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Em vídeo, Bolsonaro é leão prestes a ser atacado por hiena que representa STF; Celso de Mello reage

Vídeo foi publicado na conta do Twitter do presidente. Horas depois, conteúdo foi apagado.

Da Redação

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Atualizado às 12:11

O presidente Jair Bolsonaro publicou nesta segunda-feira, 28, um vídeo nas suas redes sociais, no qual o presidente é representado por um leão cercado por hienas. Os animais são identificados como diversas entidades e movimentos, entre eles o STF, a ONU, a imprensa e o PSL, seu partido. Algum tempo após a publicação, o vídeo foi apagado. Assista:

 

Também integram o bando que ronda o "presidente" entidades como a OAB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a CUT e a Força Sindical, além do Greenpeace e dos movimentos MST e MBL. Menos palpáveis, feminismo, "isentão" e a Lei Rouanet também são representados como hienas.

Ao fim do vídeo, o protagonista é salvo por um outro leão que surge no horizonte e depois o acaricia, o "patriota conservador". Enquanto as hienas fogem, surge na tela uma mensagem de apoio a Bolsonaro: "vamos apoiar o nosso presidente até o fim! E não atacá-lo! Já tem a oposição pra fazer isso!". Em seguida, uma bandeira do Brasil é projetada sobre uma foto do presidente no dia da sua posse.

De acordo com a colunista d'O Globo Bela Megale, o presidente disse a assessores que foi pego de surpresa com o vídeo. O relato foi feito à coluna da Bela antes que o vídeo fosse deletado.

Reação

Ao ser perguntado sobre a publicação, o ministro Celso de Mello deu dura resposta, afirmando ser "evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções".

De acordo com o ministro, o vídeo "culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores".

"Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de "gravitas" e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República."

Veja a íntegra da nota do ministro:

A ser verdadeira a postagem feita pelo Senhor Presidente da República em sua conta pessoal no "Twitter", torna-se evidente que o atrevimento presidencial parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara, ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma "hiena" culmina, de modo absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus opositores.

Esse comportamento revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de "gravitas" e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e, o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República.

É imperioso que o Senhor Presidente da República - que não é um "monarca presidencial", como se o nosso País absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e ilimitados - saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil democrático, jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário independente, como o é a Magistratura do Brasil.

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