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Superação

Superação e coragem: A ascensão de um gari à carreira de advogado

Eduardo Favaro conciliou coleta de lixo, faculdade e estágio até conquistar a carteira da OAB e iniciar carreira no Direito do Trabalho.

Da Redação

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Atualizado às 06:38

A trajetória de Eduardo Favaro, 31, é daquelas que parecem ficção, mas não são. Morador do Paraná e então gari da Prefeitura de Maringá, ele reencontrou o caminho dos estudos aos 20 anos, concluiu o ensino médio pelo Enem, conquistou bolsa pelo Prouni e decidiu cursar Direito praticamente sem saber se aquela era, de fato, sua estrada.

Hoje advogado trabalhista, Eduardo relembra, em entrevista ao Migalhas, a rotina exaustiva que levava durante a graduação, o preconceito que enfrentou nas ruas enquanto trabalhava como gari e a força que encontrou no apoio dos colegas e da família.

Confira a entrevista:

Da vassoura ao Vade Mecum

Eduardo interrompeu os estudos na adolescência para trabalhar, cenário comum a muitos jovens brasileiros de baixa renda. Em 2018, já aprovado em concurso público, iniciou o trabalho como gari, primeiro varrendo ruas, depois na coleta de lixo.

Ao saber que concluir o ensino médio geraria um adicional salarial, decidiu prestar o Enem. Tirou uma nota acima do esperado e finalizou a escolaridade. No ano seguinte, inscreveu-se no Prouni "sem muita pretensão" e acabou selecionado para três cursos: farmácia, biologia e direito. Escolheu Direito por eliminação.

O impacto do primeiro ano na faculdade foi imediato, mas foi no estágio que surgiu a certeza profissional. Para conciliar tudo, montou uma rotina quase sobre-humana: começava a trabalhar às 6h, saía por volta das 13h, corria para o estágio e depois seguia para as aulas à noite.

Quando o horário da coleta passou a conflitar com o estágio, trocou tudo de lugar. Passou a estudar pela manhã, estagiar à tarde e trabalhar das 17h às 2h da manhã.

Segundo ele, foram anos sem finais de semana livres, com estudos no intervalo do trabalho, cansaço constante e a exaustão física e mental típica de quem tenta, ao mesmo tempo, sobreviver e transformar a própria realidade.

Quase, mas não desistiu

Eduardo admite que pensou em desistir "várias vezes", especialmente na pandemia, quando trancou o curso por seis meses. Assistir às aulas online após jornadas que terminavam de madrugada tornou-se quase impossível.

A diferença veio do apoio, tanto da mãe quanto dos colegas de trabalho, que o tratavam com orgulho: "Esse aí é meu advogado", recorda. "Foi um sonho que começou sendo dela e virou meu também", diz sobre a mãe.

 (Imagem: Arquivo pessoal)

Eduardo Fávaro, advogado de 31 anos, que trabalhou como gari para custear a graduação em Direito.(Imagem: Arquivo pessoal)

Empatia

Ele conta que a experiência na coleta de lixo moldou sua forma de atuar no Direito do Trabalho. Ver de perto a dificuldade de quem ganha pouco, trabalha muito e tem direitos desrespeitados transformou sua visão profissional.

"A gente passa a enxergar o trabalhador como pessoa, não como número", afirma.

Também lembra, com tristeza, do preconceito sofrido durante o trabalho, quando, sob chuva e frio, ouviu um motorista gritar que ele "nunca deixaria de ser lixeiro".

Hoje advogado e especialista em Direito do Trabalho, Eduardo atua em escritório e tem dois projetos paralelos: abrir sua própria banca e, a longo prazo, ingressar no Ministério Público do Trabalho, carreira para a qual já estuda.

A mensagem que deixa

Para estudantes que enfrentam dificuldades financeiras, emocionais ou estruturais, Eduardo deixa um recado direto. Ele reconhece o peso de conciliar estudo e sobrevivência: "é muito difícil, no fim do mês, pagar a faculdade e não sobrar dinheiro para mais nada". Nessas horas, admite a ideia de desistir, mas afirma que o esforço é recompensador.

"Conhecimento liberta. É o maior patrimônio que alguém pode ter. Não desista. Vá no seu ritmo, mas não desista."

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