MIGALHAS QUENTES

  1. Home >
  2. Quentes >
  3. Evo Morales renuncia à presidência da Bolívia; país sofre grave crise política
Fraude eleitoral

Evo Morales renuncia à presidência da Bolívia; país sofre grave crise política

Acusação é de fraude eleitoral. Hoje, incerteza é sobre quem vai realizar o processo de transição.

Da Redação

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Atualizado às 15:10

Há quem diga que governar a Bolívia "é como estar acima de um tigre: no momento em que menos se espera, está no estômago dele".

Após 20 dias de conflitos sociais por uma fraude eleitoral do dia 20 de outubro, o presidente Evo Morales, em transmissão ao vivo, renunciou ao cargo no último domingo, 10. Junto com ele, demitiram-se o vice-presidente, Álvaro Garcia Linera, e os presidentes do Senado e Deputados.

t

A situação provocou no país um vácuo constitucional, pois, ao serem ocupados os cargos hierárquicos pelo partido do Morales, estes ficaram acéfalos após a renúncia em massa.

Mas como começou a trama boliviana que derrotou o primeiro presidente indígena do país?

Em 20 de outubro, os bolivianos foram às urnas para escolher um novo presidente. Ao finalizar o evento, e quando os Tribunais Eleitorais dos distritos começavam a recontagem de votos, as denúncias de fraude se espalharam como pólvora: havia urnas escondidas em casas de adeptos ao partido do governo, e cédulas foram encontradas em sacolas jogadas em lixeiras das ruas.

A recontagem de votos se dividia entre Evo Morales, que ia pelo Movimiento al Socialismo, MAS, e Carlos de Meza, pelo partido Comunidade Ciudadana, CC, um historiador e jornalista. Mas, no meio da contagem, o sistema eletrônico TREP, encarregado de recontar os votos, parou, e o Tribunal Nacional Eleitoral suspendeu imediatamente a contagem.

Após três dias, o TSE saiu na frente para informar que o vencedor das eleições era Evo Morales. A dúvida sobre a transparência do processo já estava no país todo.

A partir desse dia, o descontentamento foi crescendo, enquanto o governo e TSE ratificavam a vitória do partido oficialista e pediam respeito ao voto.

Prisão

A presidente do TSE - Tribunal Supremo Eleitoral da Bolívia, María Eugenia Choque Quispe, e seu vice, Antonio Costas, que também renunciaram ao cargo, foram presos, junto com outros 36 funcionários da Corte, por suspeita de fraude no processo de apuração das eleições presidenciais.

A prisão aconteceu em uma operação realizada pelo Departamento de Análise Criminal e Inteligência (DACI) da Polícía Boliviana, em La Paz, e atendeu a uma ordem judicial contra os membros da Corte.

20 dias para a queda

Foram 20 dias de protestos encabeçados pelas organizações civis de sete departamentos: Santa Cruz, Cochabamba, Tarija, Potosí, Oruro, Chuquisaca e La Paz, que tinham unido forças para reclamar novas eleições.

O conflito cresceu e Evo Morales quis legalizar seu triunfo com um convite à OEA, para realizar uma auditoria dos votos, o mesmo que seria realizado em 12 dias. O fato enfureceu os cidadãos, que pediram a renúncia de Morales e puseram em dúvida a imparcialidade do órgão internacional.

A leite já estava no chão, Evo Morales não poderia reverter o descontentamento da população. Após 12 dias, a OEA emitiu um morno informe, que em suma confirmava a fraude após detectar a manipulação informática do sistema de contagem.

A notícia caiu como um balde de água fria sobre Morales e seu séquito, que viam despencar suas ambições de governar a Bolívia por outros cinco anos, um quarto mandato de Morales. Os ânimos de rebeldia aumentaram e os gritos de renúncia ecoavam de norte a sul no país andino.

Após o informe da OEA, o presidente Evo Morales fez um chamado ao diálogo, mas ninguém mais lhe ouvia. Em horas da noite, o Comando da Polícia tomou distância e se amotinou em seus quartéis com cartazes rejeitando a fraude. A hora parecia ter chegado.

No desespero de se manter no governo, no domingo, 10, admitiu convocar novas eleições e diz que não se demitiria até cumprir seu mandato, em 22 de janeiro. Minutos mais tarde, perdia outros de seus colaboradores, as Forças Armadas, que também decidiram se afastar. Um a um, ministros e governadores membros do partido do presidente indígena o abandonaram.

Mas, as batatas já estavam queimadas. Cinco mortos, mais de 600 feridos e atiradores profissionais nas estradas para impedir o trânsito de bolivianos descontentes o levaram ao fim. Às 17h do domingo, Evo Morales apresentava sua renúncia junto com seu vice-presidente, Álvaro García Linera, e a presidente do Senado, Adriana Salvatierra Arriaza.

A corrente da fraude

Na Bolívia, segundo especialistas, a fraude só se consolidou em 20 de outubro, mas teve seu início em fevereiro de 2016, quando Evo Morales levou a consulta, por meio de referendo, sua quarta candidatura, evento no qual perdeu - o povo votou não.

Mas Morales, livrando-se da sentença popular, recusou o resultado, recorrendo ao Tribunal Constitucional para legalizar sua candidatura.

21/02/2016 - Em referendo, a população nega a Evo Morales concorrer à reeleição.

28/11/2017 - Após um ano, o Tribunal Constitucional decidiu que o presidente podia seguir buscando a reeleição de maneira indefinida, pois era parte de seus "direitos humanos".

4/12/2018 - O TSE deu sinal verde para que Morales e seu atual vice-presidente Álvaro García Linera participassem como candidatos pelo Movimiento Al Socialismo nas eleições primarias que se realizaram em janeiro de 2019, e onde se escolheria os candidatos para as nacionais de outubro.

Interessante destacar que lei eleitoral de 2010 estabelece a vitória direta, em primeiro turno, ao aspirante que logre mais de 40% de votos, e dez pontos de vantagem frente ao seu rival mais próximo, o que deu o triunfo a Morales, sem possibilidade de segundo turno.

Patrocínio

CASTANHEIRA MUNDIM & PIRES ADVOCACIA

CASTANHEIRA MUNDIM & PIRES ADVOCACIA

CCM Advocacia de Apoio
CCM Advocacia de Apoio

Escritório Carvalho Silva & Apoio Jurídico. Fundado na cidade de Marabá pela advogada Regiana de Carvalho Silva, atua com proposito de entregar para cada cliente uma advocacia diferenciada, eficaz e inovadora. Buscamos através do trabalho em equipe construir dia após dia uma relação solida...

FREDERICO SOUZA HALABI HORTA MACIEL SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA

FREDERICO SOUZA HALABI HORTA MACIEL SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA