Temporada de solturas

30/4/2017
José Renato M. de Almeida

"Parece que o forte impacto da proposta para fornecer informações detalhadas à Lava Jato, feita pelo ex-todo-poderoso dos governos do PT Antônio Palocci, nos instantes finais de seu depoimento ao juiz Sérgio Moro, resultou na temporada de solturas de condenados ilustres, muito próximos dos poderes da República. Na terça-feira 25, a 2ª turma do STF revogou a prisão domiciliar de José Carlos Bumlai, réu condenado a nove anos e 10 meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro. No mesmo dia, a 2ª turma revogou também a prisão de João Claudio Genu, réu condenado a oito anos e oito meses pelo juiz Sérgio Moro por 11 crimes de corrupção e associação criminosa. Na sexta-feira 28, o ministro Gilmar Mendes manda soltar da prisão o empresário Eike Batista, que agora ficará em prisão domiciliar. E a defesa de José Dirceu aguarda o julgamento pelo mesmo STF, do pedido de habeas corpus nessa primeira semana de maio. O argumento usado pelos ministros contrários à manutenção das prisões é de que a fase de instruções dos processos fora concluída e sua documentação estava em segurança, não havendo risco de destruição de provas e de obstrução da Justiça. Não foram consideradas por esses ministros a abrangência e a complexidade dos crimes investigados pela Lava Jato. São crimes que revelam as entranhas da corrupção na cúpula da governança do país e as conexões entre elas. Ao desconsiderarem os argumentos do ministro Edson Fachin, os ministros contrários à prisão acenam aos demais presos de que eles não precisam fazer delação nem contribuir para o esclarecimento de crimes cujas investigações ainda estão em andamento. Espero que a sociedade brasileira seja considerada e defendida pelos Tribunais Superiores, dos criminosos que trouxeram o país a esse caos moral, econômico, político, social e se dê uma chance à reconstrução do Brasil que todos queremos: livre, limpo, justo, verdadeiro, competente."

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