Advogado alerta que aumento do FOT pode inviabilizar projetos no RJ
Segundo Vinícius Cavalcanti, sócio do Martinelli Advogados, o PL 6.034/25 impacta os contribuintes que usufruem de benefícios fiscais de ICMS, elevando a alíquota do FOT de 10% para 20% em 2026, e alcançando 60% em 2032.
Da Redação
quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
Atualizado às 11:43
O polêmico PL 6.034/25, de autoria do Executivo, que promove mudanças significativas na alíquota do FOT - Fundo Orçamentário Temporário, foi aprovado pela Alerj - Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro no último dia 2/12, dobrando a taxação de 10% para 20% já em 2026 e escalonando até 60% em 2032, último ano do período de transição da reforma tributária.
Na avaliação de Vinícius Cavalcanti, sócio do escritórioMartinelli Advogados, o aumento do FOT trará impactos significativos às empresas, especialmente à indústria de Óleo e Gás, que perderá competitividade e investimentos de longo prazo no Estado.
"Esse aumento no custo tributário, notadamente pela compressão dos incentivos do setor, especificamente do REPETRO - benefício essencial para a indústria - gerará um impacto considerável, que pode, na prática, inviabilizar economicamente parte dos projetos de exploração e produção, inclusive nas áreas de pré-sal e nos campos maduros da Bacia de Campos", avalia o advogado.
Segundo Cavalcanti, a elevação do percentual do FOT, além de gerar uma enorme insegurança jurídica para os contribuintes fluminenses, compromete a previsibilidade tributária das empresas.
Em setores essenciais, como a indústria de Óleo e Gás - de capital intensivo, com planejamentos de longo prazo - o risco é enfraquecer a competividade do Estado e deslocar novos investimentos e operações para outros Estados.
O impacto se estende à competitividade do gás natural fluminense. O aumento do custo tributário da venda interna tornará a molécula produzida e consumida no Rio de Janeiro mais cara que a de outros Estados, perdendo a vantagem competitiva, inclusive para o uso como insumo em termoelétricas.
Adicionalmente, as indústrias correlatas, como as do plástico, lubrificantes e abastecimento de aeronaves, também terão sua competitividade reduzida, sob risco de migração de empresas e perda de postos de trabalho.
"A possibilidade de uma nova onda de contencioso judicial é uma grande apreensão para os setores afetados, já que a redução efetiva dos benefícios fiscais por meio do aumento do FOT, eleva a insegurança para os investimentos já realizados, podendo frear novas iniciativas e aportes diante do atual cenário de instabilidade jurídica", observa Cavalcanti.
Projeto integra um pacote fiscal focado em ampliar a arrecadação estadual
O texto aprovado na Alerj segue para o Palácio Guanabara para sanção do governador Cláudio Castro. A iniciativa integra um pacote fiscal mais amplo articulado pelo Executivo fluminense, com o objetivo de ampliar a arrecadação estadual e mitigar o déficit fiscal projetado em R$ 18,93 bilhões para 2026, em meio ao processo de transição da reforma tributária.
A alíquota do FOT, atualmente fixada em 10%, saltará para 20% já em 2026 (após o período de 90 dias para vigência) e será escalonada progressivamente. O cronograma prevê 25% em 2027, 27% em 2028, 30% em 2029, 40% em 2030, 50% em 2031 e 60% em 2032, último ano do período de transição da reforma.
O Executivo defende a medida como uma estratégia crucial para reequilibrar as contas públicas e garantir a sustentabilidade fiscal do Estado. Levantamentos de impacto da Subsecretaria de Política Tributária apontam que as alterações podem gerar um incremento de R$ 2,125 bilhões na arrecadação em 2026, com um aumento líquido de cerca de R$ 1,27 bilhão em relação à receita atual do FOT.
O PL 6.034/25 afeta de forma geral os contribuintes que usufruem de benefícios fiscais de ICMS, com um aumento de 10% para 20% em 2026, mas aqueles com benefícios fiscais condicionados terão um acréscimo fixado em 8,18%, totalizando 18,18% a título de compensação ao fundo.





