Ataques a hospitais elevam pressão por revisão de contratos com fornecedores
Escalada de incidentes colocam cláusulas de segurança, SLAs e DPAs sob escrutínio em hospitais, que correm para adequar contratos à proteção de dados sensíveis e à continuidade assistencial.
Da Redação
quinta-feira, 6 de novembro de 2025
Atualizado em 5 de novembro de 2025 13:58
A expansão do prontuário eletrônico e a escalada de incidentes cibernéticos no setor de saúde colocaram sob pressão os contratos de hospitais com fornecedores de TI, laboratórios, clínicas parceiras e plataformas digitais. A preocupação é proporcional ao risco: dados de pacientes são sensíveis, circulam por múltiplos sistemas e demandam controles de acesso rigorosos e trilhas de auditoria confiáveis. Em um ambiente interconectado, o contrato passa a ser também um instrumento de segurança.
O que está entrando na mesa de revisão
Advogados consultados relatam revisões de cláusulas de proteção de dados, métricas de segurança e planos de resposta a incidentes, com atenção especial aos prazos de notificação e à transparência sobre suboperadores. Em relações com prontuário eletrônico, a exigência de logs detalhados - quem acessou, quando, com qual finalidade e sob qual autorização - ganha status de requisito mínimo. A mensagem é que governança clínica depende de governança contratual.
A leitura de quem vive a operação
Para Henrique Flôres, cofundador da Contraktor, a pauta deixou de ser apenas regulatória.
"Quando o hospital digitaliza o cuidado, o jurídico precisa digitalizar a governança. Sem cláusulas claras e métricas de segurança com fornecedores, o risco jurídico vira risco assistencial", afirma.
O CEO Bruno Doneda chama atenção para o custo da indisponibilidade:
"Cada hora de sistema indisponível tem preço. Contratos que exigem evidências - logs, indicadores e prazos de resposta - são decisões de eficiência, não só de compliance."
Efeitos práticos para escritórios e departamentos jurídicos
O movimento mais citado envolve a criação de inventários de contratos ligados ao tratamento de dados de pacientes, a revisão de políticas de assinatura por criticidade de documentos clínicos e a formalização de comitês de resposta a incidentes com responsabilidades contratuais definidas entre hospital e fornecedores. A heterogeneidade entre instituições é grande, mas a direção é nítida: contratos espelham cada vez mais as exigências da LGPD e das normas profissionais.
Perspectiva
Seja por pressão regulatória, seja por risco operacional, a revisão contratual na saúde tende a se consolidar como rotina. O hospital que transforma cláusulas em métricas e responsabilidades mensuráveis ganha previsibilidade clínica e financeira - e reduz a chance de aprender segurança no centro da crise.





