MIGALHAS QUENTES

  1. Home >
  2. Quentes >
  3. Migalhas Quentes >
  4. Corregedor Humberto Martins abre procedimento para apurar conduta de juíza do PR
Judiciário

Corregedor Humberto Martins abre procedimento para apurar conduta de juíza do PR

Magistrada condenou homem negro por integrar organização criminosa citando a raça do réu.

Da Redação

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Atualizado às 19:16

t

O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, instaurou de ofício pedido de providências para que a Corregedoria-Geral da Justiça do PR apure os fatos narrados contra a juíza de Direito Inês Marchalek Zarpelon, da 1ª vara Criminal de Curitiba.

Conforme narrado em matéria deste informativo, a magistrada condenou um homem por integrar organização criminosa citando a raça do réu:

"Sobre sua conduta social, nada se sabe. Seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça, agia de forma extremamente discreta os delitos e o seu comportamento, juntamente com os demais, causavam o desassossego e a desesperança da população, pelo que deve ser valorada negativamente."

Em sua defesa, a juíza afirmou, em nota, que não condenou o homem em razão da cor e pediu desculpas "se de alguma forma, em razão da interpretação do trecho específico da sentença, ofendi a alguém".

Manifestações

Ao abrir o procedimento, o ministro Humberto Martins citou também nota pública emitida pela Defensoria Pública do Estado do Paraná, a qual externou "seu estarrecimento e inconformismo" com o teor da sentença proferida pela magistrada.

"Não se pode tolerar, de nenhuma forma e de quem quer que seja, que a raça ou a cor da pele de uma pessoa seja motivo de valoração negativa ou influencie presunções sobre sua conduta e sua personalidade, tampouco que fundamente juízo condenatório ou maior repressão penal."

S. Exa. mencionou ainda nota oficial publicada OAB/PR, onde o órgão manifestou, juntamente com suas comissões da Advocacia Criminal e da Igualdade Racial, "veemente repúdio à fundamentação lançada em sentença da magistrada Inês Marchalek Zarpelon, da 1ª Vara Criminal de Curitiba, ao tecer considerações sobre a cor de um cidadão como algo negativo, na análise de sua conduta social".

Assim, o corregedor nacional decidiu instaurar o pedido de providências considerando a necessidade de se averiguar os fatos que, em tese, podem caracterizar conduta que infringe os deveres dos magistrados estabelecidos na Loman e no Código de Ética da Magistratura.

A Corregedoria-Geral de Justiça do Paraná tem um prazo de até 30 dias para comunicar o resultado da apuração à Corregedoria.

Informações: CNJ

Patrocínio

Patrocínio Migalhas