MIGALHAS QUENTES

  1. Home >
  2. Quentes >
  3. Um crime hediondo que foi o estopim para o fim da pena de morte no Brasil

Um crime hediondo que foi o estopim para o fim da pena de morte no Brasil

Da Redação

quinta-feira, 6 de março de 2008

Atualizado em 5 de março de 2008 14:23


Manuel da Mota Coqueiro

O acusado de mandar matar Francisco Bennedito da Silva e sua família, entrou para a história como o último condenado à morte que teve a pena executada no Brasil.

Após sua execução em 6 de março de 1855 por enforcamento, sua suposta inocência teria levado o imperador Dom Pedro II a comutar todas as sentenças de morte em penas perpétuas - galés ou prisão.

Mas, na realidade, Mota Coqueiro não foi o último homem livre executado no Brasil; depois dele, o imperador mandou executar ao menos quinze homens livres, entre 1855 e 1865: sete réus foram efetivamente executados, sobre cinco faltam informações, e três réus foram posteriormente aliviados da pena última. Mas não nos esqueçamos dos réus militares fuzilados, e de cerca de 30 escravos enforcados entre 1855 e 1876.

A execução de Coqueiro ocorreu às 2 horas da tarde e, segundo fonte de época, suas últimas palavras foram:

"O crime fez-se, porém eu sou inocente; peço perdão ao povo e à justiça, assim como eu perdoo de todo o meu coração."

Portanto, não teria fundamento a tradição segundo a qual teria jogado uma maldição sobre a cidade de Macaé, onde ocorrera a execução, que ela "teria 100 anos de atraso pela injustiça que estava sendo feita a ele". Seu corpo foi posto a pender no vazio e, como não se ouviu seu pescoço quebrar, o carrasco subiu nele colocando os pés em seus ombros e forçou até que se ouvisse o alto estalar da coluna vertebral se rompendo.

O último homem livre condenado à morte pela justiça civil que teve sua pena executada foi, provavelmente, pois não há notícias de que alguém o fosse depois, Antônio José das Virgens, enforcado em Brejo de Areia, Paraíba, em 8 de maio de 1861 (vide ALMEIDA, Horácio - Brejo de Areia - PB, UFPB, 1980).

Última execução capital

A última execução de pena de morte no Brasil ocorreu na cidade de Pilar, Alagoas, às onze e meia da manhã de 28 de abril de 1876. O sentenciado foi o escravo chamado Francisco, pertencente ao Dr. Joaquim Telésforo Ferreira Lopes Viana. Ele foi acusado de assassinar, juntamente com os também escravos Prudêncio e Vicente, o casal João Evangelista de Lima e Josefa Martha de Lima, proprietários do Hotel Central. O crime ocorreu em 28 de abril de 1874, dois anos antes da execução vide (LIMA Júnior, Félix - Última Execução Judicial no Brasil - Maceió: Edufal, 1979).

O patíbulo que serviu de palco para montagem da forca foi construído às vésperas do "ato de justiça". A escada de acesso ao estrado tinha 13 degraus, totalizando 1,80 m de altura. A trave de suporte da forca foi regulada de forma que, ao cair, o corpo ficaria pendurado em um nível um pouco acima dos olhos da platéia.

A rigor, houve várias execuções judiciais no Brasil, por enforcamento, tanto de escravos como de homens livres, entre os anos de 1855 e 1876. E até os últimos anos do império, o júri continuou a condenar à morte, ainda que, a partir desse ano de 1876, aí sim, o imperador comutasse todas as sentenças capitais, tanto de homens livres como de escravos. (vide RIBEIRO, João Luiz - No Meio das Galinhas as Baratas Não Têm Razão - A Lei de 10 de Junho de 1835 - Os Escravos e a Pena de Morte no Império do Brasil - 1822 - 1889' - Rio de Janeiro, Editora Renovar, 2005).

Sugestões bibliográficas

Sobre Mota Coqueiro vide: PATROCÍNIO, José - Mota Coqueiro ou a pena de morte, (RJ, Francisco Alves/SEEC, 1977 (1878)); TINOCO, Godofredo - Mota Coqueiro, a grande incógnita (RJ, Livraria São José, 1966); MARCHI, Carlos - Fera de Macabu, a história e o romance de um condenado à morte (RJ, Record, 1998); CARVALHO FILHO, Luís Francisco - Mota Coqueiro - o erro em torno do erro - in Revista Brasileira de Ciências Criminais - V. 33 - 2001.

___________

Patrocínio

CCM Advocacia de Apoio
CCM Advocacia de Apoio

Escritório Carvalho Silva & Apoio Jurídico. Fundado na cidade de Marabá pela advogada Regiana de Carvalho Silva, atua com proposito de entregar para cada cliente uma advocacia diferenciada, eficaz e inovadora. Buscamos através do trabalho em equipe construir dia após dia uma relação solida...

FREDERICO SOUZA HALABI HORTA MACIEL SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA

FREDERICO SOUZA HALABI HORTA MACIEL SOCIEDADE INDIVIDUAL DE ADVOCACIA

TORRES & SILVA SOCIEDADE DE ADVOGADOS LTDA
TORRES & SILVA SOCIEDADE DE ADVOGADOS LTDA

TORRES & SILVA SOCIEDADE DE ADVOGADOS LTDA