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Social

Comissão de concurso público pode analisar conduta moral do candidato

Candidato admitiu em formulário de ingresso no curso que já havia usado maconha e se envolvido em briga, pagando 20 horas em trabalho comunitário.

Da Redação

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Atualizado às 15:22

Candidato pode ser desclassificado de concurso público se apurados fatos que desabonam sua conduta moral e social, não ficando restrita a análise aos antecedentes criminais. A decisão é da 6ª turma do STJ.

O recurso ordinário em MS foi interposto por homem que defende, em suma, o direito líquido e certo ao reingresso no curso de formação para a PM do Estado de RO. No TJ estadual, decisão entendeu ser cabível a desclassificação do candidato quando apurados fatos que desabonam sua conduta moral e social, além da prestação de informações falsas.

Ele admitiu no formulário de ingresso no curso que já havia usado maconha e se envolvido em briga, apenado com trabalho comunitário. O processo informa ainda que ele teria mau relacionamento com vizinhos e estaria constantemente em companhia de pessoas de má índole. Ele afirmou ter trabalhado em empresa pública do município de Ariquemes, entretanto, há declaração de que ele nunca trabalhou na empresa.

No recurso ao STJ, o candidato argumenta que a análise de sua vida pregressa pela autoridade que o eliminou do concurso não condiz com a certidão negativa de antecedentes criminais, não havendo qualquer registro de fato criminoso que possa considerá-lo contraindicado para o cargo. Ele sustentou ainda ocorrer perseguição política, já que o pai do candidato é jornalista que critica constantemente o governador de RO.

A 6ª turma apontou que a jurisprudência do STJ considera que a investigação social sobre candidato poder ir além da mera verificação de antecedentes criminais, incluindo também sua conduta moral e social no decorrer da vida. Para os ministros, as características da carreira policial "exigem a retidão, lisura e probidade do agente público". Eles avaliaram que os comportamentos do candidato são incompatíveis com o que se espera de um PM, que tem a função de preservar a ordem pública e manter a paz social.

De acordo com a decisão, a suposta conotação política da eliminação não seria suficiente para caracterizar o direito líquido e certo. Para os ministros, mesmo que houvesse conflito entre o governador do estado e o pai do candidato, não há prova cabal de que o motivo da exclusão do curso seria exclusivamente político. Além disso, a administração pública não teria discricionariedade para manter no curso de formação candidato que não possui conduta moral e social compatível com o decoro exigido para o cargo de policial. O desligamento é ato vinculado, decorrente da aplicação da lei.

Veja a íntegra do acórdão.

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