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Tarso Genro garante que governo cubano não interferiu no caso dos boxeadores

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Da Redação

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Atualizado às 09:06


Boxeadores

Tarso Genro garante que governo cubano não interferiu no caso

O ministro da Justiça, Tarso Genro, negou nesta quarta-feira que o retorno a Cuba de dois atletas que abandonaram a delegação daquele país durante os Jogos Pan-americanos, em julho, tenha sido articulado entre os governos do Brasil e de Cuba. Em audiência na CRE, ontem, o ministro afirmou que a Polícia Federal agiu estritamente dentro da lei ao aplicar a medida, já que os atletas estavam em situação irregular no país e recusaram oferta de refúgio.

"A Polícia Federal vem prestando relevantes serviços ao país e não faria nenhum gesto para desmerecer o prestígio que vem tendo junto à sociedade", argumentou.

Tanto o ministro quanto o quanto o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, também presente na audiência, garantiram que não houve nenhum contato com autoridades cubanas para tratar do caso. Segundo Tarso Genro, o interesse manifestado pelos atletas de voltar a seu país, ao lado das medidas adotadas pelas autoridades cubanas para facilitar o retorno, explicam o rápido desfecho do caso.

Os boxeadores Guillermo Rigoundeaux, de 26 anos, e Erislandy Lara, de 24 anos, partiram do Brasil na madrugada do primeiro domingo de agosto, em aeronave fretada pelo próprio governo cubano. O embarque aconteceu cerca de 72 horas depois do momento em que foram localizados, em pousada na Praia de Araruama, em Niterói/RJ.

Tarso Genro esclareceu que a Polícia Militar chegou até os cubanos depois que os próprios atletas pediram a um pescador para acionar a PM fluminense. Assim que foram entregues à PF, informou, tiveram a assistência da OAB e do Ministério Público, em audiência sem a presença dos delegados. O ministro chegou a ler trechos de relatórios de representantes dos dois órgãos para reforçar que os atletas optaram livremente por retornar ao país.

Outras deserções

O ministro usou ainda como argumento o fato de que três outros atletas da delegação cubana do Pan também desertaram e, após a oferta de refúgio, decidiram ficar no Brasil. Senadores da oposição, no entanto, estranharam a rapidez da saída dos cubanos do país e, ainda, levantaram a suspeita de que estivessem sob coação, possivelmente por terem tido notícias de constrangimentos por parte das autoridades cubanas a membros de suas famílias.

"Existe depoimento gravado, que foi dado pelos atletas a um colega, que vai deixar muito mal o governo brasileiro", antecipou Heráclito Fortes - DEM/PI, presidente da CRE.

Depois de críticas ao regime cubano, o senador Arthur Virgílio - PSDB/AM, autor do requerimento para a audiência, afirmou que um dos atletas teria recebido ligação telefônica em que a esposa informava que o governo cubano retirara dela carro e casa.

Além disso, registrou que autoridades do país já anunciaram que os dois boxeadores - um campeão mundial e outro olímpico - não vão mais participar do campeonato mundial que seria também seletivo para as próximas Olimpíadas.

"Tomara que Cuba não cometa o erro de não aproveitá-los", afirmou o ministro.

Para Tarso Genro, os atletas manifestaram sincera vontade de voltar ao seu país, já que estavam inseguros, depois de terem sido abandonados pelos empresários que antes haviam prometido contratos e carreira na Europa.Em apoio ao ministro, os senadores João Pedro - PT/AM e Ideli Salvatti - PT/SC, líder do bloco da maioria, disseram que a provade que os boxeadores decidiram sem constrangimentos pelo retorno a Cuba foi a permanência dos três colegas que também desertaram.

"Quem quis ficar, ficou; quem quis voltar, voltou", afirmou Ideli.

A pedido do senador Arthur Virgílio, o ministro revelou o prefixo da aeronave fretada pelo governo cubano para levar os atletas (YV-208), identificação confirmada depois por Heráclito como sendo de aviões registrados na Venezuela. Romeu Tuma - DEM/SP disse ter estranhado a rapidez com que a aeronave se deslocou para o país, observando que a Venezuela "se mete em tudo que pode levar problemas ao presidente Lula".

Para César Borges - DEM/BA, faltou transparência no processo. Na sua opinião, a imprensa e entidade de direitos humanos deveriam ter tido acesso aos atletas. Fazendo cobranças à PF, também participaram da audiência os senadores Jarbas Vasconcelos - PMDB/PE e Mozarildo Cavalcanti - PTB/RR. Eduardo Suplicy - PT/SP aproveitou para pedir ao ministro apoio para legalizar a situação de grupo de mais de 30 cubanos que vivem no país sem visto de permanência.

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