Legal Ops e inteligência artificial modificam rotina jurídica no Brasil

Segundo levantamento da AB2L, 72% dos departamentos jurídicos ainda enfrentam dificuldades com informações desencontradas. Nesse cenário, a integração do saneamento de processos com sistemas de ERP e controles internos de contratos e pagamentos cria uma ponte entre as soluções de Legal Tech e Law Tech, permitindo que times jurídicos atuem de forma proativa e embasem decisões estratégicas em indicadores confiáveis.

No centro dos maiores departamentos jurídicos e escritórios de advocacia do país, ganha força uma abordagem que vai muito além do contencioso: o Legal Operations, ou Legal Ops. Inspirado em práticas consagradas em outras áreas corporativas, esse movimento aposta na tecnologia, na análise de dados e na automação de tarefas para elevar a eficiência e reduzir custos no universo jurídico.

Desde a organização de contratos até o monitoramento de prazos e intimações, o Legal Ops substitui processos manuais e repetitivos por fluxos de trabalho padronizados e integrados. "Estamos trazendo para o jurídico metodologias de garantia de qualidade e gestão de risco já testadas em outros setores. A IA não é mais uma tendência, mas uma realidade que está remodelando a operação do Direito. Estamos falando de ganhos em produtividade, segurança jurídica e tomada de decisão estratégica", explica Mario Gonçalves, gerente comercial da e-Xyon, uma das empresas mais tradicionais do Brasil, especializada em tecnologia jurídica e inteligência de dados.

Discutir o impacto da inteligência artificial na otimização de processos jurídicos é fundamental, segundo o especialista, especialmente diante dos benefícios que a tecnologia oferece: eficiência, redução de custos e maior precisão para departamentos jurídicos e escritórios. "Recentemente, participamos do Legal Tech Forum 2025, um dos maiores eventos do país dedicados à inovação no Direito. Tivemos palestras, painéis e debates sobre o futuro da área. Na ocasião, destacamos como a IA está revolucionando os setores de Legal Ops e Controladoria Jurídica", complementa Gonçalves.

Um dos pilares dessa transformação é ter uma base processual com dados corretos. Para isso, algumas empresas optam pelo saneamento de processos: a higienização e validação das informações extraídas dos tribunais. Empresas como a e-Xyon utilizam robôs para capturar dados oficiais, corrigir numerações equivocadas, preencher campos ausentes (como número da OAB) e eliminar registros duplicados. O resultado é uma base confiável que alimenta dashboards, relatórios de BI - Business Intelligence e plataformas de automação.

Na prática, um jurídico corporativo que adota o saneamento de dados reduz, em média, 80% do tempo gasto em conferências manuais e mitiga riscos operacionais. Alertas passam a ser enviados com precisão, evitando notificações a destinatários incorretos e fortalecendo a conformidade em auditorias.

O Legal Ops já é uma realidade em muitas organizações brasileiras e tem gerado preocupação crescente à medida que se consolida como padrão no mercado jurídico.