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Seccionais da OAB apóiam bispo em greve contra transposição das águas do rio São Francisco

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Da Redação

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Atualizado às 08:57

 

Seccionais da OAB apóiam bispo em greve contra transposição das águas do rio São Francisco

 

Entrando hoje no décimo dia de greve de fome deflagrada contra a transposição das águas do rio São Francisco, o bispo de Barra/BA, dom Luiz Flávio Cappio, ganhou a solidariedade incondicional de presidentes de Seccionais OAB de cinco dos sete Estados da zona de influência do projeto. Os presidentes das Seccionais da OAB de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe manifestaram sua solidariedade à causa do bispo, pela qual também estão lutando: barrar o projeto da transposição, que consideram algo que ferirá de morte o Velho Chico. Elogiando a coragem cívica do religioso, o presidente da OAB-BA, Dinailton Oliveira, preocupado com a instransigência do governo e a determinação do bispo, alertou: "Entendo que a responsabilidade política para com a vida do bispo é do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

 

Contra a greve de fome mantida pelo religioso manifestaram-se os presidentes das Seccionais da OAB do Ceará e Rio Grande do Norte, que não vêm motivos para revogação do projeto de transposição do São Francisco - o qual defendem sob argumentação de que levará água a milhares de sertanejos que hoje sofrem com a seca. Ambos tacharam a atitude do bispo -que se encontrava em uma capela de Cabrobó (PE) onde será captada a água do projeto de transposição - de extremada e radical. Para o presidente da OAB-RN, Joanilson de Paula Rego, a decisão de dom Luiz Flávio Cappio "não é compatível com a serenidade e o equilíbrio da Igreja Católica".

 

A seguir, as opiniões dos presidentes das sete Seccionais da OAB dos Estados envolvidos no projeto da transposição do Rio São Francisco:

 

Alagoas - presidente Marcos Mello: "Vejo a greve de fome como uma atitude muito séria desse bispo, muito responsável, porque ele está vivendo esse drama terrível que é o início dessa obra de transposição no São Francisco, na verdade uma obra que toda pessoa de bom senso que vive aqui no Nordeste, que não tenha outro interesse senão o de fazer o bem - todos são contra essa obra. Ela não tem nenhuma urgência, nenhuma necessidade agora ou dentro de pouco tempo; é uma obra faraônica, não leva em conta que o rio São Francisco está morrendo e primeiro precisa ser revitalizado. Ninguém é contra a transposição, mas contra a maneira como está sendo feita, sem revitalizar o rio e nas vésperas de uma eleição. Portanto, nos parece uma coisa que está evidente e tem outra finalidade que não a de realmente servir ao Nordeste. Acho que o bispo, que é um homem que vive no rio, que conhece as condições do rio, ele está dando uma demonstração de que esse projeto é uma coisa muito séria e que precisa ser vista com muita seriedade. Ontem (03) quando li a declaração que ele fez e registrou, pedindo socorro para ele próprio no caso de a suspensão do projeto da transposição não vir em tempo, eu confesso que cheguei a me emocionar e chorei. Porque realmente é uma coisa terrível o que está acontecendo".

 

Bahia - presidente Dinailton Oliveira: "Nós estamos solidários com o bispo. Acho que todos nós, enquanto cidadãos, devemos lutar pela preservação e revitalização do Rio São Francisco. Não entendemos porque a posição do governo em querer fazer a transposição, sem antes se verificar com maior profundidade e maiores estudos os impactos ambientais e se essa transposição será suficiente até para matar o rio. Existem opiniões dos dois lados: uns a defendem, dizendo que não vai acontecer nada; e outros, envolvendo técnicos de alto nível de conhecimento, que dizem que aquela transposição vai fazer com que o rio São Francisco morra. Por isso mesmo estamos solidários com o bispo e entendo que a responsabilidade política para com a sua vida é do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva".

 

Ceará - presidente Hélio Leitão: "O debate sobre o projeto de Interligação das Bacias do São Francisco às Bacias do Nordeste Setentrional é sempre salutar, para que possa ser encontrada a melhor forma de execução da obra, sem agressões ao meio ambiente e de modo a trazer efetivos ganhos à tão sofrida população do Nordeste brasileiro. No entanto, entendemos a atitude do bispo Dom Luís Flávio Cappio, de fazer greve de fome como forma de protestar contra o projeto, como sendo uma medida extremada e radical, que fecha canais de diálogo e fere a sobriedade com a qual a Igreja vem tratando e discutindo os importantes assuntos da realidade sócio-política brasileira".

 

Minas Gerais - presidente Raimundo Cândido Júnior: "Nós, da OAB de Minas, sempre nos colocamos contra essa transposição das águas do rio São Francisco, por questões técnicas que discutimos inclusive com a população, destacadamente o caso da nascente do rio, aqui em Minas. Por conta disso, estamos solidários com a posição do padre porque ela tem conseguido sensibilizar as autoridades e deve fazer com que elas reflitam a respeito da transposição. Esse projeto tem muito de político, visando a atender interesses de uns poucos - com todo respeito - lá do Ceará, Ciro Gomes (ministro da Integração Regional) sobretudo. Detalhes técnicos demonstram que se houver a transposição, ela não vai resolver o problema da seca no Nordeste. Vai resolver o problema de alguns industriais no Nordeste".

 

Pernambuco - presidente Júlio Alcino de Oliveira: "Acho que toda manifestação de caráter voluntário ela é importante no processo da democracia brasileira, que é uma democracia jovem - porém queremos atingir o verdadeiro Estado democrático de Direito e não o Estado de Direito formal, como hoje ocorre. A transposição necessita de uma adequação, necessita de uma discussão da sociedade brasileira, especialmente a Nordestina para uma adequação àquilo que é mais importante ao sertanejo.E a greve de fome é uma maneira inclusive extremamente sensível, para que mostre à sociedade e aos governantes, a necessidade de se fazer a adequação no projeto da transposição, como é aliás o clamor da grande maioria da população nordestina que não pode nem deve ser um projeto que vise unicamente obras de fachadas, obras para empreiteiros - mas sim que atenda aquilo que é mais desejado pelo Nordestino, ter a água para se ter a dignidade de vida, o trabalho, para manter o homem e sua família no campo".

 

Rio Grande do Norte - presidente Joanilson de Paula Rêgo: "Considero a manifestação do bispo radical, não compatível com a serenidade e o equilíbrio da Igreja Católica. Óbvio que o bispo, nessa posição, divide a igreja do Nordeste, porque há muitas pessoas na região que são a favor da transposição. Então, considero que é uma posição isolada do bispo, que respeito em nome do princípio do respeito à liberdade de expressão. Porém, não comungo com a tese e, além de não comungar com ela, acho que a postura radical faz perder peso, até mesmo para a posição de sua eminência".

 

Sergipe - presidente Henri Clay Andrade: "A greve de fome é um ato político que demonstra amor à causa do rio São Francisco. O bispo tem uma história, uma vida em defesa do rio São Francisco, conhece sua importância ambiental e social. Ele convive e conhece a riqueza que representa o rio para milhares de famílias que sobrevivem ás suas margens. Sabe também que o projeto da transposição, do jeito que está posto, trará prejuízos irreparáveis ao rio.Diante disso, ele pôs em risco sua vida para tentar sensibilizar o presidente da República, pelo menos na busca do diálogo, pois o presidente Lula tem evitado contato com o Comitê de Bacias. Por isso, a OAB de Sergipe,q eu participa da Frente Social de Resistência pela revitalização e contra a transposição do São Francisco, se solidariza com esse gesto grandioso que demonstra o bispo".

 

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