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Brasileiros querem pressionar o Congresso para mudar a lei de imigração dos Estados Unidos

Da Redação

terça-feira, 25 de abril de 2006

Atualizado às 08:31


Brasileiros querem pressionar o Congresso para mudar a lei de imigração dos Estados Unidos


Imigrantes brasileiros da região de Boston estão se mobilizando para participar das manifestações para pressionar o Congresso a mudar a lei de imigração dos Estados Unidos


O Centro do Imigrante Brasileiro de Boston está organizando a participação da comunidade brasileira na região no boicote dos imigrantes marcado para o dia 1º de maio, para mostrar a importância econômica dos imigrantes no país.


A intenção é juntar pelo menos 500 pessoas em frente a um café de Somerville, cidade vizinha de Boston, onde será realizado um culto ecumênico. Na sexta-feira, o centro vai veicular um anúncio chamando os brasileiros para a manifestação na Globo Internacional.


O diretor da entidade, Fausto Mendes da Rocha, prevê uma participação grande dos brasileiros, principalmente por causa do aumento da repressão aos ilegais nos últimos meses. "A pressão está fazendo com que as pessoas se manifestem", diz ele. "Pela primeira as pessoas falam em participar e os donos de comércio falam em fechar para aderir ao boicote", afirmou.


México


Ele disse que desde novembro, quando o México começou a exigir visto para brasileiros, caiu muito o número de novos imigrantes na região. Ao mesmo tempo, o aumento da fiscalização tem resultado na deportação de cerca de 50 brasileiros por mês.


O Centro do Imigrante Brasileiro estima que cerca de 230 mil brasileiros vivam no Estado de Massachusetts, dos quais apenas 50 mil são legalizados. A comunidade, conhecida por sua desunião, começou a mostrar sua cara nas manifestações de 27 de março e 10 deste mês, quando dezenas de milhares foram às ruas em cem cidades americanas para reivindicar mudanças na lei. Em Boston, a manifestação teve a participação de mais de 2 mil brasileiros, segundo Rocha.


Um projeto de lei para facilitar a legalização de milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos está parado no Senado, depois que não houve consenso para colocá-lo em votação no plenário, na primeira semana de abril, véspera do recesso parlamentar.


Depois de duas semanas de férias, o Congresso voltou ao trabalho nesta segunda-feira e o assunto deve voltar ao Senado nesta terça-feira, desta vez com uma audiência pública para analisar o impacto econômico dos imigrantes no país.


Também nesta terça-feira, o presidente George W. Bush se reúne com senadores para discutir o assunto.


Mas com republicanos e democratas culpando-se mutuamente pelo fracasso da votação do projeto antes das férias, ainda não existe uma data para ele entre de novo na pauta.


Visto de trabalho


Um estudo do Pew Hispanic Center analisando os dados do censo estima entre 11,5 milhões e 12 milhões os imigrantes ilegais nos Estados Unidos. Mais da metade deles são mexicanos, mas o número de brasileiros não é conhecido.


Em discurso na Califórnia nesta segunda-feira, Bush voltou a defender a criação de visto de trabalho temporário para imigrantes.


Ele também elogiou o projeto que vinha sendo discutido no Senado, que prevê a legalização para pessoas que estão no país há mais de cinco ano. "Acho que o Senado tinha uma abordagem interessante. Temos que trabalhar nisso", afirmou o presidente.


Mas críticos dizem que ele não usa todo o peso político da Casa Branca para forçar um acordo entre os dois partidos, ou mesmo para convencer os próprios correligionários do Partido Republicano a apoiar a aprovação da lei. "O projeto ficou parado por causa de um jogo político desnecessário", criticou Bush.


Enquanto o Senado discute a legalização, uma lei aprovada pela Câmara dos Representantes em dezembro segue o caminho oposto e criminaliza os imigrantes e seus empregadores, além de prever a ampliação de um muro que já separa boa parte da fronteira entre Estados Unidos e México e de mais guardas na fronteira.


No discurso na Califórnia, Bush disse que a "deportação maciça é fora da realidade e não vai funcionar".


"Estamos falando de seres humanos decentes, que precisam ser tratados com respeito", afirmou.


O diretor do Centro do Imigrante Brasileiro em Boston diz que a sensação de que não são bem vindos está empurrando os imigrantes brasileiros para o gueto. "Este é um país de imigrantes, mas a repressão e o medo de ser pego pela polícia estão acabando com a integração", lamenta.


O discurso do presidente Bush, que reconhece que o país foi formado por imigrantes, na avaliação de Fausto Rocha não passa de discurso. "É um discurso repetitivo, o mesmo desde janeiro de 2004, mas não é acompanhado de ação prática", reclama. "Ele perdeu a credibilidade, porque não consegue nem convencer os republicanos a aprovar esta lei."
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