Elon Musk: a que veio? Conheça um verdadeiro magnata filantropo

Os bilionários ficaram ainda mais ricos em 2022. É o que diz a Forbes, a revista ianque de negócios e economia. Dentre aqueles que deixaram sua fortuna ainda mais gorducha está Elon Musk, considerado o homem mais rico do mundo, que por algumas horas respirou os ares tupiniquins, em passagem relâmpago pelo Brasil, na última semana. 

Conquanto vapt-vupt, a visita rendeu uma promessa: Musk disse que vai levar internet de alta velocidade, conectar escolas na zona rural e também "monitorar a Amazônia". 

Mas será que a filantopia é gratuita? Isso não se sabe.

Para quem desconfia de tudo, a história mostra que há filantropias e "pilantropias". Quanto às do primeiro tipo, as legítimas, temos um exemplo para dar no Brasil.

Com efeito, um caso de bilionário norte-americano que resolveu investir no Brasil em projetos sociais e de incentivo à saúde pública é o de ninguém menos do que John Davison Rockefeller (1839-1937). Conheça.

Rockefeller no combate às endemias

John Davison Rockefeller (1839 - 1937) é conhecido na história como o norte-americano mais rico de todos os tempos e considerado a pessoa mais rica da era moderna. A fortuna veio por meio da indústria do petróleo, a Standard Oil Company, a primeira grande empresa do ramo.

Sua biografia o descreve como um verdadeiro filantropo - ele criou a Fundação Rockefeller em 1913, que, até hoje, é considerada uma das maiores e mais importantes instituições filantrópicas do mundo.

O que o Brasil tem a ver com o magnata Rockefeller? Ele, por meio de sua fundação, investiu pesado no combate às endemias, em especial, a febre amarela e a malária entre 1916 - 1940. De acordo com a historiadora Lina Rodrigues de Faria, já existiam estudos e pesquisadores no Brasil focados em eliminar surtos de algumas doenças, mas foi com a chegada da Fundação Rockefeller que o ensino médico e os trabalhos sanitários ganharam notável impulso:

"Rockefeller desenvolveu uma frente de apoio à educação médica e à pesquisa científica. Entre 1918 e 1940, a fundação, além de promover campanhas sanitárias, atuou na promoção do ensino médico, que se consolidou no Brasil durante a primeira metade do século XX. A Faculdade de Medicina e Cirurgia e o Instituto de Higiene de São Paulo foram os maiores beneficiários dessa política."

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Além da Faculdade de Medicina da USP, que tem sua história marcada pela fundação criada por John Rockefeller, poucos sabem, mas foi com o dinheiro dele que se construiu, na década de 1940, o laboratório que fabrica a vacina contra a febre amarela, no campus da Fiocruz. Aliás, o prédio, não sem motivo, leva seu nome.

Mas não é só, na criação da enfermagem brasileira também há o dedo da fundação e nas lutas contra inúmeras doenças.

Antes de terminar, cite-se apenas um marco na cidade de São Paulo. Quem passa diariamente pela avenida Doutor Arnaldo não sabe, mas o hospital Emílio Ribas foi erguido com dinheiro doado ao Estado bandeirante por Rockefeller.

Como se vê, o magnata dos carros elétricos vai ter que trabalhar duro para se ombrear ao magnata do petróleo.  

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FARIA, L. R. de: 'A Fundação Rockefeller e os serviços de saúde em São Paulo (1920-30): perspectivas históricas'. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, vol.9(3): 561-90, set.-dez. 2002. Clique aqui.