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Estátua de Álvares de Azevedo restaurada será reinaugurada amanhã, 29/4

Depois de toda uma história envolta da estátua imponente do poeta Álvares de Azevedo será reinaugurada após um minucioso trabalho de restauração. Com a ajuda do projeto "Adote uma Escultura", e graças à parceria firmada com a Associação de Antigos Alunos e com o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados o busto de um dos três poetas que passou pelas Arcadas foi restaurado.

Da Redação

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Atualizado em 28 de abril de 2009 13:50


Herma

Estátua de Álvares de Azevedo restaurada será reinaugurada hoje, 29/4

Depois de toda uma história envolta da estátua imponente do poeta Álvares de Azevedo será reinaugurada após um minucioso trabalho de restauração.

Com a ajuda do projeto "Adote uma Escultura", e graças à parceria firmada com a Associação de Antigos Alunos e com o escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados o busto de um dos três poetas que passou pelas Arcadas foi restaurado.

Com isso, o Centro Acadêmico "XI de Agosto" não apenas cumpre uma de suas mais antigas promessas, como também dá um passo importante rumo a valorização histórico-cultural de um patrimônio relevante da Cidade de São Paulo. Sendo assim, a 107ª Diretoria do Centro Acadêmico convida a todos para participarem da inauguração da obra restaurada de Álvares de Azevedo, hoje, 29/4, as 19h, no Parlatório do Largo de São Francisco.

(Para visualizar melhor clique aqui ou sobre a imagem)

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Das Arcadas para a praça da República. Da praça para as Arcadas.

No início do século passado, o Centro Acadêmico "XI de Agosto", entidade que representa os estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, decidiu homenagear com bustos de bronze os três poetas das Arcadas. Para tanto, organizou um evento na Sala dos Estudantes com o então jornalista Euclides da Cunha, a fim de arrecadar verbas para a construção dos referidos bustos. O dinheiro, entretanto, só foi suficiente para o primeiro busto, de Álvares de Azevedo. Assim, quando se finalizou a construção da herma em questão, m 1907, o Centro Acadêmico decidiu doar a obra para a Prefeitura do Município de SP. O busto, por sua vez, foi instalado na Praça da República.

Apesar da reclamação dos estudantes de que o busto de Álvares estava maltratado, ele permanecia ali, na praça da República. Permanecia. No trespassar do último dia 20 para o dia 21 de maio, em plena madrugada, durante o que se denominou a "Virada Cultural de SP", os estudantes colocaram um ponto final no imbróglio sobre se a estátua deveria, ou não, ir para o Largo de S. Francisco.

Com efeito, em mais uma estudantada, os acadêmicos postaram-se diante da herma de Álvares de Azevedo. Mas não para a tradicional cantoria. Eles queriam levá-lo ao que eles que chamam de berço do poeta, o Largo de S. Francisco. E, de fato, foi o que fizeram.

Segundo os alunos foi uma medida histórica e também necessária por causa da má conservação em que a estátua se encontrava.

Presenças na reinauguração

A reinauguração contará com a presença da Literária Lygia Fagundes Telles, do professor Eduardo Vitta Marchi, do professor Dalmo de Abreu Dallari, além do presidente da Associação dos Antigos Alunos José Carlos Madia.

O poeta das Arcadas

Álvares de Azevedo (Manuel Antônio A. de A.), poeta, contista e ensaísta, nasceu em São Paulo em 12 de setembro de 1831, e faleceu o Rio de Janeiro, RJ, em 25 de abril de 1852. Patrono da Cadeira n. 2 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Coelho Neto. Era filho do então estudante de Direito Inácio Manuel Álvares de Azevedo e de Maria Luísa Mota Azevedo, ambos de famílias ilustres. Segundo afirmação de seus biógrafos, teria nascido na sala da biblioteca da Faculdade de Direito de São Paulo; averiguou-se, porém, ter sido na casa do avô materno, Severo Mota. Em 1833, em companhia dos pais, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 40, ingressou no colégio Stoll, onde consta ter sido excelente aluno. Em 44, retornou a São Paulo em companhia de seu tio. Regressa, novamente ao Rio de Janeiro no ano seguinte, entrando para o internato do Colégio Pedro II.

"Poetas! amanhã ao meu cadáver
Minha tripa cortai mais sonorosa!...
Façam dela uma corda e cantem nela
Os amores da vida esperançosa!
Cantem esse verão que me alentava...
O aroma dos currais, o bezerrinho,
As aves que na sombra suspiravam,
E os sapos que cantavam no caminho!"

Trecho de "O poeta moribundo"

Em 1848 matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde foi estudante aplicadíssimo e de cuja intensa vida literária participou ativamente, fundando, inclusive, a Revista Mensal da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano. Entre seus contemporâneos, encontravam-se José Bonifácio (o Moço), Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães estes dois últimos suas maiores amizades em São Paulo, com os quais constituiu uma república de estudantes na Chácara dos Ingleses. O meio literário paulistano, impregnado de afetação byroniana, teria favorecido em Álvares de Azevedo componentes de melancolia, sobretudo a previsão da morte, que parece tê-lo acompanhado como demônio familiar. Imitador da escola de Byron, Musset e Heine, tinha sempre à sua cabeceira os poemas desse trio de românticos por excelência, e ainda de Shakespeare, Dante e Goethe. Proferiu as orações fúnebres por ocasião dos enterros de dois companheiros de escola, cujas mortes teriam enchido de presságios o seu espírito. Era de pouca vitalidade e de compleição delicada; o desconforto das "repúblicas" e o esforço intelectual minaram-lhe a saúde. Nas férias de 1851-52 manifestou-se a tuberculose pulmonar, agravada por tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, um mês antes. A dolorosa operação a que se submeteu não fez efeito. Faleceu às 17 horas do dia 25 de abril de 1852, domingo da Ressurreição. Como quem anunciasse a própria morte, no mês anterior escrevera a última poesia sob o título "Se eu morresse amanhã", que foi lida, no dia do seu enterro, por Joaquim Manuel de Macedo.

Entre 1848 e 1851, publicou alguns poemas, artigos e discursos. Depois da sua morte surgiram as Poesias (1853 e 1855), a cujas edições sucessivas se foram juntando outros escritos, alguns dos quais publicados antes em separado. As obras completas, como as conhecemos hoje, compreendem: Lira dos vinte anos; Poesias diversas, O poema do frade e O conde Lopo, poemas narrativos; Macário, "tentativa dramática"; A noite na taverna, contos fantásticos; a terceira parte do romance O livro de Fra Gondicário; os estudos críticos sobre Literatura e civilização em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla, além de artigos, discursos e 69 cartas.

Preparada para integrar As três liras, projeto de livro conjunto de Álvares de Azevedo, Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães, a Lira dos vinte anos é a única obra de Álvares de Azevedo cuja edição foi preparada pelo poeta. Vários poemas foram acrescentados depois da primeira edição (póstuma), à medida que iam sendo descobertos.

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Leia mais

  • 7/1/09 - Restauro e manutenção da herma do poeta Álvares de Azevedo- clique aqui.
  • 26/5/06 - XI de Agosto resgata estátua de Álvares de Azevedo da Praça da República em SP e a transporta para o Largo São Francisco - clique aqui.
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