia com um cordel de sua autoria ilustrado por J. Borges.

Clique sobre a imagem para conferir a íntegra do cordel.

 (Imagem: Reprodução/J.Borges)

(Imagem: Reprodução/J.Borges)

Cordel

"O cordel é uma expressão literária em versos", assim define o cordelista Marcos Mairton.

De acordo com a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, a arte existe desde a época dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios, cartagineses e saxões, chegando à Península Ibérica por volta do século XVI.

Na Espanha, a literatura de cordel recebeu o nome de "pliegos sueltos" e, em Portugal, de "folhas soltas" ou "volantes".

O cordelista Roberto Coutinho da Motta, o Bob Motta, conta em cordel a história deste gênero literário:

"Na Espanha e em Portugal,
no século dezesseis,
o cordel, digo a vocês,
já não era algo de novo.
Pois o mesmo enfatizava,
estórias e expedições,
falava das tradições,
ligadas a cada povo.

As narrativas e estórias,
na memória armazenadas,
de pai prá filho, passadas,
do que ficará prá trás.
Romances, guerras, viagens,
faziam parte das listas,
ou vitórias e conquistas,
ode a mitos regionais."

O cordelismo chegou ao Brasil por meio dos colonizadores portugueses. Pioneiro na Bahia, mais precisamente em Salvador, alastrou-se para os demais Estados do Nordeste, tornando-se uma tradição regional.

O mestre da literatura de cordel José Francisco Borges, o J.Borges, relata a trajetória do cordel no Brasil:

"O cordel veio da Europa
no fim do século passado
no Nordeste do Brasil
ele foi bem implantado
e os poetas conseguiram
com ele bom resultado.

Leandro Gomes de Barros
O patrono da poesia
Fez desta literatura
Um mundo de alegria
E com isso ele ganhava
O seu pão de cada dia."

J.Borges

Xilo = palavra de origem grega que significa madeira
Gravura = técnica de impressão

Em entrevista à TV Migalhas, o xilogravurista J.Borges narra como começou a ilustrar cordéis.

Assista:

Nascido na cidade de Bezerros/PE em 1935, J.Borges trabalhou na roça, confeccionou brinquedos artesanais, foi pintor, carpinteiro, pedreiro, marceneiro, mascate e oleiro antes de se tornar um dos artistas folclóricos mais celebrados da América Latina.

Aos 20 anos começou a vender cordéis e aos 29 publicou o seu primeiro cordel: "O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina", com ilustrações de Dila. Vendeu cinco mil exemplares em sessenta dias.

Mas para poupar dinheiro teve que aprender a fazer as gravuras de seus próprios folhetos. "Eu escrevi cordel e precisei ilustrar e não tinha quem fizesse. Nunca tinha visto ninguém fazendo, mas tinha noção de como era feito. Era cavado o relevo. Aí eu risquei, fiz a gravura e levei para tirar uma cópia na gráfica. O rapaz passou tinta, tirou a cópia e disse 'está bom, dá para imprimir'. Aí imprimiu, eu vendi o cordel bem, vendi 2 mil cordéis rápido", registra o xilogravurista.

O reconhecimento veio quando o dramaturgo, romancista e poeta Ariano Suassuna descobriu o seu trabalho e o designou como o maior artista popular do Nordeste. "Fui procurando fazer jus à palavra de Ariano, trabalhando dentro da minha região, mantendo o meu traço e também mantendo um pouco a humildade", afirma.

Depois foi convidado a dar aulas na Universidade do Novo México e a expor no Texas e na Europa. Suas xilogravuras ilustram o livro "As Palavras Andantes", do escritor uruguaio Eduardo Galeano. Além disso, foi o único artista latino americano a participar do calendário da Unicef.

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