PUC-SP suspende alunos por racismo e adota Justiça Restaurativa
Reingresso está condicionado à frequência em aulas que abordem igualdade racial, direitos humanos e justiça social.
Da Redação
segunda-feira, 9 de junho de 2025
Atualizado às 11:53
A reitoria da PUC-SP decidiu impor suspensão acadêmica de 30 dias corridos, a partir de 1/8, aos quatro alunos do curso de Direito envolvidos em condutas de cunho racista e discriminatório praticadas durante os Jogos Jurídicos de 2024 contra a torcida adversária.
O reingresso dos alunos está condicionado à comprovação de matrícula e frequência, durante o período de um ano contado a partir do término da suspensão, em disciplinas regulares que abordem conteúdos relacionados à promoção da igualdade racial, justiça social, combate às discriminações e direitos humanos.
A reitoria determinou ainda que a Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias e a Assessoria Jurídica da Reitoria elaborem, em até 60 dias, um código de conduta específico para a participação da comunidade universitária em eventos esportivos, representações estudantis e competições interuniversitárias, com vistas à prevenção de comportamentos discriminatórios e à promoção de uma cultura institucional pautada na ética, no respeito e nos direitos humanos.
A decisão da reitoria teve como base parecer elaborado pelo Núcleo de Mediação e Justiça Restaurativa, instituído pela nova gestão em janeiro de 2025, que reconheceu a existência de elementos mínimos e consistentes para a adoção de medidas institucionais no processo MJR 01/25, a partir das denúncias recebidas.
Diante da gravidade das condutas relatadas, a reitoria solicitou parecer ao Núcleo. No curso do procedimento, o Núcleo promoveu a escuta ativa dos estudantes envolvidos, colheu relatos de testemunhas, analisou evidências e realizou reuniões restaurativas com membros da comunidade acadêmica.
O procedimento buscou garantir ampla participação e escuta qualificada, de modo a viabilizar a compreensão das dinâmicas de poder, das manifestações discriminatórias e de suas consequências para a comunidade universitária como um todo. A escuta das partes permitiu não apenas a apuração dos fatos, mas também a identificação de oportunidades formativas.
Com base na análise técnica e nas diretrizes do Núcleo de Mediação e Justiça Restaurativa, e considerando o caráter educativo da PUC-SP, a reitoria decidiu pela suspensão e pela instauração de procedimento restaurativo, com a garantia dos princípios da dignidade humana, do acolhimento e da responsabilização.
Núcleo de Mediação e Justiça Restaurativa - PUC-SP
A Justiça Restaurativa é uma abordagem para lidar com o ilícito e o conflito que se concentra em reparar o dano causado às pessoas e aos relacionamentos, em vez de apenas punir o infrator. A Mediação é um processo voluntário, confidencial e imparcial, conduzido por um terceiro neutro, que facilita o diálogo entre as partes em conflito.
No âmbito da PUC-SP, o Núcleo de Mediação e Justiça Restaurativa, criado em janeiro de 2025 nesta gestão pela reitoria, oferece um caminho para lidar com violações de conduta, bullying, discriminação e outros conflitos de forma mais construtiva do que apenas por meio de processos disciplinares punitivos tradicionais. Permite que a Universidade responda a incidentes de forma que promova a aprendizagem, a empatia e a responsabilidade, fortalecendo a comunidade acadêmica.





